O significado de Corpus Christi para nós católicos

O significado de Corpus Christi para nós católicos

O apóstolo João (Jo 6, 55-59) descreve a cena da seguinte forma: “O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia”. Portanto, de onde surgiu esta festa Corpus Christi? Havia dúvidas sobre a presença real de Jesus na Eucaristia, sobretudo fora da celebração, ou seja, nas espécies eucarísticas guardadas nos tabernáculos (sacrários). Tivemos até um Concílio, chamado IV Concilio de Latrão em 1215, para resolver esta questão. Quanto à origem em 1243, na Bélgica, no século XIII, quando a freira Juliana (1193-1258) teria tido visões de Cristo demonstrando-lhe desejo de que o mistério da Eucaristia fosse celebrado com destaque. Certa vez Jesus falou com a Freira Juliana, revelando como se fosse uma lua cheia de pontos brilhantes e uma incisão no ponto escuro, ela perguntou o que significaria este ponto escuro. Jesus lhe disse que este astro é a Igreja, estes pontos brilhantes são as festas que existem na Igreja, o ponto escuro, é para mostrar que não existe nenhuma Festa para comemorar o meu Corpo. A monja Juliana revelou isto, em 1247, ela revelou isto, ao seu arcebispo Dom Jacques, que era bispo da época. O arcebispo em 1258 ficou pensando neste motivo, e institui em sua diocese, com o nome de Festa do Corpo de Deus, uma data para celebrar a Festa da Eucaristia.

Este arcebispo foi nomeado Papa em 1265, e adotou o nome de Urbano IV. Durante o papado deste Papa, um Padre chamado Pedro de Braga, estava celebrando uma missa na Cripta de Santa Cristina, ele tinha certa dúvida, no seu coração sobre a presença real de Jesus na Eucaristia quando ele celebrava. Padre Pedro de Braga não tinha dúvida que Jesus estava realmente e totalmente na Eucaristia, quando outros padres celebravam a Eucaristia. Mas ele dizia, que na sua natureza pecadora, ele não seria capaz de transformar o pão e o vinho em Corpo e Sangue de Cristo. Mas ele, não via que não é o padre que transforma o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo, mas o próprio Deus que faz este milagre da transubstanciação, durante a missa.

Dado isto, aconteceu o milagre da Hóstia Consagrada. Começou a sair gotas de sangue, ele juntou no corporal e guardou tudo aquilo, assustado como todo o povo que estava na missa, ele tentou esconder e o povo saiu gritando milagre... milagre... Ele levou o caso ao seu bispo, que a pedido do Papa solicitou que o levasse até ele, na Itália, para examinar. Foi assim que aconteceu a Primeira Procissão de Corpus Christi, então levaram em procissão até o Papa Urbano IV. O Papa reconheceu que ali tinha acontecido um milagre, lembrando de toda a história de Santa Juliana. Então resolveu instituir a Festa de Corpus Christi, através de uma bula Papal chamada, BULA TRANSITURUS, que foi transmitida em 11 de agosto de 1264, nesta data foi instituída a Festa de Corpus Christi. Para preparar esta grande festa, ele pediu a um bispo de confiança que era São Tomás de Aquino, para elaborar um ofício e para esta festa. Daí, ele compôs um hino, que é Tantum ergo Sacramentum, que é Tão Sublime. Este hino é usado na bênção do Santíssimo Sacramento. Esta festa seria celebrada na Quinta-feira, depois da Festa da Santíssima Trindade no domingo, depois da Festa de Pentecostes. Nesta festa é determinado que haja uma Missa, Procissão pelas ruas da cidade para demonstrar a fé na presença real de Jesus na Eucaristia. Saímos de nossas igrejas e vamos com Jesus na Eucaristia, para as ruas e praças de nossas cidades, anunciando que ‘Ele está no meio de nós’ e habita conosco e orienta nossa história; nossas atividades cotidianas, nossas ocupações profissionais e responsabilidades sociais, nosso convívio social, nada disso é indiferente à nossa fé: em tudo somos ‘testemunhas de Deus’, discípulos missionários de Jesus Cristo. Portanto, a Festa do Corpus Christi, a procissão lembra a caminhada do povo de Deus, que é peregrino, em busca da Terra Prometida. No Antigo Testamento esse povo foi alimentado com maná, no deserto. Hoje, o povo é alimentado com o próprio Corpo de Cristo na Santa Missa.

A Festa do Corpus Christi é Deus que nos ama incondicionalmente; um Deus capaz de ser alimento, pois sabe que sem alimento nós não sobrevivemos, portanto, precisamos deste alimento que nos mantém vivos, que é Jesus. O alimento da alma, o alimento para a vida eterna.

