Um sonho não realizado

Um sonho não realizado

Algumas pessoas não sonham nem mesmo enquanto estão dormindo. São tão realistas que acabam se tornando pessimistas. Acreditam que tudo tem o seu lado mau. Assim, quando ganham uma rosa, têm a certeza de que vão ferir o dedo com os espinhos. Vítimas dessa maneira de pensar, acabam não sentindo o perfume da rosa nem da vida. No outro extremo então as pessoas sonhadoras, aquelas que sonham até mesmo acordadas. Esse é o caso da Felisberta. O nome é fictício, pois o verdadeiro não foi divulgado pela mídia, mas os fatos são verídicos. Já na “casa” dos 60 anos, aposentada, moradora de Osasco, Felisberta leva uma vida simples, mas confortável. Entretanto, parece que falta alguma coisa para ela se considerar realizada. Talvez um espaço que não tenha sido preenchido em seu coração. Apesar desse detalhe, ou por causa dele, ela jamais deixou de acreditar que um dia ainda encontraria seu príncipe encantado. E passou a vida no ritmo daquele samba-enredo que garante que “sonhar não custa nada!” Mas às vezes custa. Principalmente se o sonho for dourado - como aquele de morar em Los Angeles, nos Estados Unidos. 
Ela estava navegando pacificamente nas águas do oceano da internet quando sofreu uma abordagem. Não de piratas, mas de um norte-americano cuja vida sentimental estava à deriva - saindo de um casamento conturbado, com um divórcio tão litigioso quanto caro. Ele já gastara uma fortuna, mas ainda havia contas a pagar. O homem nem queria tocar nesse assunto tão delicado. Queria apenas o amor da aposentada, que seria suficiente para ele não naufragar. E, quando estivesse tudo certo, viria buscar a brasileira para viverem em Los Angeles até o fim de seus dias. Claro que Felisberta se entusiasmou. Estava tão apaixonada quanto o norte-americano. Fez até uma cirurgia plástica. Mas quando o seu sonho seria realizado? Quanto tempo ainda teria que esperar? Não teve dúvidas: vendeu o seu carro e uma de suas casas e enviou R$ 208 mil para o seu amado. Por sorte, o norte-americano tinha um grande amigo aqui no Brasil. Ela depositou a importância na conta desse rapaz, que se encarregou de enviá-la ao exterior. A partir daí, ela ficou a ver navios. Ou melhor, não viu navios, nem o amado e muito menos o dinheiro de volta. Ela ficou indignada. Entrou na Justiça pedindo que o banco ressarcisse o seu prejuízo. Como uma instituição financeira admite um estelionatário como cliente? Perdeu a ação. Como uma brasileira aposentada poderia acreditar que um ator do gabarito de Johnny Depp, que vive entre as maiores beldades do mundo, estaria apaixonado por ela? Acredite se quiser, mas o meliante se fez passar pelo referido ator, que conquistou muita fama e dinheiro com a série de filmes “Piratas do Caribe“.
Mas os piratas não estão apenas nos mares. Já surgiram os do espaço. Como aquele astronauta russo que estava perdido nos céus e precisava de dinheiro para conseguir pousar na Terra. Parece mentira, mas ele conseguiu R$ 160 mil de uma japonesa de 65 anos. Ao menos esse não foi tão desonesto quanto o pirata dos mares: não prometeu levar a sua benfeitora para morar no espaço.