População de Guaxupé exige rompimento de contrato com Copasa diante de péssimos serviços e cobrança abusiva

A insatisfação com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) cresce em Guaxupé, onde a população denuncia má qualidade no fornecimento de água e descumprimento das promessas de tratamento de esgoto. A revolta aumentou após a elevação da tarifa de esgoto para 74%, sem melhorias no serviço. Munícipes pressionam a administração local para romper o contrato com a Copasa, seguindo o exemplo de outras cidades mineiras como Extrema e São Sebastião do Paraíso. A Prefeitura de Arceburgo já agendou licitação para contratar uma nova empresa de saneamento.

População de Guaxupé exige rompimento de contrato com Copasa diante de péssimos serviços e cobrança abusiva
Estatal vem sendo alvo de inúmeras reclamações por parte dos munícipes - Foto: Lucas Araujo

A insatisfação da população de Guaxupé com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) tem aumentado drasticamente nos últimos anos. A estatal, responsável pelos serviços de água e esgoto, vem sendo alvo de inúmeras reclamações por parte dos munícipes, que apontam a má qualidade no fornecimento de água e, principalmente, o descumprimento das promessas de tratamento de esgoto, pelo qual são cobrados, mas não recebem.

A revolta aumentou após o anúncio, em setembro de 2021, da nivelização das tarifas de esgoto em todo o estado de Minas Gerais para 74%, incluindo Guaxupé. Antes, os municípios sem tratamento pagavam 25%, mas a nova medida elevou essa taxa, sem oferecer, em contrapartida, os serviços prometidos. A situação é vista como uma cobrança injusta por um serviço inexistente, o que gerou indignação e pressão sobre a administração municipal para uma ação mais enérgica.

Casos semelhantes a Guaxupé estão se multiplicando em Minas Gerais. Municípios como Extrema, São Sebastião do Paraíso, Alpinópolis e Arceburgo já tomaram medidas para romper seus contratos com a Copasa, justificando a decisão com base na má qualidade dos serviços prestados, ausência de investimentos e falta de respeito aos compromissos assumidos com as prefeituras e populações.

Em Extrema, por exemplo, após uma série de irregularidades, incluindo o lançamento de dejetos em cursos d’água e a falta de abastecimento regular em diversos bairros, a prefeitura conseguiu, após batalha judicial, romper o contrato com a Copasa, mesmo antes de seu vencimento. “Foi uma decisão necessária. A Copasa descumpria seu papel e o município não podia mais tolerar tamanha ineficiência”, afirmou o prefeito João Batista da Silva, que agora abre concessão para uma nova prestadora de serviços.

Outro exemplo vem de São Sebastião do Paraíso, que também rompeu seu contrato com a Copasa, previsto para durar até 2040. Insatisfeita com o descaso da estatal, a prefeitura decidiu pela encampação dos serviços, anunciando uma nova licitação para que empresas privadas assumam o saneamento com tarifas mais acessíveis à população.

Diante desses precedentes, a população de Guaxupé exige que o poder público municipal siga o exemplo de outros municípios e rompa o contrato com a Copasa, que só expira em 18 anos.

Arceburgo

Foi marcada para o próximo dia 18 a concorrência pública pela Prefeitura de Arceburgo, cujo objetivo é contratar nova empresa para prestação de serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, em substituição à Copasa.

A Copasa foi contratada por meio de dispensa de licitação pelo prefeito à época; contudo, a empresa não se enquadra nas entidades descritas na Lei de Licitações (Lei 8.666/93) como uma das que podem ser contratadas neste modelo.

De acordo com análise jurídica, o processo licitatório que resultou na contratação da Copasa foi fundamentado no artigo da lei que autoriza a dispensa de licitação para contratação de serviços públicos com outros entes da administração direta ou indireta. A Copasa, segundo a análise da atual assessoria jurídica, é uma empresa pública de economia mista e, mesmo que tenha o Estado de Minas Gerais, mais de 49% do capital está sob controle da iniciativa privada.

Apesar de os serviços de tratamento de água e esgoto serem essenciais, ele é tarifado pela Copasa de modo e com fins de empresa privada. Assim, são motivos para que a empresa participe de licitações com ampla concorrência, o que não ocorreu na época da concessão dos serviços.

A decisão da Prefeitura por uma nova prestadora também é atribuída a precariedade da prestação do serviço, bem como insatisfação da população com as altas taxas cobradas.

O Edital de Licitação para contratação da nova empresa conterá obrigatoriedade de capacidade técnica, revisão do Plano Municipal de Saneamento Básico, plano de trabalho e investimentos e o melhor modelo de gestão dos serviços.

A Prefeitura de Arceburgo declarou que a terceirização é necessária, uma vez que o município não possui condições técnico-operacional, técnico-profissional e econômico-financeira e, por isso, não há interesse, pela atual administração, em assumir os serviços públicos municipais de abastecimento de água, de esgotamento sanitário e de manejo dos resíduos sólidos.

A Prefeitura também esclarece que o contrato firmado entre o município e a Copasa já foi declarado nulo através da decisão administrativa proferida pelo Prefeito Municipal, no processo administrativo instaurado contra a referida empresa. Entre a data do rompimento do contrato até a contratação de uma nova empresa, a Copasa está obrigada a continuar fornecendo água à população, por se tratar um serviço de natureza essencial.

No processo de licitação a ser aberto, a Copasa pode inclusive dele participar, só que as novas regras para o funcionamento das atividades serão agora definidas pela administração municipal. O novo contrato será resultado de um processo cuidadosamente estudado e planejado, possibilitando que a Prefeitura efetivamente cobre – e receba – um serviço de qualidade da empresa que vencer a licitação, evitando a continuidade dos problemas que o município vem enfrentando.

A intenção da Administração Municipal é obter uma tarifa menor a ser paga pelos usuários e uma melhor prestação de serviços no fornecimento de água à população.