Palavras inconvenientes
Na semana passada, um fato lamentável aconteceu em Guaxupé ganhando repercussão regional após dois homens proferirem palavras desrespeitosas a uma policial militar da cidade, em pleno exercício de trabalho. Eles deram aquela famosa “cantada” e acharam que a importunada ficaria quieta diante de tal idiotice. Bobalhões se deram mal, foram dar uma volta de viatura e pararam na delegacia.
Para os ignorantes de plantão, há dois anos foi sancionada a Lei da Importunação Sexual, houve uma alteração do Código Penal para enquadrar condutas invasivas, como beijo sem consentimento, cantadas de cunho sexual e passada de mão como crime. A pena pode ser de um a cinco anos.
Este avanço na penalização serve para conscientizar e garantir a segurança de meninas e mulheres que são vítimas a todo tempo deste tipo de abuso. Imaginem, se uma policial fardada foi chamada de “gostosa” na rua, quantas mulheres a todo momento passam por isso. Somente elas podem relatar tais incômodos, e sim, devem procurar ajuda. Não é porque este fato veio à tona que ocasiões como essa nunca aconteceram, a verdade é que acontece desde sempre.
Muitas mulheres deixam de fazer determinadas atividades com medo de sofrer assédio; elas deixam de ir a um bar se divertir com medo de levar uma “encoxada”, por medo de andar sozinha na rua, por medo de ser pressionada a ter relações com patrão para manter emprego ou até mesmo ter boas notas na faculdade.
Só a criminalização não vai ter efeito. Nem todas as vítimas têm conhecimento e condições para denunciar e levar a frente um processo de importunação sexual. É uma questão de educação, políticas públicas e igualdade de gênero. As mulheres têm que ter o direito de ir e vir sem ter a sua integridade física e moral ameaçada. Pode ser inacreditável ter uma lei para se ter o direito de circular sem incômodos. É necessário denunciar, para que venham a público casos como que aconteceu aqui em Guaxupé. Basta!
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