VIVER COMO PESSOA RESSUSCITADA!

VIVER COMO PESSOA RESSUSCITADA!

Esta epidemia do novo coronavírus não nos privou apenas dos afetos, mas também da possibilidade de vivenciarmos, mais uma vez, juntos, a festa mais importante da Igreja Católica que é a Páscoa. Claro que você vivenciará conosco estas celebrações pelas redes sociais em suas casas. “Mas o Senhor não nos deixa sós!”

A ameaça de contaminação pelo novo coronavírus nos esvaziou das nossas falsas seguranças e revelou que a vida não está sob o nosso controle, como pensamos que estivesse. Agora, temos que admitir que somos passíveis de adoecer, de sofrer e de morrer. Nem o dinheiro, nem a tecnologia, nem a ciência e nem mesmo a fé podem nos impedir de sermos atingidos pela morte. Nesta semana, voltemos nosso olhar para o nosso Senhor crucificado, lembrando que Ele “pela graça de Deus, provou a morte em favor de todas as pessoas” (Hb 2,9). Não nos esqueçamos: “Depois que Cristo morreu na cruz, toda situação, inclusive a mais frágil e trágica ou a aparentemente falimentar e maldita, pode tornar-se lugar e causa de salvação. Ou seja, se um crime horrendo foi o contexto histórico escolhido por Deus ou por meio do qual o Pai nos salvou, isso quer dizer que qualquer cenário histórico é ideal para se viver a própria história pessoal de salvação” (Amedeo Cencini).  

Portanto, a Semana Santa é uma grande história de amor, que não conhece obstáculos e nos dá a certeza de que nunca seremos abandonados nas provações da vida. Fala de misericórdia e até onde o amor de Deus por seus filhos pode chegar.

No século I (100) os cristãos não tinham outra festa a não ser a Celebração Semanal da Ressurreição do Senhor. No primeiro dia da semana (que os romanos chamavam “Dia do Senhor”), os cristãos costumavam reunir-se para ouvir a Palavra de Deus, para celebrar a Eucaristia, e nos primeiros anos, também para tomar a refeição em comum. Em seguida, todos voltavam para suas casas, despedindo-se uns dos outros até o domingo seguinte. Não tinham outras celebrações, além dessa. Não passou muito tempo, porém, e a Igreja percebeu a necessidade de dedicar um dia do ano para a comemoração dos acontecimentos culminantes da vida de Jesus, e por isso instituiu a Páscoa.

No século II (200), essa festa já estava difundida em todas as comunidades cristãs. Sendo, porém, que um único dia destinado para celebrar a ressurreição de Cristo parecia muito pouco, pensou-se em prolongar a alegria dessa festa para sete semanas, os 50 dias de Pentecostes, que deviam ser celebrações com alegria, porque, como dizia um famoso bispo chamado Irineu: “Estes dias são como que um único dia de festa, que tem a mesma importância que o domingo”.

Domingo de Ramos: segundo os relatos de uma peregrinação de Etéria, em Jerusalém, já existia no século IV, celebrava-se a entrada de Jesus na cidade. Os Ramos de Palmeiras significam a vitória de Jesus sobre a morte, pela ressurreição. Significam também que nos dispomos a segui-lo como o Servo que dá a vida na cruz. Levaremos estes ramos para casa. Devemos guardá-los num lugar visível durante todo o ano, para recordar nosso compromisso de seguir o Cristo num caminho de humildade e despojamento.

Para entrar na cidade, os reis ou generais vitoriosos entravam solenemente e eram aclamados. Nunca entravam a pé numa cidade, entravam a cavalo, pois ele era uma arma de guerra.

Jesus entra montado em um jumentinho, que era um animal do trabalho, animal de carga e de montaria. Jesus pretende ser um rei diferente dos líderes corruptos, um rei que serve e ama os perdedores.

Segunda-feira, terça-feira e quarta-feira nós chamamos de Paraliturgia, que acrescenta celebrações penitenciais, meditações das dores de Maria e procissões. No Brasil, essas procissões religiosas da Paraliturgia surgiram em 1949, onde a procissão é seguida por uma imagem. Procissão do Encontro: nesta procissão, levavam-se as imagens do Senhor e de Nossa Senhoras das Dores para oratório diferentes, onde ficam depositados até a procissão do encontro. Celebra-se o doloroso encontro de Maria com seu filho. Celebra-se as sete dores de Maria.

A missa do Lava-Pés, na Quinta-Feira Santa, marca o início do Tríduo Pascal, que representa para nós cristãos católicos, o PONTO CENTRAL DA NOSSA FÉ. A liturgia que abre o Tríduo Pascal coloca-nos dentro da dinâmica da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. O Tríduo Pascal é o nome dado para a composição dos dias finais da Semana Santa. Ela começa na quinta-feira e se encerra na véspera do Domingo de Páscoa. Sua celebração possui o propósito de recordar a essência da fé em Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou.

A pandemia do coronavírus ressuscitou em nós a consciência da morte. As doenças, os acidentes, as guerras e a violência em nosso mundo nos lembram que a morte pode nos atingir de várias maneiras, a partir de fora. Mas o problema principal é quando nós nos deixamos morrer a partir de dentro! Algumas pessoas, depois de serem atingidas por algum tipo de morte, reagiram e decidiram ressuscitar, enquanto outras se entregaram e se deixaram morrer. Nós conhecemos países ou cidades que, depois de serem destruídos por uma catástrofe, conseguiram se levantar e se reconstruir, assim como conhecemos pessoas que, depois de um acidente, depois de uma doença, de uma grande perda, aos poucos foram reagindo, retomando o desejo de viver e hoje estão “ressuscitadas” no meio de nós. Mas também conhecemos pessoas que, por muito ou por pouco, entregaram-se ao desânimo, ao fatalismo, e estão como que mortas no meio de nós. Como nos sentimos nesta Páscoa de 2021?  Mortos? Ressuscitados? Por fim, desejo-lhe uma abençoada e Santa Páscoa para você e os seus!

 

 

Padre Edson Alves.

Paróquia São José Operário de Guaxupé-MG.