A deturpação da essência humana
Cada dor, sofrimento é a própria dor e a dor do outro, que tem uma história, encontra-se em seu contexto, em seu momento. Será que as pessoas em seus momentos de dores e sofrimentos são acolhidas, respeitadas em suas escolhas? Tecnicamente falando, na medicina existe formas de medir a dor um paciente. O profissional deve fazer uma avaliação minuciosa. A dor não é possível ser visualizada através de um exame de imagem. Por isso, toda avaliação do paciente com dor é feita a partir de seu próprio relato.
A medicina é uma atividade humana exercida por seres humanos em seres humanos. Não bastasse a carência de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e a incompetência administrativa, há outros agravantes que comprometem a qualidade do atendimento, tornando os profissionais cada vez mais desumanizados. Para entender melhor, tudo começa na formação médica, cada vez mais fraca e inconsistente. Já é comum o surgimento de novas faculdades, a todo tempo, que visam somente na quantidade de alunos, consequentemente, no lucro. O resultado disto, é um mercado saturado por profissionais com capacitação insuficiente, colocando em risco à vida de pacientes.
Muitos profissionais se submetem a acumular vários trabalhos, a grande maioria realiza plantões de 24 horas por exemplo. Exaustivos, colocam em risco a própria integridade e dos pacientes. Como resultado, juntada à incompetência administrativa, viram casos de polícia e de justiça. Por isso, existe a necessidade do sistema de saúde promover a humanização, preparar seus atores de forma adequada para atender as necessidades dos cidadãos. É olhar o doente, não a doença.
Na capa desta semana você vai ver um caso explicito da falta de humanização no atendimento na Santa Casa de Misericórdia de Guaxupé. Um caso que virou ação judicial. Um caso de violência obstétrica. Este não é um fato isolado que aconteceu no hospital, vale lembrar, que o filho do prefeito faz parte do corpo clínico da entidade. Será que o prefeito e seu filho sabem o que é atendimento humanizado? Falta empenho da administração municipal e da entidade em promover capacitação de seus profissionais, mas, eles preferem ficar fazendo somente o feijão com arroz.
O fato é que todo mundo gosta de ser bem tratado. Isso serve para as relações pessoais, um restaurante, uma loja de carros ou uma clínica médica. A diferença é que, na saúde, as pessoas se encontram em um estado de muito mais fragilidade e incertezas. E esse atendimento humanizado pode ser uma forma de elas se sentirem mais acolhidas e confortadas em um momento difícil.
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