Caos no Pronto-Socorro de Guaxupé: demora, negligência, falta de humanização, CPI, má gestão e omissões no atendimento hospitalar alimentam revolta da população
O Pronto-Socorro de Guaxupé está no centro de críticas devido ao atendimento precário e falta de humanização, com relatos de longas esperas, dificuldades em exames e casos de negligência. Entre as denúncias, estão as mortes de Franciele Luiza, após falha no atendimento, e Flávia Aparecida Fernandes, que sofreu complicações no parto. A Câmara Municipal aprovou uma CPI para investigar o hospital e a Secretaria de Saúde, focando na má gestão e uso indevido de verbas. A comissão já solicitou documentos e aguarda o relatório final.
Nos últimos anos, o Pronto-Socorro de Guaxupé tem se tornado alvo de uma enxurrada de críticas por parte da população devido ao atendimento deficiente e à falta de humanização. Pacientes relatam longas horas de espera, dificuldades no acesso a exames essenciais e, em alguns casos, negligência médica que resultou em tragédias. A crescente insatisfação culminou na aprovação de dois pedidos de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), unificados para investigar tanto o Pronto-Socorro da Santa Casa quanto a Secretaria Municipal de Saúde, com foco na gestão hospitalar.
A decisão de investigar os problemas do Pronto-Socorro foi tomada em julho deste ano, durante a 11ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal. A CPI foi aprovada para apurar denúncias de omissão, negligência e falta de transparência na aplicação de recursos municipais. O Pronto-Socorro, que recebe verbas públicas consideráveis, é acusado de não prestar contas adequadamente sobre a utilização desses fundos, especialmente em reformas e ampliações que pouco beneficiaram os usuários.
Denúncias Graves e Casos de Negligência
Entre as denúncias que serão investigadas pela CPI está o trágico caso de Franciele Luiza, jovem que morreu após atendimento inadequado. Mesmo com evidentes sinais de hemorragia após um acidente de moto, não recebeu a tomografia necessária. Sua morte, um dia após ser liberada sem exames, chocou a comunidade e gerou comoção nas redes sociais.
Outro caso alarmante é o da paciente Flávia Aparecida Fernandes da Silva, que perdeu a vida após complicações no parto. Relatos de familiares apontam que, mesmo com indicações médicas para uma cesárea de emergência, Flávia foi forçada a tentar o parto normal, resultando em uma cirurgia tardia e fatal. Seu bebê sobreviveu, mas foi transferido com sequelas graves, incluindo possível comprometimento neurológico.
Esses casos não são isolados. Várias outras denúncias sobre a má gestão hospitalar e a negligência médica estão sendo investigadas, inclusive o uso falho do protocolo de Manchester, especialmente em atendimentos noturnos.
Recursos Sem Transparência
Além das denúncias de atendimento precário, a gestão financeira do Pronto-Socorro é outro ponto crucial da CPI. A unidade recebeu, há dois anos, um tomógrafo avaliado em R$ 1,5 milhão, doado pelo Governo Estadual, mas o equipamento continua encaixotado, sem previsão de uso. A instalação do aparelho foi justificada pela falta de conclusão das obras necessárias, uma resposta considerada insatisfatória pelos vereadores e pela população.
Os repasses da Prefeitura de Guaxupé para o hospital também estão sob investigação, já que não houve prestação de contas detalhada sobre a aplicação desses recursos. A demora nas reformas e a falta de melhoria nos serviços prestados geram desconfiança sobre o destino dessas verbas.
Vereadores Unem Forças para CPI
A CPI está sendo conduzida por uma comissão formada pelos vereadores Maria José Cyrino Marcelino (Avante), Paulo Rogério Leite Ribeiro (Republicanos), Donizetti Luciano dos Santos (Avante), Leonardo Donizetti de Moraes (PSDB) e Marco Aurélio Sarrassini (UNIÃO). A comissão está prestes a concluir as investigações e apresentar um relatório com as conclusões e possíveis sanções.
A Câmara Municipal também convocará os responsáveis pelo pronto-socorro e pela Secretaria Municipal de Saúde para prestar esclarecimentos à população.
O vereador Paulo Rogério atualizou como anda os trabalhos da CPI na Câmara:
“Estamos tendo as reuniões semanais, já solicitamos documentos para a Secretaria de Saúde, para a Santa Casa e estamos analisando essa remessa que veio. Solicitamos também ao presidente da Câmara a contratação de uma auditoria e o mesmo já autorizou. Agora está nos trâmites internos para que isso aconteça. Nos próximos dias faremos audiência pública, além de termos já em mãos alguns depoimentos de pacientes relatando seus casos junto ao atendimento do pronto-socorro”.
Justiça e Esperança
Familiares de vítimas, como Flaviano Timóteo, pai de Flávia, esperam que a CPI traga respostas e, principalmente, justiça. “Minha filha perdeu a vida por um erro que poderia ter sido evitado. Isso não pode continuar. Outras famílias não podem passar pela dor que estamos enfrentando”, desabafou durante uma audiência pública. A ação judicial movida pela família de Flávia visa responsabilizar o município e o hospital pela perda irreparável.
A população de Guaxupé aguarda, ansiosamente, que a CPI traga à tona os responsáveis pelas falhas na gestão e que, finalmente, medidas sejam tomadas para garantir atendimento digno e humanizado no Pronto-Socorro.
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