Polícia Civil abre inquérito para investigar falas preconceituosas de professora durante aula em Muzambinho

Falas racistas e capacitistas geraram revolta durante fala de professora em aula de "Humanidades". O fato aconteceu na Escola Estadual Professor Salatiel de Almeida.

Polícia Civil abre inquérito para investigar falas preconceituosas de professora durante aula em Muzambinho
Tudo aconteceu na Escola Estadual Professor Salatiel de Almeida - Foto: Reprodução/Google Street View

A Polícia Civil abriu inquérito para investigar falas preconceituosas que uma professora fez em sala de aula em uma escola estadual de Muzambinho. Na manhã desta sexta-feira (1º), pais e alunos se reuniram em frente à unidade para protestar.

Tudo aconteceu na Escola Estadual Professor Salatiel de Almeida. Segundo os alunos, essa situação acontece há um bom tempo. Em uma delas, alunos gravaram as falas da professora durante uma aula da disciplina de "Humanidades".

No áudio, ela fala de cor, raça, pessoas obesas e até deficientes.

"Hoje é muito modinha falar de racismo... porque o preto é feio, entre aspas, vamos colocar assim? Não! Porque tudo que é bonito é exaltado. ‘Cê’ tá entendendo? Tudo o que é bonito é exaltado", diz a professora.

E ela continua:

"Se fosse... A gente acha que é preconceito, por exemplo, gordo: gordura é feio. Tem pessoas mulatas que são bonitas, tem uns negros muito bonitos, mas você vai ver os 'traço' não ajuda, o cabelo não ajuda, entendeu? Então assim... 'cê' tem isso daí.. o deficiente, a pessoa que é deficiente, é bonito cê ver uma pessoa deficiente?", disse o trecho que circula nas redes sociais.

Esse vídeo foi gravado na última segunda-feira, dia 28 de agosto, durante uma aula de humanidades com alunos do Ensino Médio.

Segundo os alunos, essa realidade acontece já há algum tempo. Com toda essa situação, os alunos procuraram a Polícia Civil, que abriu um inquérito para apurar a história.

O delegado que está com o caso, Adnan Cassiano Grava, disse que todas essas condutas serão apuradas com toda seriedade e que, por agora, é prematuro tirar qualquer juízo de valor.

Pelo menos 10 depoimentos estão previstos, entre alunos e professores. Na quinta-feira (31), três estudantes foram ouvidos. O delegado já pediu para a escola o histórico da professora e se já foram registradas reclamações no passado ou procedimentos disciplinares.

A Polícia Civil ressaltou que o caso é tratado com cautela, responsabilidade e sigilo até o fim dos procedimentos. Por enquanto, a professora não foi ouvida.

O que diz a Secretaria de Educação

A Secretaria Estadual de Educação disse em nota que já recebeu a informação e que assim que a coordenação da escola tomou conhecimento dos relatos dos estudantes, mandou uma equipe do serviço de inspeção escolar até o local para apurar os fatos.

A secretaria também disse que todos os envolvidos estão sendo ouvidos e que a direção da escola está colaborando com a Polícia Civil para averiguar os fatos.

Por fim, a secretaria reforça na nota que repudia qualquer conduta que "possa ferir princípios irrevogáveis da dignidade humana, como o respeito mútuo, que deve ser cultivado de forma irrestrita nas instituições de ensino".

A secretaria termina dizendo que visa a construção de uma cidadania saudável a todos no ambiente escolar, além de resguardar o direito de defesa dos envolvidos.

 

Fonte: Eptv/G1