Junto à Virgem Maria, no Céu, triunfarei!
A assunção de Maria é um dogma da nossa fé católica, definido pelo Papa Pio XII no dia 01 de novembro de 1950. A "assunção" de Nossa Senhora, vem nos falar que a Mãe de Jesus foi levada ao céu, ela não subiu por si mesma e sim, pelo poder de Deus!
Contudo, a Assunção de Maria e nossa Esperança e antecipação na Ressurreição. Estamos aqui de passagem, apenas para nos preparar para a eternidade. Com a celebração da Assunção, nossa Igreja crê na preservação do corpo de Maria após a morte, justamente pelo fato de que seu corpo foi escolhido por Deus para gerar o autor da Vida, Cristo. Assim como o corpo do Filho “não foi abandonado à região da morte”, “não conheceu a corrupção” (cf. At 2,26-31), assim cremos que o corpo da Mãe recebeu essa graça de ser recolhido por Deus no céu, após a sua morte, pois seu corpo foi o sacrário vivo que concebeu Jesus, vencedor da morte, Aquele por meio do qual “todos ressuscitarão”, “todos reviverão” (cf. 1Cor 15,21-22).
Aquela que foi elevada ao céu em corpo e alma não foi poupada de sofrimentos na terra. Maria jamais foi uma mulher “privilegiada”, no sentido de ter sido blindada por Deus contra os sofrimentos e as injustiças deste mundo. Pelo contrário, ela comungou da pobreza e da humilhação de inúmeras pessoas, pois ela mesma disse: “o Senhor olhou a pequenez/humilhação de sua serva” (Lc 1,48). A solenidade da Assunção de Nossa Senhora aos Céus, nos convida a refletir, sobre o sentido da nossa vida, o para “quê” viemos ao mundo e como devemos conduzir a nossa vida. Maria, nos ensina que só alcançaremos a nossa realização plena, se nos deixarmos conduzir pelo seu Filho Jesus.
Dado isto, devemos abraçar o combate que nos é proposto. Existem dois movimentos básicos: subir e descer. De segunda a sexta, as notícias nos falam das Bolsas de Valores do mundo: “Tal Bolsa subiu”, “Tal Bolsa caiu”; “As ações de determinada empresa subiram”, “As ações de determinada empresa caíram”. No campo pessoal, nós gostaríamos sempre de “subir” e nunca “cair”, mas a vida de todo ser humano tem momentos de subida e de descida, de caída.
Embora existam propagandas enganadoras a respeito de Deus como Aquele que quer você sempre subindo na vida, fazendo sucesso e prosperando, a Sagrada Escritura nos fala de Deus como Aquele que tanto pode nos levantar, como nos derrubar, se esse derrubar for necessário para nos corrigir, em vista da nossa salvação: “É o Senhor quem nos humilha e nos exalta” (1Sm 2,7); “Eu, o Senhor, abaixo a árvore alta e elevo a árvore baixa” (Ez 17,24). Enfim, como Nossa Senhora acabou de proclamar: “O Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor... Ele mostrou a força de seu braço... Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes” (Lc 1,49.51.52).
Manter-nos fiéis a Deus enquanto estamos surfando em cima da onda é muito fácil. O problema é quando somos derrubados pelo próprio Deus do trono da nossa arrogância, porque a nossa subida se deu por meio de métodos sujos, desleais e injustos. Sempre que a nossa subida nos tornar desumanos, presunçosos, nos achando melhores do que os outros, distantes dos que sofrem, colocando nossa segurança em nós mesmos, a vida irá nos derrubar: “Quanto mais alto, maior é a queda”. Ser derrubado do trono da nossa presunção é o único remédio amargo que pode nos salvar, porque nos devolve ao Deus que se fez humano, simples e humilde em seu Filho Jesus.
Ao celebrarmos a elevação de Maria em corpo e alma ao céu, nos recordamos de que não podemos querer subir na vida a qualquer preço, enquanto perdemos a nossa alma, excluindo-nos do céu.
Olhemos para a Leitura do Livro do Apocalipse de São João, que nos aponta a cena de Apocalipse 12. O dragão que para diante da mulher, que está para dar à luz, pronto para devorar o seu Filho logo que nasça (cf. Ap 12,4) é uma realidade concreta em nossos dias, pois a vida hoje é ameaçada de muitas formas. Mulheres que defendem o direito ao aborto, por exemplo, têm como lema “meu corpo, minhas regras”, um lema que ignora o filho que está sendo gerado.
Outro problema gravíssimo é o feminicídio. A cada duas horas, uma mulher é morta no Brasil. Esse “dragão” do feminicídio nasce a partir da incapacidade de muitos homens em lidar com a perda, com o fim do relacionamento, com o “não”.
Mas, perguntarão alguns: Que chance nós temos de vencer o Dragão do mal? A resposta está no próprio Apocalipse: a mulher “deu à luz um filho homem”. Antes que o Dragão o atacasse, “o Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono” enquanto que “a mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar”. Portanto mulher e filho salvos por Deus! Nós, Igreja, temos a missão de gerar fé em um mundo que deixou de crer não só no poder de Deus perante o mal, mas de crer em valores como bondade, justiça, solidariedade, cuidado com o bem comum etc. Também é missão nossa, enquanto Igreja, gerarmos esperança no coração das pessoas que, cada vez mais facilidade, deixam de esperar, contagiando-se mutuamente com uma doença chamada desesperança, o que também significa falta de sentido para a vida.
Por fim, o corpo que trabalha e luta na terra em favor da justiça, vida e da esperança está destinado à ressurreição (cf. 1Cor 15,43-44). Assim aconteceu com Nossa Senhora, assim acontecerá conosco, se perseverarmos até o fim na prática do bem.
NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO, ROGAI POR NÓS!
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