O “imperador” Abelardus
Mais uma notícia da política local incendeia a nossa cidade. A população foi pega de surpresa com a notícia da demissão da gestora da Santa Casa, Denise Sgavioli e o pedido de desligamento do Corpo Clínico da entidade, composto por 20 médicos.
A surpresa está no fato de que, desde que houve a composição do Conselho, liderado pelos doutores, Gonzaga e Renato, e a nomeação da gestora Denise, quase não se ouviu mais reclamações ou divergências envolvendo a instituição e o corpo clínico.
Em entrevistas, o prefeito somente se pautou em insinuar que a gestora não estaria alinhada a ele e, portanto, não seria de sua confiança. Mas o pior é que Abelardinho não diz claramente onde Denise quebrou sua confiança. Deixa tudo ignoto e sem respostas. Na verdade, já falamos aqui, neste espaço, que o prefeito não engoliu, desde o início, a nomeação da Denise (indicada pelo Conselho, com aval do Ministério Público). O prefeito, na época, queria a continuação do dr. Mouzart na direção da Santa Casa.
Em entrevista na terça-feira, antes do anúncio oficial da demissão da gestora, dr. Gonzaga abriu o coração e se emocionou ao falar que, praticamente, humilhou-se ao prefeito, pedindo que reconsiderasse sua decisão, porém, sem sucesso. Emocionado, nesta mesma entrevista, Gonzaga comparou, então, Abelardinho, a um Imperador, diante de sua irredutibilidade.
Óbvio que trata-se de uma metáfora. Todavia, guardadas, claro, as devidas proporções, citamos o Imperador Nero, que contrariado em seus atos, foi o responsável pelo grande incêndio de Roma que teve início na noite do dia 18 de julho de 64 d.C., afetando 10 das 14 zonas da antiga cidade de Roma, três das quais foram completamente destruídas. O fogo alastrou-se rapidamente pelas áreas mais densamente povoadas da cidade, com as suas ruelas sinuosas. Não precisamos descrever aqui as consequências deste ato para o povo.
Como dito, são situações diferentes, no caso de Bariri, só lembramos do terrível Imperador para dizer que o prefeito brinca com fogo, ou seja, usando seu poder, trata descuidosamente de cousas perigosas.
O ato de mostrar quem manda é digno, realmente, dos grandes imperadores da Roma antiga e deixa a população temerosa em relação ao futuro da Santa Casa. Não se questiona o poder discricionário de decidir do prefeito, mas algumas questões não fecham: Por que Abelardinho mexeu no que estava dando certo? Por que quer colocar cargos políticos dentro da Santa Casa, sendo que, num passado não muito distante, essa prática não deu certo, mesmo que isso coloque em risco o atendimento da população?
São perguntas que esperamos respostas, se não do prefeito, mas do Ministério Público e da Câmara Municipal.
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