Fio da vida
Na mitologia grega, as Moiras tecem o destino da humanidade, decidindo quem vive, quem morre e como cada vida se desenrola. Nos últimos anos, o Pronto-Socorro de Guaxupé tem sido o palco de um destino trágico, onde vidas se entrelaçam com relatos de negligência e escândalos, resultando em tragédias evitáveis. A morte de Franciele Luiza, que foi liberada sem o atendimento adequado, e de Flávia Aparecida, que enfrentou complicações fatais, revelam um sistema que falha em proteger aqueles que deveriam ser cuidados. Assim como as Moiras, os líderes que se apresentam para a próxima eleição municipal têm em suas mãos a capacidade de alterar esse destino sombrio, mas será que terão a coragem de fazê-lo?
O que esperar do próximo prefeito de Guaxupé diante dessa crise? Mais promessas vazias de campanha ou, finalmente, um plano concreto para colocar fim ao sofrimento da população? Não é exagero afirmar que a gestão do Pronto-Socorro deveria estar no topo da lista de prioridades do futuro chefe do Executivo. Porém, é preciso mais do que discursos de campanha. A população demanda ação, transparência e resultados tangíveis.
A CPI instaurada pela Câmara Municipal trouxe esperança, mas também expôs um cenário assustador de desmandos e má utilização de recursos públicos. O tomógrafo de R$ 1,5 milhão que, por dois anos, permanece encaixotado enquanto vidas se perdem pela falta de diagnósticos rápidos é apenas um símbolo da ineficiência.
Não basta apenas investigar e punir os culpados, se os erros continuarem a se repetir. O próximo prefeito de Guaxupé precisa demonstrar competência para resolver, de forma imediata, os problemas estruturais do Pronto-Socorro. Isso passa por uma auditoria rigorosa da aplicação dos recursos, a reestruturação do quadro de profissionais, e, sobretudo, por um novo modelo de gestão que priorize a humanização do atendimento.
Ao futuro gestor, cabe a responsabilidade de fazer as reformas necessárias no Pronto-Socorro, não apenas físicas, mas de mentalidade. Chega de administrações que tratam a saúde pública como um problema secundário. A tragédia de Flávia e Franciele, e de tantas outras vítimas anônimas, não pode ser em vão. É hora de colocar fim à falta de transparência e à negligência que têm marcado a atuação da Secretaria Municipal de Saúde e do Pronto-Socorro da Santa Casa.
A população de Guaxupé, que tem suportado o descaso com a saúde pública por tempo demais, merece uma resposta urgente e eficaz. Quem quer que venha a assumir a prefeitura após as eleições deste ano, deve ter a coragem de enfrentar os interesses econômicos e financeiros que mantêm o Pronto-Socorro preso à ineficiência. E que isso não seja apenas uma questão de promessas eleitorais, mas sim de compromisso com a vida.
A saúde pública não pode mais ser negligenciada. O próximo prefeito de Guaxupé terá diante de si a chance de provar que é possível reverter esse cenário de calamidade e devolver à população o atendimento digno que ela merece. O momento exige seriedade, responsabilidade e, acima de tudo, humanidade.
Comentários (0)
Comentários do Facebook