Enfim, neste dia em que Jesus se define como “pão vivo descido do céu”, cuja carne é “verdadeira comida” e cujo sangue é “verdadeira bebida” (cf. Jo 6,51.55), por que você não comunga desta Graça? Aliás, qual o lugar que a Eucaristia realmente ocupa em nossa vida? Por que a imensa maioria das pessoas não comungam? Que falta realmente a Eucaristia está nos fazendo (se é que está)? Papa Francisco: “A Eucaristia não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos” (A Alegria do Evangelho, n.47). Na última ceia, Jesus se entregou como “remédio generoso” e como “alimento para os fracos” também a Judas e a Pedro, mesmo sabendo que, após a ceia, o primeiro iria traí-lo e o segundo iria negá-lo...

Não podendo comungar da presença real de Cristo na Eucaristia, lembremos da sua presença igualmente real na pessoa dos pobres e necessitados. Repetidas vezes, o Papa Francisco nos convidou a “tocar com fé a carne de Cristo em tantas pessoas que sofrem”. Se hoje nossas mãos podem se estender para receber o Corpo de Cristo, elas deveriam diariamente se estender para socorrer os necessitados à nossa volta. E como é verdade que “nem só de pão vive o homem”, quem comunga o Corpo de Cristo deve "Viver para ajudar os necessitados". Jesus disse: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. A fome não é apenas um problema econômico, político ou social, mas também religioso. Ela não é “natural”, mas “produzida”, “fabricada”. Ela nasce da ganância do coração de alguns: "Na terra há o suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não para satisfazer a ganância de alguns" (Ghandi).

Quem comunga do corpo de Cristo, não morre, mas entra para a vida, entra na vida. Daí a morte se torna uma passagem para a vida eterna. Mas, aquele que não se alimenta de Deus, só alimentou de coisas mundanas, de prazeres deste mundo, portanto, este não viverá para sempre, mas terá uma morte eterna. Jesus aqui hoje oferece a Eucaristia, que é seu corpo e sangue, que sacia nossa fome e que nos dá a vida eterna. Portanto, comamos Jesus Eucarístico para que não tenhamos fome de vida eterna.

Portanto, Jesus deixa claro, no Evangelho, que o pão que Ele nos dá é a sua própria carne. Quando Jesus na sua época falou isto, eles ficaram escandalizados. A Igreja Católica crê, quando a gente comunga a Eucaristia, a gente não está comendo o pão, não é teatro, nem lembrança, como foi a última ceia, nós estamos comendo a carne de Jesus, porque acreditamos que na Consagração, quando o sacerdote coloca as mãos sobre o pão e o vinho, acontece a Transubstanciação, a aparência continua de pão, mas é carne. A Eucaristia é carne de Deus, quem comer deste pão viverá eternamente, nunca morrerá. Claro que todo mundo que comunga morrerá. Mas Jesus faz uma promessa que todo aquele que comunga preparado nunca morrerá. Mas quem comunga em pecado, comunga sua própria condenação. Por isto a confissão, nos prepara para a Eucaristia, para a vida eterna.

A vida iniciada aqui na terra, quando alimentada do Pão da vida que é Jesus, não será interrompida com a nossa morte física. É o próprio Jesus quem nos faz esta promessa ao nos indicar o caminho da eternidade: “Eu sou o pão vivo, descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente”!

O pai e a mãe trabalham para dar vida aos seus filhos. Penso na mãe que dá o leite do seu seio para alimentar a vida que gerou, dá o seu próprio corpo para alimentar os seus filhos. Deus nos deu a Sua Carne, o Seu Corpo inteiro para nos “alimentar”.  Não permitamos que a nossa vida pereça por falta de significados e sentidos. A Eucaristia que é Corpo do Senhor é a razão da nossa própria vida.

Os pelicanos são aves costeiras de grande tamanho, com muita habilidade para pesca. Quando um pelicano tem que alimentar as suas crias, ele voa até o mar, pega alguns peixes, os guarda numa bolsa que possui entre as penas do peito e voa de regresso até a costa para dar de comer às suas crias. Antigamente acreditava que o pelicano, ao não ter um bom dia de pesca, no lugar de deixar morrer as suas crias, arrancava de sua própria carne para alimentá-los. É aqui onde nasce a comparação com Cristo, pois o mesmo, nos dá de sua própria carne e de seu sangue. Em cada Santa Missa, Cristo nos oferece a Santa Eucaristia, em todo Seu corpo, Seu sangue, alma e divindade. Temos noção disso?