“A novidade poderá não estar nas ideias novas, mas em conseguir escapar das antigas”

“A novidade poderá não estar nas ideias novas, mas em conseguir escapar das antigas”

*O tema deste artigo foi inspirado em uma conferência com Lúcio Packter. 
Pois bem, a época em que vivemos, está a oferecer informações com variantes diversas em seus conteúdos através dos muitos meios, sobretudo, através do mundo da tecnologia, que não poucas vezes, são como iscas a serem pegas nos mais diversificados discursos. 
Dentre as pessoas, há posicionamentos dos mais variados e é possível até admitir que seja assim, pois as pessoas são únicas em suas composições, isto porque variados são os termos agendados, propiciando uma visão singular do mundo e de si mesma, no qual, pela cultura, muitos dos agendamentos são prévios a própria conceituação, mais os significados, como também valores etc. Tudo isso, portanto, poderá recepcionar as informações chegadas com muitas variantes, no modo de pensar das pessoas.
Desta forma, perceber-se-á que há pessoas que guiam seus próprios elementos existenciais, aonde as contribuições vindas de fora, pouco influenciarão, determinarão sobre elas. Poder-se-ia dizer, mas não sempre, que são pessoas que não se deixam influenciar pelo meio, pois orientam-se a partir das dinâmicas internas. O que vem de fora, para que tome forma de direção a elas, terá que passar por um filtro e após uma série de “conversações” internas, as quais poderão permitir se orientar por determinada informação. Outras vezes, não conseguirão, mesmo entendendo a pertinência de determinado “aconselhamento”, de determinada orientação, pois alguns conceitos prendem-nas tanto em antigos agendamentos, que a novidade estaria não na nova ideia, mas sim em conseguir escapar das antigas ou de algumas das antigas concepções.
Por outro lado, outras pessoas se apresentarão de forma a acolherem bem a “nova ideia”, com muita facilidade. Para tais pessoas, as opiniões, orientações, sugestões serão sempre bem-vindas, e entendem que coisas assim abrem espaços novos, estimulam a criatividade, pois são pessoas recíprocas às sugestões. Contudo, faz-se necessário considerar, que nem sempre o que chega à pessoa, dialogará facilmente com o arcabouço linguístico existencial dela. Algumas vezes, os agendamentos são estranhos a Estrutura de Pensamento da pessoa e, assim sendo, se fará necessário um cuidado, pois, por exemplo, assim como um alimento poderá fazer mal para o corpo, também um conceito poderá, estando fora da base categorial da pessoa etc., gerar dissabores. Desta forma, os elementos éticos precisarão, não poucas vezes, fazer parte dos processos de agendamentos, sobretudo no consultório. É muito delicado se propor em “rede aberta”, conceitos que, muitas vezes, só farão bem a quem propõe, pois é assim para ela e será pouco provável que assim o será para quem estiver recebendo os conteúdos. Coisas assim, poderão entrar em “efeito cascata”, pois uma pessoa ao receber determinado conteúdo, mesmo que este seja sem pertinência, não só vir a aceitar, como também vir a dar continuidade, propiciando, muitas vezes, fatores de ordem até sociais, “convulsionando” o tecido social. Algumas pessoas são caracterizadas por serem, como que, promotoras de discursos, independente do teor do mesmo. Desta forma, o elemento que gravita a ética, não está, muitas vezes, nestas pessoas que aceitam, promovem e fomentam os discursos, mas, de repente, nas que criam discursos desproporcionados e principiam a veiculação, levando muitos a se direcionarem através destes trânsitos conceituais. 
Como abordado acima, esta é uma realidade presente, sobretudo no consultório. Nota-se, que muitas pessoas chegam com agendamentos diversos e, não poucas vezes, distantes da base categorial delas... São agendamentos que se mesclaram, ou seja, dados que vieram de fora querendo dialogar com os já situados dentro delas e, como já mencionado, pouco amistosos entre si, pois o dado novo, ou seja, a nova ideia não consegue interagir com a antiga. Há conceitos antigos que prendem a pessoa de tal modo que, esta, não conseguirá dar sequer um “passo” à frente, conceitualmente falando. Sem contar, aqueles dados em que a pessoa por si só intenciona como direção e nem se dá conta de que está se dirigindo para um precipício existencial. Alguns agendamentos, ainda que pareçam interessantes, nem sempre são para a pessoa e nem sempre servirão de contributo a ela, pois, muitas vezes, a pessoa carece de compreensão e só depois de uma lapidação, em alguns casos, poderá contribuir.  Contudo, pelo fato de, muitas vezes, não se levar em conta a Estrutura de Pensamento da pessoa, tal procedimento poderá dificultar a compreensão, pois, ainda que haja plasticidade na Estrutura, nem sempre a conversação será fácil. Se a informação for sugerida, por exemplo, para a sociedade como um todo, de forma universal, será ainda mais complexa e ficará, provavelmente, mais difícil de medir as proporções.