Um pedaço de papel faz a diferença
Nos últimos tempos, nunca se falou tanto em Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa visibilidade está fazendo as pessoas acometidas deixarem de ser invisíveis pela sociedade. Muitas leis começaram a surgir e serem aprovadas no Brasil justamente para facilitar a vida e dar mais dignidade a estas pessoas. Em 2012, a Lei Berenice Piana, que homenageia a ativista com mesmo nome, mãe de filho com autismo, estabeleceu que as pessoas com o TEA seriam consideradas deficientes, e, portanto, teriam todos os direitos previstos em lei para o grupo. Incluindo o atendimento prioritário.
O atendimento prioritário é essencial para a pessoa com autismo. Elas muitas vezes não possuem noção temporal para ficar horas esperando em uma fila. Em alguns casos, pode gerar crises, consequentemente, a pessoa pode se machucar. Existe também a questão do julgamento que pais e responsáveis enfrentam ao tentar pegar uma fila de atendimento prioritário. Sabemos que o autismo é uma deficiência invisível, muitas pessoas direcionam olhares tortos e até chegam a intimidar. Pais ou responsáveis que têm uma pessoa autista em casa geralmente dedicam a vida para cuidar, por isso é preciso ter estas leis para melhorar a qualidade de vida, tanto dos autistas quanto de quem cuida.
Pensando nos autistas guaxupeanos, no ano passado, foi aprovada pelos vereadores e sancionada pelo prefeito a lei para emissão da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), sendo de responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde. Sete meses já se passaram e ninguém viu uma carteirinha sequer. Mães já procuraram emitir tal documento, mas não conseguem.
A Ciptea serve principalmente para identificar esse transtorno invisível e dar prioridade em atendimento em locais públicos ou privados. O absurdo está quando mães emitem o documento em Poços de Caldas, mesmo tendo o direito de fazer em Guaxupé. Outras ao menos sabem da existência da lei.
Em pouco tempo poderia ser confeccionada uma carteirinha, até mesmo através de um sistema simplificado pela internet. Infelizmente, a gestão dr. Heber vem tratando essas pessoas como invisíveis. Pode ser uma pequena parcela da população, mas não deixam de ser seres humanos que precisam de atenção e dedicação do poder público. Se gasta tanto em publicidade de Carnaval e Natal de Luz, mas deixam de dar visibilidade a uma lei em prol daqueles que lutam para deixarem de ser invisíveis e ter o mínimo de atenção.
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