Diretora de Vigilância em Saúde, Ana Raquel Lenci, fala sobre situação e ações contra a dengue em Guaxupé

Noticiantes: Qual é o cenário atual da dengue em Guaxupé? Há um aumento expressivo de casos nas últimas semanas?
Ana Raquel: A Divisão de Vigilância em Saúde trabalha com semanas epidemiológicas de acordo com o Ministério da Saúde. As semanas iniciam aos domingos e encerram aos sábados.
O acompanhamento do cenário epidemiológico é feito diariamente pela vigilância epidemiológica e vigilância em saúde ambiental, e, até a semana epidemiológica 14, o município apresentava 533 casos confirmados para dengue. É esperado no país que entre abril e maio ocorra um aumento nos casos, porém depende muito das condições climáticas. Se tivermos temperaturas muito altas, muita chuva, o pico pode acontecer. Se ocorrer o contrário e a temperatura cair, pode ser que o cenário mude completamente.
Noticiantes: A cidade está enfrentando um surto ou epidemia de dengue neste momento? E qual é o cenário que classifica uma epidemia?
Ana Raquel: Cada um desses termos carrega significados específicos que se referem ao modo como doenças infecciosas se espalham e afetam populações ao redor do mundo. Entender essas diferenças é crucial para apreender a magnitude dos desafios enfrentados pelas comunidades e pelo poder público. Um surto ocorre quando há um aumento inesperado na quantidade de casos de uma determinada doença em uma área específica, durante um período de tempo definido. Porém, apesar de sua aparente limitação geográfica, podem representar um sério risco à saúde se não forem prontamente identificados e controlados. Para se falar em epidemia exige, inicialmente, compreender a sua definição: o aumento repentino no número de casos de uma doença acima do que é normalmente esperado naquela população, em uma área mais ampla e de limites imprecisos – diferente do surto, restrito a uma área limitada. Assim, conclui-se que os casos de arboviroses são esperados no período sazonal, que no Brasil ocorre de outubro a maio.
Noticiantes: Quais ações a Secretaria Municipal de Saúde está realizando atualmente? Há campanhas educativas ou mutirões de limpeza em andamento? Como a população tem participado?
Ana Raquel: A Divisão de Vigilância em Saúde trabalha durante todo o ano ações de combate e prevenção às arboviroses. Dentro do calendário de ações, são realizadas palestras educativas nas escolas e empresas para conscientização da população. Ações de mobilização social são produzidas através da diretoria de comunicação do município com divulgação em rádio, TV e canais oficiais da prefeitura, sem contar que durante todo o ano os agentes de combate às endemias (ACE) fiscalizam os quase 40 mil imóveis, com o objetivo de eliminar focos e conscientizar os moradores. Pontualmente, no período sazonal as ações são intensificadas, onde realizamos os mutirões de limpeza em bairros com maior acúmulo de materiais inservíveis que podem se tornar criadouros do Aedes Aegypti. O maior desafio encontrado pela Vigilância é a participação da população nas ações de prevenção. Muito se sabe sobre as maneiras de prevenção, porém muito pouco é feito. A exemplo, todo caso confirmado ou suspeito de alguma arboviroses é atendido pela vigilância em saúde ambiental através dos agentes de combate às endemias e, em 80% dos casos o foco é encontrado no imóvel do munícipe adoecido.
Noticiantes: Como a prefeitura está lidando com os bairros que apresentam maior incidência de casos? E quais são?
Ana Raquel: Os bairros com maior incidência de casos são trabalhados com ações de intensificação das visitas domiciliares dos ACE no serviço de solo, objetivando eliminar possíveis focos, além da realização de mutirão de limpeza e ações de bloqueio com aplicação de UBV Costal, seguindo todas as normas estabelecidas pelo ministério da saúde.
Noticiantes: Os agentes têm encontrado resistência dos moradores no trabalho de visitas nas casas?
Ana Raquel: De maneira geral, hoje os ACE tem conseguido executar suas ações intradomiciliares com mais facilidade. Porém, ainda existe quem recuse a visita, dificultando a completa inspeções nos bairros e o trabalho da equipe de campo.
Noticiantes: O que já se sabe sobre a morte da paciente de 39 anos no dia 4 de abril? Há suspeita concreta de que tenha sido causada por dengue? Qual é o procedimento de investigação adotado nesses casos? Quando deve sair o laudo confirmando ou descartando a dengue como causa da morte?
No dia 04 de abril, a divisão de vigilância em saúde tomou ciência, através da Santa Casa local, de um óbito ocorrido na instituição. As informações sobre o caso são tratadas com total responsabilidade. A investigação e conclusão seguem regras sérias de ética e sigilo, sendo repassadas apenas ao Ministério da Saúde e para familiar responsável.
Noticiantes: Que orientações você deixa para os moradores neste momento?
Ana Raquel: Para combater a dengue e outras arboviroses, as orientações principais envolvem prevenir a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus. Algumas medidas são essenciais e a população deve seguir:
1. Eliminar focos de água parada:
- Tampe caixas d'água e tonéis.
- Mantenha garrafas viradas para baixo.
- Não acumule água em pneus – guarde-os em locais cobertos e secos.
- Limpe calhas e ralos com frequência.
- Esvazie e escove vasos de plantas com água (ou use areia no prato).
- Troque a água de animais diariamente, lavando o recipiente.
2. Cuidar dos espaços internos e externos:
- Verifique quintais, lajes, calhas e jardins com frequência.
- Não jogue lixo em terrenos baldios.
- Tampe bem o lixo doméstico e evite acúmulo.
3. Ajude a conscientizar outras pessoas:
- Converse com vizinhos, familiares, em escolas, igrejas, etc.
- Incentive a vigilância coletiva no bairro ou comunidade.
4. Fique atento e procure atendimento médico se surgirem sintomas como:
- Febre alta;
- Dor de cabeça intensa;
- Dor atrás dos olhos;
- Dores no corpo e articulações;
- Manchas na pele.
Lembre-se o combate ao mosquito é dever de todos!
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