Mães de pacientes com diabetes relatam dificuldades para conseguir insulina pela rede pública de Guaxupé
Uma delas chegou a dizer que atendentes “deram risadas” quando foi tentar retirar o medicamento, além disso, foi ignorada pelo responsável da farmácia.
A reportagem do Noticiantes recebeu alguns relatos de mães de pacientes que tratam diabetes estão tendo dificuldades em retirar medicamentos na farmácia municipal de Guaxupé. Uma delas chegou a dizer que atendentes “deram risadas” quando foi tentar retirar o medicamento, além disso, foi ignorada pelo responsável da farmácia.
O primeiro relato que chegou é de uma mãe com um filho de 21 anos e há 14 precisa fazer uso de insulina. Na última quarta-feira (19), ela chegou a ir na farmácia da prefeitura e foi informada que o medicamento Novorapid estava em falta. Este medicamento é uma insulina aplicada por uma espécie de caneta com ação rápida, utilizada por pacientes que não produz insulina suficiente para controlar o nível de açúcar no sangue.
“Foi uma luta conseguir, tive que ir atrás do prefeito onde nunca fui ouvida, nunca tive apoio, assim como outras mães. O único que estendeu a mão a apoiar foi o Francis que na época era vereador da cidade, então consegui a insulina, sempre tinha lá na farmácia da prefeitura, e ontem quando fui buscar não tem a insulina novamente, onde foi me dado um monte de papel para o médico que faz acompanhamento com meu filho preencher e ter que esperar 60 dias para ver se e aprovado”, disse a mãe.
A mãe disse que questionou a atendente da farmácia o porquê da falta do medicamento e teve a resposta que o laboratório que fornecia subiu o preço e a prefeitura não quer pagar o preço atual.
“Essa mesma situação que foi dada ontem, foi a mesma de ano atrás, o que nós temos culpa desse acontecido? Como esperar todo esse tempo para chegar, sem insulina nossos filhos vão a óbito, desculpa a dura palavra, mas é isso que acontecerá. Para um diabético tipo 1, o pâncreas não produz mais insulina e precisa dela injetável para viver”, desabafou a denunciante.
O diabetes tipo 1, assim como o tipo 2, é caracterizado pelo excesso de glicose (açúcar) no sangue, o que desencadeia uma série de complicações no organismo. Mas, nesse caso, a doença surge em geral na infância e na adolescência, traz sintomas como vontade urinar e perda de peso e tem origem autoimune. Ou seja, as próprias unidades de defesa do corpo passam a destruir o pâncreas, responsável pela produção de insulina. O tratamento, portanto, sempre envolve a reposição desse hormônio.
O filho da denunciante utiliza duas canetas por mês, quando não consegue pela rede pública municipal precisa tirar do próprio bolso. Segundo ela, pelo cadastro no programa Farmácia Popular, do Governo Federal, o medicamento custa R$ 43,00. Já quem não possui o cadastro a insulina chega a custar R$ 63,00.
Além da falta do medicamento, a mãe denunciou a falta de médico endocrinologista pelo município. “Esse é outro problema que enfrentamos, tem endocrinologista em Alfenas, mas aqui mesmo não temos”.
O ex-vereador Francis fez uma publicação em suas redes sociais denunciando a situação. Procurado pela reportagem, relatou que já recebeu cerca de quatro denúncias do mesmo teor.
De uns três meses para cá, uma outra mãe vem enfrentando dificuldades para retirar os medicamentos para seu filho de 15 anos, ele possui diabetes tipo 1. Mesmo com um processo na Justiça contra o Estado e Município para o fornecimento dos medicamentos de alto custo, ela denúncia que atendentes da Farmácia Central de Guaxupé vem embaraçando a retirada.
“Cada mês eles estão pedindo para atualizar uma informação. Como exemplo: documento, os laudos médicos, as receitas atualizadas. Até aí tudo bem, acho que é procedimento normal que não foge da situação do processo. Porém, eu tinha atualizado em dezembro. Aí eu fui buscar a insulina, na quinta-feira passada, me deram só a Tresiba e a de correção que usa de duas em duas horas não me deram. Disseram que eu tinha que entrar com um novo processo e falei que tinha coisa errada”, relatou a mãe denunciante.
De acordo com a mãe, caso fosse comprar por conta própria teria gastos na faixa dos R$ 1.400 por mês.
“Falaram que eu tinha que entrar com um processo contra um município, aí eu falei gente eu já tenho esse processo não tem como eu entrar de novo e pedi para olharem na pastinha dele. Foram lá olharam, inclusive as atendentes deram até risada da situação, não sei se foi de mim que riram porque eu estava bem nervosa. Já na quinta-feira eu subi na defensoria pública a moça falou para pegar três orçamentos, na segunda você já me traz a receita atualizada. Eu voltei na farmacinha na segunda-feira para eles me explicarem o que estava acontecendo. Cheguei lá pedi para falar com o responsável para explicar a situação, porque meu filho não pode ficar sem insulina e eu não tenho condições de ficar comprando. A pessoa responsável não quis me atender mandou uma moça, a mesma de quinta-feira, viu que eu estava um pouco alterada, veio e falou que a insulina do meu menino estava lá, porém, não me deram todas de novo”.
O Noticiantes tentou contato com a Prefeitura de Guaxupé, por meio da assessoria de comunicação, mas não teve retorno até o fechamento desta matéria.
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