SEMANA SANTA NÃO É FERIADO PROLONGADO
Caro (a) leitor (a) do jornal Noticiantes, a Semana Santa, que chamamos popularmente de “Semana Maior”, neste ano se inicia no dia 02 de abril, Domingo de Ramos, e se desdobra até o dia 09 de abril, Domingo da Páscoa. Estes dias que marcam o início das comemorações do ponto mais alto da nossa fé: Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, significa a vitória da vida sobre a morte.
Como você deve saber, a Quaresma é um tempo rico de quarenta dias preparatórios para a semana da Páscoa Vitoriosa de Jesus sobre a morte. Jesus é mais que a morte. Ele ressuscita e continua vivo até hoje em cada um dos que O aceitam e dão continuidade à sua missão sacerdotal, profética, construindo o Reino de Deus baseado na paz, na justiça, no amor e na misericórdia. Jesus vive aqui e agora na Igreja, nos Sacramentos, na sua Palavra de vida, na Família e nas pessoas que vivem a misericórdia realizando obras de caridade.
A oportunidade que temos na Semana Santa é única porque nos faz vivenciar aqueles momentos mais dolorosos da vida e morte de Jesus. Mas, também, nos enriquece com as maiores bênçãos e graças da entrega incondicional do amor, oferecendo a nós o perdão, a glória e o penhor da vida eterna.
Devido a Tradição Apostólica que tem origem no próprio dia da Ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal a cada oitavo dia, no dia chamado o “Dia do Senhor ou Domingo”. O dia da ressurreição de Cristo é ao mesmo tempo “o primeiro dia da semana”, memorial do primeiro dia da criação e o “oitavo dia”, em que Cristo, depois do seu “repouso” do grande sábado, inaugura o dia “que o Senhor fez”, o dia que não conhece acaso. Por isso a festa da Páscoa não é simplesmente uma festa entre as outras: é a “Festa das festas”, “Solenidade das solenidades”, como a Eucaristia é o Sacramento dos sacramentos. Santo Atanásio (295-373) a denomina “o grande Domingo”, como a semana santa é chamada no oriente “a grande semana”.
A Igreja cristã herdou de Israel a sua festa de Páscoa; esta, porém, na passagem de Israel para a Igreja, mudou de conteúdo; tornou-se memorial de outro fato. “A Páscoa de Israel era uma recordação e uma ação de graças pela grande emigração do Egito: ação libertadora do Senhor que tira seu povo da Escravidão, dando-lhe uma identidade: ser seu povo; passagem do povo pelo Mar Vermelho. Também significa a purificação da alma; passagem de toda paixão para o que é inteligível e divino” (Fílon de Alexandria). Passamos, pois da Páscoa, Judaica para a Páscoa Cristã.
Mas eu pergunto a você querido(a) leitor(a) com um pouco mais de vivência: lembram como eram vivido o tempo da Quaresma e da Semana Santa no tempo de seu pai, sua mãe, seus avós? Tenho aqui alguns relatos que presenciei e ouvi de muitos irmãos e irmãs: as casas não eram varridas, o cinema não funcionava, os casais não namoravam, e os poucos aparelhos de rádio eram desligados. Nada de diversão. Não se ouvia o sino da igreja, somente as matracas. Para temor da criançada, que nada entendia, os altares e imagens da Igreja eram cobertos com panos roxos, tom de voz das conversas era sempre mais baixo do que o comum, respeitava-se o jejum, fazendo apenas uma refeição – peixe e um pouco de arroz, rezava-se mais do que o costume, dentre outras coisas.
E hoje, como tem sido num mundo tão agitado e desprovidos de valores éticos, morais, cívicos, religiosos? Como os adultos e jovens católicos vivem neste período? As pessoas aproveitam para viajar, fazer feriadão, preocupam-se mais em passear. Claro, a semana santa vale para os católicos, mas quantos daqueles que se dizem “Católicos”, são influenciados pelos não católicos e descrentes? Infelizmente, feriado da semana santa virou feriadão prolongado.
Lembro a cada ano neste período e com tristeza, da frase de nosso pai São Francisco de Assis, que certa vez afirmou: “O Amor (Jesus) não é amado. O Amor não é amado”. As coisas do mundo vão parecer muito mais atrativas, muitos shows vão surgir, muitos convites para baladas, para viagens com amigos: praia, chácaras, fazendas, colônias, sol, churrascos, bebidas, diversões. Não quero nem entrar aqui na questão dos “ovos de chocolates” que nada tem haver com o sentido real da Páscoa do Senhor e nem da fartura de peixes, moquecas, bacalhau, camarão…
Mas é preciso que fique claro, que se trata da última semana de Deus em sua humanidade. E, como cristãos, é nosso dever participar junto com nossos irmãos de todas as solenidades da Paixão de Cristo. É preciso respeitar esses dias que são de jejum, penitência e silêncio.
Enfim, faço um convite do fundo do meu coração: após a procissão, não fique no sepulcro com o Senhor na sexta-feira da Paixão, ressuscite com Jesus. Não deixe Ele no sepulcro como muitos irmãos e irmãs fazem todos os anos. Deixe o Senhor também retirar a pedra do seu sepulcro interior, pois será a Páscoa, onde surge à vida, onde se vive a caridade no serviço do próximo. Estes são os sinais de que Jesus Cristo continua ressuscitando hoje.
Pois bem, não deixem de participar das celebrações que está havendo nas Igrejas. Por fim, desejo-lhe uma abençoada e Santa Páscoa para você e os seus! Fraternalmente:
Padre Edson Alves de Oliveira.
Paróquia São José Operário de Guaxupé-MG.
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