“Eticidade”
Nesta edição, serão abordados movimentos existenciais relacionados aos elementos que antecedem a ética.
Quando esse assunto aparece, ainda que seja necessário para a composição em grande parte das relações, nem sempre ele é determinante em algumas pessoas. Para que isso seja compreendido, fatores diversos terão que ser considerados.
Quando uma sociedade, por exemplo, estabelece um “código de ética”, normalmente objetivará orientar os caminhos e que, uma vez o código estabelecido, este, apontará como ponto de partida, para encaminhamentos de caráter mais geral, no qual alguns quesitos de maior especificidade, muitas vezes, pelo fato de antecederem a ética, poderão não estar presentes necessariamente de forma explícita no código, e assim carecerem tais instruções. Muitas vezes, uma instrução de ética, poderá, digamos, precisar até mesmo, de bom senso para que seja estabelecida. Algumas vezes, um “código de ética” pode ficar excessivo quando, por exemplo, não considerados alguns elementos, e que só a partir deles é que se criaria uma cartilha de instrução, ou seja, elementos estes que antecedem a instrução, como mencionado acima. Um exemplo bem próprio seria a eticidade e, a partir dela, as normativas. Algo assim poderá minorar o excesso que a formalidade poderá impor, ou seja, estabelecer normas que se tornem difíceis de enquadrar um acontecimento, um comportamento. Algumas vezes são feitas exigências éticas para realidades que necessitam antes, de eticidade, como já mencionado.
A eticidade tem como próprio, oferecer termos que possibilitam movimentos amistosos, tais como: conversação; urbanidade; etiqueta como dose de bom senso para discernir, como lidar com as pessoas. São coisas que, se no curso da vida, nem sempre se apreende, e desta forma ao se deparar com um “código de ética”, poderá a pessoa estranhar as formulações. Vamos a um exemplo, bem do cotidiano, que o sistematizador da Filosofia Clínica usou em uma de suas conferências: “Coisas elementares como conversar com outra pessoa. Às vezes, há pessoas com quem a gente conversa, que simplesmente nos atropelam! Interrompem! Você está contando algo da sua vida à pessoa, e ela nem ouviu o que você disse, e já começa a contar da vida dela. Nota-se, que a pessoa tem uma necessidade tremenda de falar de si mesma e, consequentemente, não se detém para ouvir. Isso é só um exemplo, pois existem aqui muitas outras coisas sobre conversação.” (Packter). O exemplo aqui citado é, na prática, um movimento que não aparecerá provavelmente em um “código de ética”, mas que o antecede, propriamente. Estabelecer em uma sociedade, por exemplo, normativas com quem não é capaz de ouvir, refletir e assimilar, poderá ser difícil. É preciso entender que não se trata, muitas vezes, de maldade da pessoa, mas simplesmente os dados axiológicos, provavelmente, não são determinantes na Estrutura de Pensamento dela e, com isso, ela age de uma forma que nem ela mesma percebe. Em outras palavras, quem sabe, a vida não lhe ensinou, não lhe proporcionou um aprendizado sobre isso.
Outro exemplo que se faz bastante presente no dia a dia de muitos: duas pessoas de uma longa amizade estão a conversar e, de repente, uma diz para a outra que deseja partilhar com ela determinado assunto. Então, a outra pergunta sobre o que se trata. Ela diz se tratar de alguns problemas referentes aos estados afetivos para com a pessoa com quem convive. Depois de partilhar o assunto, discretamente solicita que a pessoa não partilhe o assunto com ninguém. Pois bem, considerar o que foi solicitado pela pessoa, ou seja, guardar a informação, demonstra no mínimo, bom senso, sinal de educação, pelo menos nesta época em que vivemos. Nota-se que tanto este exemplo, como o de Packter, não estão se referindo necessariamente a ética, mas a eticidade, ou seja, poder-se-ia dizer à etiqueta. Estas são questões que permeiam amistosamente as relações que antecedem, muitas vezes, os “códigos”. Packter dirá que “há questões que são anteriores a ética. Questões que, sem as quais nada podemos quanto a questões éticas”, ou seja, a eticidade em seus movimentos que são permeados por etiqueta; urbanidade; bom senso etc.
Por fim, este assunto não pretendeu entrar em questões de ética, mas sim nos movimentos que a antecedem, contudo, movimentos estes, que nem sempre acontecem. O que faz com que estes nem sempre aconteçam é o fato dos dados axiológicos, basicamente, nem sempre serem determinantes da Estrutura de Pensamento de uma pessoa (lembrando que poderá não haver maldade). Há tantos contrastes, inclusive e, sobretudo culturais que, no consultório, muitas vezes em determinados assuntos, até mesmo antes de tratar de ética, pela Historicidade da pessoa, essas questões apresentadas necessitam serem consideradas. Lembrando que: este é um assunto bem complexo! Aqui apenas alguns pressupostos e alinhavos.
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