Jesus é o único que dá sentido à nossa vida

Jesus é o único que dá sentido à nossa vida

“No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo” (João 20,1). Maria Madalena integrava, fazia parte do grupo de mulheres que, junto com os discípulos, acompanhava Jesus. A sua imagem ficou prejudicada com a ligação que se fez com a mulher pega em adultério que ia ser apedrejada, mas lá não se diz que é Maria Madalena. O certo é que ela é a primeira testemunha de Jesus ressuscitado.

Quem é Madalena? Uma discípula, uma pessoa resgatada por Jesus. Marcos e Lucas relatam que Jesus a libertou de sete demônios. Lucas relata que um grupo de mulheres andava com Jesus, várias delas libertadas de enfermidades ou de espíritos maus, entre elas Maria Madalena. Afinal, o que era a comunidade cristã, senão um grupo de pessoas resgatadas por Jesus da doença, da opressão da Lei, da exclusão social, do pecado? É isso que é a Igreja, o povo redimido, lavado do pecado, no batismo. Um povo de pecadores restaurados na graça de Deus. Uma comunidade chamada Madalena.

Maria Madalena não sabia mais viver sem Jesus porque Ele deu razão e sentido para a sua vida. Nenhum outro dará razão e sentido profundo à sua vida a não ser Jesus. Às vezes, colocamos a razão e o sentido da nossa vida em pessoas, em coisas, em funções, em trabalhos. Precisamos do trabalho, precisamos nessa vida viver, ter amigos, parentes, pais e ter paz. Na nossa vida precisamos uns dos outros, mas ninguém traz luz e sentido para a nossa vida como Jesus. O sentido da nossa vida não é a vida terrena somente, Jesus é o sentido eterno e pleno da nossa vida. Não vamos nos encontrar com Jesus depois que morrermos, porque Jesus veio ao nosso encontro na nossa vida para que a nossa vida aqui tenha sentido; e um sabor eterno. Foi esse sentido que Maria Madalena encontrou, é assim que Deus também quer que nos encontremos com Ele; e Ele se torne a razão e o sentido do nosso viver.

Depois que fazemos o encontro com Jesus, passamos a viver como pessoa ressuscitada! Aliás, os discípulos de Jesus estavam desencantados. Todos tinham abandonado Jesus no momento da sua Cruz; sentiam-se com medo dos judeus e culpados por terem deixado Jesus sozinho. Além disso, nenhum deles esperava pela Ressurreição. Maria Madalena, livre do sentimento de culpa e com mais coragem que os outros discípulos, foi ao túmulo de Jesus. Mas, quando encontrou o túmulo aberto, também não pensou na Ressurreição; pensou, sim, que o corpo de Jesus havia sido roubado. Assim como os discípulos, nós demoramos a crer. Mesmo que a vida nos dê sinais de Ressurreição, nossos sentidos ainda estão presos na imagem daquilo que morre a cada dia em nós e no mundo.

A pandemia do coronavírus ressuscitou em nós a consciência da morte. As doenças, os acidentes, as guerras e a violência em nosso mundo nos lembram que a morte pode nos atingir de várias maneiras, a partir de fora. Mas o problema principal é quando nós nos deixamos morrer a partir de dentro! Algumas pessoas, depois de serem atingidas por algum tipo de morte, reagiram e decidiram ressuscitar, enquanto outras se entregaram e se deixaram morrer. Nós conhecemos países ou cidades que, depois de serem destruídos por uma catástrofe, conseguiram se levantar e se reconstruir, assim como conhecemos pessoas que, depois de um acidente, depois de uma doença, de uma grande perda, aos poucos foram reagindo, retomando o desejo de viver e hoje estão “ressuscitadas” no meio de nós. Mas também conhecemos pessoas que, por muito ou por pouco, entregaram-se ao desânimo, ao fatalismo, e estão como que mortas no meio de nós.

Como nos sentimos hoje, agora? Ainda estava escuro, quando Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus e viu que a pedra tinha sido retirada. Ainda está escuro para nós também. Ainda não foi descoberta uma vacina eficiente para o novo coronavírus, nem a metade da população brasileira ainda não foi vacinada. Ainda nos sentimos ameaçados pelo coronavírus. Ainda está escuro, mas o Evangelho nos lembra que não existe noite escura que possa impedir o sol de nascer. Assim, quando os primeiros raios de sol começam a iluminar o dia, Maria Madalena vê que a pedra que lacrava o túmulo de Jesus havia sido retirada.

Algo surpreendente aconteceu! Antes de Jesus morrer, a morte colocava uma pedra em cima de tudo, um ponto final em nossa existência terrena. Mas a pedra foi removida, o ponto final foi retirado. O túmulo de Jesus não está apenas aberto, mas vazio! Este túmulo vazio é o primeiro sinal da Ressurreição de Jesus.

A pandemia do novo coronavírus ainda ferirá de morte inúmeras pessoas, lembrando-nos de que a morte nos iguala a todos, independente da raça, do nível social, da crença; a única coisa que nos diferencia é a nossa fé na Ressurreição. Quem crê na Ressurreição não apenas enxerga a morte de uma outra forma, como também vive sua vida de uma outra forma. A Ressurreição de Cristo não anula a nossa morte, mas nos desafia a enxergar a vida além dela! Crer na Ressurreição não significa crer que não vamos morrer, ou que vamos ser poupados de sofrimento, mas significa crer que vamos vencer a morte e o sofrimento. O nosso sofrer e a nossa morte não são a negação da Ressurreição, mas o lugar existencial onde experimentaremos a sua força (cf. 2Cor 5,2-4)!