Finados Celebração da Vida Eterna

Finados Celebração da Vida Eterna

Nós não estamos predestinados ao pó do Cemitério. Deus não nos criou para destruição. Deus nos criou para a vida e não para a morte. Fizeste-nos, para Vós, Senhor, e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em Vós (Santo Agostinho).

O Dia de Finados é o dia da celebração da vida eterna das pessoas queridas que já faleceram. É o Dia do Amor, porque amar é sentir que o outro não morrerá nunca, pois essa vida é eterna. “Jesus disse: Eu Sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e acredita em mim, não morrerá para sempre. Você acredita nisso?” (Jo 11,25-26). Mas todos os dias precisamos estar com a nossa mala pronta para fazer essa viagem que as vezes nos causa temor.

Antes de Jesus os Judeus já rezavam pelos mortos. Desde o século I, os cristãos rezam pelos falecidos; costumavam visitar os túmulos dos mártires nas catacumbas para rezar pelos que morreram sem martírio. No século IV, já encontramos a Memória dos Mortos na celebração da missa. Desde o século V, a Igreja dedica um dia por ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém reza e dos quais ninguém se lembrava. Foi em 1311, que a Santa Sé oficializou a Memória dos falecidos, estendendo-a a toda a Igreja.

A Igreja Católica ensina que deve rezar pelos mortos, para que se purifiquem e aceitem a Misericórdia do Pai. Este ensinamento da igreja se fundamenta no texto do livro dos Macabeus, em que Judas Macabeus ordena que se façam sacrifícios no Templo de Jerusalém pelos falecidos soldados que haviam morrido numa batalha, por terem pecado levemente contra Deus: “SANTO E SALUTAR PENSAMENTO ESTE DE ORAR PELOS MORTOS. EIS PORQUE OFERECEU UM SACRIFICIO PELOS DEFUNTOS, PARA QUE FOSSEM LIVRES DOS SEUS PECADOS” (Cf. II Macabeus 41-46).

No Brasil, rezarmos a Missa do sétimo dia após o falecimento. Missa de um mês? De um ano? Como acontece hoje?

O sétimo dia estaria ligado ao fato de Deus ter feito o mundo em seis dias e no sétimo ter descansado. Independente se a missa é celebrada no 3º, no 4º, no 5º, no 6º ou no 7º dia, o importante é a missa para os familiares se reunirem e rezar em favor da pessoa. Também essa Missa tem a dimensão Espiritual levando pessoa a trabalhar a perda. 

E a Missa de um mês? Seria uma referência ao mês de luto que Israel guardou pela morte de Moises. Já a Missa de um Ano de falecimento seria uma forma de testemunharmos que, assim como o aniversário natalício é comemorando de ano em ano, o dia da morte também pode ser comemorado porque significa o dia em que a pessoa morreu para este mundo e entrou na plenitude da vida junto de Deus.

Paulo nos assegura que em Cristo, o nosso corpo miserável e pecador será transformado em um corpo glorioso. A morte é um virar de página para o segundo e eterno capítulo da nossa história pessoal, que uma vez terminada a fase existencial terrena, passamos para a segunda fase que é eterna. Mas infelizmente, como somos por demais apegados a esta vida terrena, muitas vezes por duvidar da existência da fase eterna, somos inclinados a nos agarrar de unhas e dentes na nossa fase corpórea, ao ponto de vivermos o tempo todo apavorados, com muito medo da morte, achando que com ela será o fim de tudo.

O céu começa agora. Aliás, o céu não é um lugar, na eternidade, o céu é um estado de vida, o céu é presença de Deus, que acontece agora na minha liberdade, das escolhas que fazemos. Eternidade é agora. A ressurreição acontece na morte. A pessoa que morre fica dormindo até a ressureição dos mortos? Quando a gente dorme, acorda depois, tudo parece que passou num piscar de olhos. Assim será no juízo final, alguns acordam para salvação e outros para condenação. "Bom ladrão", 'Ainda hoje estarás comigo no Paraíso' Lucas 23,43.

O homem, na morte, passa por uma transformação profunda de todo o seu ser. Esta transformação muda o seu aspecto corporal. O corpo ressuscitado, não é o mesmo corpo que nós temos agora. Deus é amor, no juízo final acontece na morte, o próprio ser humano que se autojulga. Purgatório é possibilidade de ultima evolução na morte. Pois Deus não condena ninguém. O inferno é ausência de Deus. O inferno não é castigo, mas escolhas nossas.  A morte não tem, a última palavra sobre nós. Portanto, o que podemos esperar da ressurreição? A ressurreição não significa o voltar à vida de agora. O que Jesus oferece e a vida eterna e comunhão com Deus e não uma Reanimação, Ressuscitamento ou Revivificação como fez com Lázaro. Também não podemos confundir ressurreição com Reencarnação. A morte Biológica não é o fim do homem. Antes de ressuscitar Lázaro, Jesus diz a Maria: “Quem crer em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11,25).

Não existe nada mais consolador do que saber que o nosso corpo ressurgirá, que a morte e a consequente separação das pessoas queridas, não são a última palavra. Por isto, o choro de Jesus, na morte de Lázaro, um choro de quem ama, não de quem está desesperado pela perca. (Cardeal Carlo Maria Martini).

Deus não perguntará quantas coisas boas você fez na vida e sim quanto amor você colocou naquilo que fez. (Madre Tereza de Calcutá). Para onde eu vou quando morrer? Não sei! Mas alimento-me de esperança. Não devo antecipar o futuro, pois é perder a graça deste Advento permanente de Deus que vem chegando e nos surpreende. O melhor jeito é viver o presente, a vida, sendo feliz, fazendo o bem, daí eu me preparo para a morte, aliás, isto é esperança.

Talvez eu morra hoje, amanhã, daqui um ano, isso pouco importa! O que interessa é por onde eu passar eu tenho que deixar um Rastro de Deus, para que quem vier atrás ache esse caminho. É isso que dá sentido à vida. Padre Leo (1961-2017). Dado o exposto, finalizamos que muitas vezes os Mortos recebem mais flores que os vivos, porque o remorso é mais forte que a Gratidão.

Oremos: “Senhor Deus, neste momento de oração, queremos pedir por aqueles que já partiram. Senhor Jesus, que disseste: ‘Todo aquele que me vê e Nele crê, tem a vida eterna e eu ressuscitarei no último dia.’ Senhor Jesus, é nesta fé e nesta promessa que nos sentimos consolados em nossas perdas, perdas que tivemos ao longo da vida. É nesta fé na ressurreição que cremos e confiamos nas pessoas que tanto amamos e que já partiram. É por acreditar, Senhor, que se convosco morreremos e convosco ressuscitaremos, que não temos medo da morte. Pela fé da ressurreição que celebramos o Dia de Finados, lembrando de nossos falecidos na alegre esperança da ressurreição e de um reencontro contigo. Suplicamos Salvador do mundo, pelas almas de nossos falecidos, que só vós conheceis a fé. Pedimos, amado Jesus, concedei alívio às almas sofredoras que ainda padecem no purgatório. Dai-lhes o descanso eterno e que a luz perpétua os ilumine. Senhor ressuscitado, eu creio e espero. Contigo quero viver, contigo quero morrer, para contigo ressuscitar. A certeza da Tua ressurreição me conforta nesse Dia de Finados. Amém.”

 

 

Padre Edson Alves de Oliveira.

Paróquia São José Operário