QUEM ORIENTA VOCÊ QUANTO À VIDA?

QUEM ORIENTA VOCÊ QUANTO À VIDA?

A figura do pastor é muito forte no mundo bíblico, o povo de Israel era (antigamente) bastante habituado com essa realidade do pastor cuidando das suas ovelhas. Para nós, no mundo atual, a figura bíblica do pastor pode ser traduzida como a do cuidador ou do orientador: todo cuidador, todo orientador é um “pastor”, e toda pessoa que necessita ser cuidada ou orientada é uma “ovelha”.

Políticos, empresários, líderes de setores de trabalho, pais, professores, líderes religiosos, médicos, psicólogos etc., são “pastores”. Cidadãos, trabalhadores, pessoas lideradas, filhos, seguidores de uma igreja ou religião, pacientes etc., são “ovelhas”.

 

Jesus, o autêntico “pastor segundo o coração de Deus” (cf. Jr 3,15; Ez 34,15-16), apresenta-se como “porta”, tanto para as pessoas que têm a função de pastorear, cuidar, orientar, quanto para as pessoas que necessitam de cuidado, proteção e orientação. “Quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante” (Jo 10,1).

 

Toda pessoa que cuida, lidera, orienta alguém, sem ter Jesus como modelo, corre o risco de se tornar “ladrão e assaltante”: usa sua posição de líder para lucrar com a vida dos outros; corrompe-se; deixa o poder “subir à cabeça” e se torna arrogante; busca seus próprios interesses e não o bem daqueles que estão sob seus cuidados. Além disso, existem “pastores” que se deixam sugar por suas ovelhas: são incapazes de dizer “não”, de colocar limites, de confrontarem os seus liderados com a verdade; carregam as ovelhas no colo quando estas podem caminhar com suas próprias pernas – o resultado é a sobrecarga, o esgotamento e o adoecimento do pastor.

Até mesmo dentro do “rebanho” católico, hoje encontramos uma nova modalidade de “ovelhas”: as ovelhas mercenárias! São ovelhas que acreditam terem o poder de “domesticar” a Igreja por meio do dinheiro. Se a Igreja diz algo com o qual elas não concordam ou se não celebra a missa conforme elas exigem, fazem campanha nas redes sociais para boicotar o dízimo e as ofertas. São ovelhas diabólicas, que exigem uma Igreja domesticada, pastores domesticados, um Evangelho domesticado, um Jesus domesticado para atender aos seus interesses de católicos “conservadores”, “tradicionalistas”.

         

A humanidade tem se sentido profundamente desorientada. Há uma forte desorientação quanto à vida profissional, ao lidar com os problemas, ao construir um relacionamento, ao conduzir uma família, ao compreender a própria sexualidade, ao escolher uma igreja ou religião etc. Toda essa desorientação é agravada pelas fake news e por sites que têm como objetivo principal a falsificação da realidade.

 

O porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva as para fora. Voz é sinônimo de orientação. Diante de tantas vozes, entre elas, a voz de Pastor, e a voz do mercenário, qual delas tem te orientado, quanto à sua orientação afetiva, sexual, familiar, profissional, financeira, espiritual? Enquanto existe uma rejeição a toda voz “institucional” – Estado (política), Igreja, Família, Escola – existe uma procura desesperada na Internet por gurus, coachings (treinadores, instrutores, motivadores), psicólogos, filósofos, influenciadores (influencers), padres, pastores e outros líderes espirituais que forneçam uma resposta rápida de prática à angústia que a pessoa está vivenciando. Quantos desses “orientadores” são cegos guiando outros cegos (cf. Lc 6,39)?

 

Mais do que nunca, cada um de nós precisa se perguntar pelo quê ou por quem está se orientando na vida. Quantas pessoas – ou, quem sabe, quantos de nós – estão seguindo orientações mentirosas, doentias, perversas, e não admitem reconhecer que estão sendo roubadas, mortas e destruídas?

Quantos de nós estamos escolhendo entrar em portas erradas, justamente porque são largas e atrativas, ao invés de entrarmos pela porta que é Jesus, uma porta estreita, sim, exigente, sim, mas a única porta que nos conduz à verdadeira Vida?