Pais de bebê que morreu em Muzambinho queriam doá-lo para família de SP, revela polícia

De acordo com a Polícia Civil, mãe se arrependeu de fazer a doação e ficou com o bebê. Pais da criança foram presos.

Pais de bebê que morreu em Muzambinho queriam doá-lo para família de SP, revela polícia
Gustavo Eduardo Carvalho da Silva, de 2 meses, morreu após dar entrada na Santa Casa de Muzambinho - Foto: Reprodução/EPTV

Os pais do bebê de dois meses que morreu com suspeita de desnutrição e maus-tratos em Muzambinho cogitaram doar Gustavo Eduardo Carvalho da Silva para uma família do Estado de São Paulo. Segundo a Polícia Civil, a mãe teria se arrependido de fazer a doação. Os pais foram presos em flagrante na terça-feira (07), mesmo dia do óbito da criança. O pequeno foi sepultado nessa quarta (08).

De acordo com o delegado Adnan Cassiano Grava, a doação do bebê foi pretendida para uma mulher de Itapecerica da Serra (SP).

“Ela pretendia doar a criança na cidade de Itapecerica da Serra. Ela citou o nome da pessoa. No entanto, ela se arrependeu [de querer doar]. Ela não disse o motivo, também não disse nada a respeito de venda. Ela apenas disse, expressamente, em doação. Ela não queria a criança inicialmente, mas se arrependeu e a criança nasceu no dia 1º de janeiro de 2023”, revelou o delegado.

O bebê morreu após ser levado à Santa Casa de Muzambinho. O médico que atendeu a criança notou o quadro de subnutrição e maus-tratos, acionando a polícia. Uma das testemunhas ouvidas disse que a criança não era alimentada.

“Um parente [da criança] me disse claramente, em um depoimento bastante contundente, que em contato com o casal, a criança chorava de fome e a mãe não fazia nada. Ela disse que questionou a mãe, que alegou que não teria leite. Ou seja, não tinha leite no peito e permanecia inerte, sem procurar os órgãos assistenciais”, disse.

“O pai, sobretudo, notório envolvimento com droga. A mãe já objeto de denúncia, justamente por maus-tratos com os filhos. E aí vem a notícia de que justamente a criança morreu. Pedi uma foto da criança e quando recebi fiquei abismado. Uma criança de dois meses absolutamente raquítica, mostrando ossos, costelas, enfim, um quadro de bastante gravidade”, completou.

O delegado comentou que ainda vai ouvir membros do Conselho Tutelar que estiveram na casa da família em fevereiro. Ainda segundo ele, o casal deve responder por maus-tratos e abandono de incapaz.

“No caso dos maus-tratos com resultado de morte, a pena é de quatro a 12 anos. Se se confirmar o homicídio [na Justiça], fica de 12 anos a 30 anos”, falou.

O caso

O bebê de 2 meses morreu com suspeita de extrema desnutrição e maus-tratos em Muzambinho, no dia 7 de março.

O bebê foi levado à Santa Casa pelo pai, de 23 anos, e a mãe, de 24. Conforme a polícia, foi durante o atendimento que o médico notou o quadro de extrema desnutrição e a desidratação. Além disso, o profissional também notou que o bebê estava engastado.

A Polícia Militar foi acionada para comparecer ao hospital e acompanhar o atendimento. O bebê morreu enquanto era atendido.

De acordo com a polícia, os pais da criança disseram ao médico que o bebê não possuía nenhuma doença. Eles foram levados à Delegacia da Polícia Civil e tiveram a prisão em flagrante decretada.

O corpo da criança foi sepultado nesta quarta-feira (08). A Polícia Civil tem até 10 dias para concluir o inquérito e aguarda o laudo do IML para atestar a causa da morte do bebê.

A mãe do bebê tem outros dois filhos, de 3 a 6 anos. Eles estão na companhia de parentes em Juruaia. O casal está preso no Presídio de Alfenas.

*Com informações G1