Dívida de cooperativa que fechou em Muzambinho começou em 2016 com 15 mil sacas de café

Segundo o empresário, a dívida começou quando ele desfez a sociedade que fundou a Central do Café, em 2004, e criou a Coocem, em 2010.

Dívida de cooperativa que fechou em Muzambinho começou em 2016 com 15 mil sacas de café
Produtores se reuniram com dono de cooperativa - Foto: Arquivo Pessoal

A dívida da Cooperativa Central de Muzambinho Ltda. (Coocem), que este mês fechou as portas, deixando centenas de produtores de café sem informações sobre seus produtos, começou em 2016, com 15 mil sacas de café, o que representa mais de R$ 37,5 milhões, na cotação atual.

A informação foi dada pelo empresário Creucio Carlos de Oliveira, dono da Coocem e do Armazém Central do Café, em reunião com produtores lesados, na segunda-feira (24), em Muzambinho.

Segundo o empresário, a dívida começou quando ele desfez a sociedade que fundou a Central do Café, em 2004, e criou a Coocem, em 2010.

“Essa foi a dívida que eu assumi em 2015, início de 2016: 15 mil sacas, gente. E eu tenho todo o tempo tentado para não deixar a empresa fechar”, afirmou.

Ele disse que a situação foi agravada porque o controle das informações estava na mão de terceiros e por safras que deram prejuízo.

“Nós sofremos ainda com um programa nosso que estava na mão de um terceiro, tinha o controle, e fomos migrando desse programa para outro que nós temos atualmente e nós ficamos um pouco trabalhando no escuro, tivemos anos que deram prejuízo, se eu não me engano, foi 2022 ou 2023”, disse na reunião.

A cooperativa tinha negócios com cerca de 380 pequenos e médios produtores. De acordo com informações passadas na reunião, quando foi fechada, a empresa tinha cerca de 4.680 sacas de café na filial de Nova Resende, 1.781 sacas em Monte Belo, 9.081 sacas em Muzambinho e 150 sacas em Cabo Verde.

O empresário informou aos produtores que pretende usar bens pessoais para pagar as dívidas, mas não apresentou um plano de pagamento, afirmando que depende das vendas.

“Esse bem, por exemplo, paga 30% da dívida. Todo mundo vai receber 30% da dívida, a partir do momento que vendeu esse bem. Entendeu? Vendeu outro bem, representa 15%, mais 15%. Se nós conseguirmos vender os bens até a safra, todo mundo vai receber na safra”, disse.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Muzambinho, Cleber de Oliveira Marcon, a reunião não apresentou uma solução para os produtores.

“A reunião nos causou algumas surpresas como a quantidade de sacas que eram para conter dentro do armazém, mais de 15 mil. Foi dito pelo proprietário a questão dos bens, mas a gente esperava que já tivesse um posicionamento melhor por parte dele, a questão da disponibilidade desses bens para o pagamento do produtor o mais rápido possível, garantindo que o produtor possa receber pelo menos uma parte desse café que estava armazenado”, afirmou.

O Sindicato orienta que os produtores lesados façam boletim de ocorrência e deixem explícito se sabiam qual era a sua situação na cooperativa - de cliente ou cooperado.

De acordo com o advogado Roberto Guelere, que representa cerca de 20 produtores, eles estão apreensivos porque não sabem se irão receber todo o valor que têm direito.

"Os bens são de muitos valores, mas não é o suficiente. A esperança dos produtores é receber, mas pela fala dele ontem [na reunião], se ele vendesse todos os bens, ele pagaria R$ 1,5 mil a saca. Seria um prejuízo de mais de mil reais para cada saca", afirmou.

 

Fonte: G1