Curados para ajudar a curar uma humanidade cada vez mais doente

Curados para ajudar a curar uma humanidade cada vez mais doente

Ninguém duvida que o nosso mundo é doente. Apesar de todo avanço científico e tecnológico, nunca como em nosso tempo as pessoas estiveram tão doentes. Além da proliferação do câncer nas suas inúmeras e diversas manifestações, e da grande batalha contra o novo coronavírus, vemos cada vez mais pessoas adoecerem psiquicamente: síndrome do pânico, ansiedade, depressão, esquizofrenia e outros tantos transtornos.

É inegável que muitas das doenças do nosso tempo são fruto da pobreza, da fome, da desnutrição e da má alimentação; outras, são consequência de ambientes marcados por violência e agressão. Algumas doenças são provocadas pelo vício da bebida alcoólica, do cigarro e de outras drogas, enquanto outras são consequência do estresse no mundo do trabalho, marcado por conflitos e por uma constante exigência de “resultados”. Por fim, temos “doenças novas” devido ao vício do celular. O tempo excessivo que algumas pessoas passam diante do celular ou do computador, seja nas redes sociais, seja na infinidade de jogos que a internet oferece, adoece tanto o corpo (sedentarismo) quanto a alma (transtornos emocionais e mentais). Ora, as doenças estão aí não simplesmente para serem combatidas e curadas, mas para nos dizerem que precisamos mudar nossas atitudes, mudar nossa maneira de entender a vida, de lidar com os conflitos e com as adversidades normais da existência. As doenças estão aí para nos lembrar de que estamos dando prioridade ao que não é prioritário, desrespeitando nossos limites e nos desumanizando; estamos nos alimentando de leituras, de ideologias (de direita e de esquerda), de comida, de bebida e de pessoas tóxicas. Enfim, as doenças estão aí para nos lembrar que comemos alimentos industrializados e processados, ao invés de comida caseira; bebemos refrigerante ou cerveja, no lugar de água ou suco natural, tudo isso somado à falta de disposição e de disciplina em fazermos exercícios físicos ao menos três vezes por semana.

Na época de Jesus, toda doença era entendida como castigo de Deus. Não bastasse estar sofrendo com a doença, a pessoa enferma se sentia não amada por Deus; até mesmo, esquecida e abandonada por Ele! Mas Jesus vem e nos revela algo extraordinário: o Deus em que nós cremos não é o “Deus dos justos”, das pessoas corretas, boas e saudáveis, mas o “Deus dos que sofrem”! Cada cura que Jesus realizou, foi para deixar claro que “Deus é, antes de mais nada, o Deus dos que sofrem o desamparo e a exclusão”. AO CURAR UM ENFERMO, JESUS O LIBERTA DA IMAGEM DEFORMADA E DOENTIA QUE TINHA DE DEUS. JESUS É O MÉDICO DA HUMANIDADE. Nós o vemos (Jesus) no evangelho de Marcos 1,29-39, entrando na casa de Pedro e curando sua sogra: “Jesus se aproximou dela, tomou-a pela mão e a fez levantar-se” (Mc 1,31). “Jesus curou muitas pessoas, que eram atormentadas por várias doenças, e expulsou muitos demônios” (Mc 1,34). Na pessoa de Jesus Cristo se cumprem as palavras do Salmo 147,3: “Ele conforta os corações despedaçados, ele enfaixa suas feridas e as cura” (Sl 147,3). Todos nós temos feridas. Muitos de nós temos alguma doença ou enfermidade e necessitamos de cura. No entanto, sempre que procuramos por Jesus para sermos curados, precisamos nos lembrar da sua pergunta aos dois cegos, que lhe pediram para serem curados: “Vocês creem que eu lhes posso fazer isso?” (Mt 9,28). Nunca podemos nos esquecer de que, embora Jesus tenha o poder de curar todo tipo de doença e enfermidade, ele sempre deixou claro que a porta de entrada para a cura é a fé: “Filha, a sua fé salvou você. Vai em paz e fique curada de sua doença” (Mc 5,34). Além disso, precisamos estar dispostos a modificar aqueles comportamentos que costumam nos adoecer, pois não teria sentido pedirmos a Jesus a cura quando não nos dispomos a mudar atitudes que alimentam ou provocam doenças em nós e no ambiente à nossa volta.

Após curar inúmeras pessoas, Jesus se retirou para se colocar na presença do Pai, em oração: “De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto” (Mc 1,35). Quem cuida dos outros precisa cuidar de si também. A oração é aquele momento em que permitimos que Deus cuide de nós, que nos liberte de pesos desnecessários que não nos cabem carregar, porque permitimos que os outros os colocassem sobre nós.

Padre Edson Alves de Oliveira.

Paróquia São José Operário.

Guaxupé-MG.