ESCOLHER SER PASTOR NUM MUNDO DE MERCENÁRIOS E LOBOS

 Ninguém de nós veio ao mundo a passeio. Ninguém de nós nasceu para simplesmente desfrutar da vida, mas, sim, para doá-la. Na verdade, o sentido da vida não está em desfrutá-la, mas em doá-la. Como afirma o Papa Francisco, “todo ser humano foi chamado à vida para uma tarefa, e essa tarefa consiste em cuidar de algo ou de alguém” (Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações 2024). O verdadeiro pastor cuida das ovelhas que lhe foram confiadas, e não desfruta delas.

Enquanto o verdadeiro pastor dá a vida por suas ovelhas, para cuidar delas –, o mercenário não se importa com as ovelhas; seu interesse está no lucro que ele obtém ao “cuidar” das ovelhas.

A primeira pergunta que o Evangelho nos coloca é esta: quais são as ovelhas que a vida tem colocado sob os meus cuidados – filhos, pais, avós, subordinados no ambiente de trabalho, trabalho pastoral na minha paróquia? Uma ressalva importante: cuidar das ovelhas (filhos) nunca pode ser traduzido em superproteger, muito menos em acobertar erros. Cuidar não é apenas proteger, mas educar, formar o caráter, ensinar o filho a responsabilizar-se por suas atitudes.

Quando olhamos para o nosso mundo hoje, percebemos que a presença de mercenários é muito maior do que a de bons pastores. É cada vez menor o número de pessoas que se dedicam a trabalhos voluntários. A maioria das pessoas só se dispõe a fazer algo pelos outros que isto lhes trouxer algum tipo de ganho, de benefício. Em outras palavras, perde-se o senso de gratuidade.

O desejo de Jesus é que haja um só rebanho e um só pastor; “formar uma só família, unida no amor de Deus e interligada pelo vínculo da caridade, da partilha e da fraternidade” (Papa Francisco, Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações 2024). Como eu me relaciono com as pessoas de outras igrejas e outras religiões? Eu consigo dialogar com quem crê diferente de mim, mantendo-me firme nas minhas convicções?

Dado o exposto: quem orienta você quanto à vida? Nosso povo, “Pastam em campos envenenados”; “seguem falsos messias”; admiram pessoas que têm atitudes contrárias ao Evangelho e propagam contravalores; acham-se pessoas que enxergam, quando, na verdade, são cegos que se deixam guiar por outros cegos. Por isso, é importante perguntar sempre: Quem você segue nas redes sociais? Quem seu filho segue? Quem são as pessoas que mais têm seguidores hoje nas redes sociais? Elas são exatamente os pastores dos tempos atuais e aqueles que as seguem são suas ovelhas; seu gado! Quantos líderes aparentavam ser bons pastores, mas se revelaram mercenários?

Dentro do “rebanho” católico, hoje encontramos uma nova modalidade de “ovelhas”: as ovelhas mercenárias! São ovelhas que acreditam terem o poder de “domesticar” a Igreja por meio do dinheiro. Se a Igreja diz algo com o qual elas não concordam ou se não celebra a missa conforme elas exigem, fazem campanha nas redes sociais para boicotar o dízimo e as ofertas. São ovelhas diabólicas, que exigem uma Igreja domesticada, pastores domesticados, um Evangelho domesticado, um Jesus domesticado para atender aos seus interesses de católicos “conservadores”, “tradicionalistas”.     

O pastor verdadeiro não é somente aquele que protege e cuida, mas que também educa e corrige. Contudo, Jesus Bom Pastor era bravo, Ele falava a verdade? O que o ser humano hoje não quer? A verdade! Ser bom pastor tem que falar a verdade, para os seus paroquianos e amigos, familiares e filhos. As pessoas querem ouvir apenas o que elas querem. O que for bom para elas. O dia que você fala a verdade ou faz uma crítica para o bem, elas emburram, te cancelam, te condena, e se tornam inimigos imortais.  Mesmo assim sejam pastores verdadeiros, porque o errado é errado, mesmo que todo mundo esteja fazendo. O certo é certo mesmo que ninguém esteja fazendo.

POR FIM, O BOM PASTOR, O MERCENÁRIO E O LOBO: COM QUAL VOCÊ SE IDENTIFICA?