QUARESMA TEMPO NECESSÁRIO PARA REORDENAR NOSSOS AFETOS

QUARESMA TEMPO NECESSÁRIO PARA REORDENAR NOSSOS AFETOS

Um gesto importante que nos introduz no tempo da quaresma é a imposição das cinzas em nossa cabeça. Este ritual das cinzas, significa “Lembre-se de que você é pó e ao pó voltará” (Gn 3,19).

Dado isto, Sejam Bem-Vindos, irmãos e irmãs a este Rito das Cinzas, neste tempo de Retiro Quaresmal, que nos faz adentrar na Quaresma. Quaresma "é o tempo de renunciar a palavras inúteis, conversinhas, fofocas, é tempo de dominar a língua, e se aproximar do Senhor. Claro, que você pode fazer jejum de comida, refrigerantes, carne vermelha, doces, chocolates, bebidas alcoólicas, cigarros e com isto, no final da Quaresma, com o dinheiro que você iria gastar e que você ajuntou, você vai ajudar alguém que tem fome.

 

Nesta Quaresma de 2024, queremos nos perguntar? Quais possibilidades existem de você e eu mudarmos? Há um ditado popular muito perigoso, quando usado para justificar a falta de fé na possiblidade de as pessoas mudarem: “Pau que nasce torto, morre torto”, até as cinzas queimam tortas. A questão é que nenhum ser humano nasce “torto”, mas pode tornar-se “torto” a partir de atitudes erradas. Mas, que chance tem uma pessoa de mudar? Nós acreditamos que podemos mudar? Essa mudança depende de fatores externos ou de convicções internas?

 

Deus acredita na possibilidade que todo ser humano tem de mudar. Se não fosse assim, Ele não nos chamaria à conversão: “Voltai para mim com todo o vosso coração” (Jl 2,12).

 

Durante este período de quaresma, neste tempo favorável da graça de Deus, somos convidados por Jesus, para celebrar com santidade a Páscoa do Senhor, temos que viver o Tripé da nossa Caminhada Quaresmal, que é a Oração, Jejum e a Caridade. A relação com o próximo (caridade), a relação com Deus (oração) e a relação conosco mesmos (jejum). A relação com o próximo é retratada a partir da caridade porque o próximo é, o necessitado, alguém que precisa da nossa caridade. A caridade é um apelo para não perdermos a nossa sensibilidade social. Todo ser humano é nosso irmão.

 

A segunda relação que precisamos rever é aquela entre nós e Deus. Aqui se trata de rever a nossa vida de oração, prejudicada pela correria da vida moderna e pelas inúmeras solicitações das redes sociais. O conselho de Jesus – “quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto” (Mt 6,6).

 

A terceira relação que somos chamados a rever é aquela conosco mesmos. A prática do jejum? Porque o jejum é um exercício de autodomínio. Nós estamos nos tornando pessoas cada vez mais sem autodomínio, pessoas incapazes de dizer “não” aos seus desejos e ambições, além de nos tornarmos incapazes de lidar com frustrações. Nós acabamos abrindo mão da liberdade diante dos nossos instintos e permitimos que eles passassem a controlar a nossa vida.

Devemos fazer Jejum de não dizer nada que faça mal ao outro. De que serve a você não comer carne, se você devora o seu irmão?

O Papa Francisco nos lembra esta advertência de Jesus: “Por causa da maldade no mundo, o amor de muitas pessoas se esfriará” (Mt 24,12). É possível que você tenha esfriado no seu amor para com Deus e para com o seu semelhante. De tanto ver violência e injustiça no mundo, de tanto ver corrupção e impunidade em nosso país, é possível que o amor à verdade, à justiça, ao bem e à solidariedade esteja esfriando dentro de muitos de nós. E quando o amor se esfria dentro de nós, é sinal de que o mal está tomando conta do nosso coração. O Papa Francisco nos lembra de que, no livro “A Divina Comédia”, Dante Alighieri descreve o inferno como um lugar onde o diabo está sentado num trono de gelo. A maldade do diabo reina onde o amor esfriou.

Como é de costume a Igreja no Brasil realiza durante a Quaresma a Campanha da Fraternidade. O tema escolhido para a Campanha desse ano é: Fraternidade e amizade social e o lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Esse tema é bem propício para o atual momento em que vivemos mundialmente com suas guerras, fora a violência urbana em nossas cidades cada vez mais evidente e frequentes. A construção da paz depende de cada um de nós, amando o nosso semelhante, procurando viver bem e respeitando o próximo. A partir desse tema da Campanha da Fraternidade somos convidados a rezar pela paz.

A partir do tema da Campanha da Fraternidade deste ano, somos convidados a acolher aqueles que são diferentes de nós, ou seja, acolher aquele irmão ou irmã que tem algum tipo de deficiência, idosos, crianças e aqueles que tem um pensamento diferente do nosso. Sabendo acolher aquele que tem um pensamento diferente do nosso poderemos edificar o caminho da paz. Este tema inspirado no documento do Papa “Fratelli Tutti” nos questiona muito. Todos somos irmãos e, se vivemos nesse mundo, temos que aceitar e tratar bem uns aos outros. Não podemos abandonar os idosos e tratá-los mal, mas temos que cuidar dos idosos até o fim de suas vidas. Temos que cuidar das crianças educando-as no caminho do bem e ensinando os preceitos da fé, é das crianças que brotará o futuro da humanidade. Estamos num mundo em que o que mais falta é o diálogo, ao invés de dialogar, muitos partem para a guerra. Muitas nações brigam até mesmo por religião e fazem guerras em nome da religião. Meus irmãos, que a nossa atitude possa ser diferente e ao invés de brigar com aqueles que tem religião diferente de nós possamos nos abrir ao diálogo. Que todos sejam um como diz Jesus, e somente o diálogo pode construir a paz como diz o amado Papa Francisco. Uma Santa Quaresma e boa campanha da fraternidade para todos!