Nenhum ser humano é somente um tipo de terreno

Nenhum ser humano é somente um tipo de terreno

Que tipo de solos nós somos? Só seremos bons solos se criarmos raízes bem profunda com a palavra de Deus. Temos que aprofundarmos nossas raízes, se não qualquer situação de geada, pancadas de chuvas, cruz faz sapecar e morrer a semente que iria produzir frutos em nós.

Dado o exposto, Jesus nos convida a revisar o terreno da nossa alma, isto é, a maneira como ouvimos a Palavra de Deus.

Principalmente nas diversas áreas da nossa vida –Seja ela: afetiva, profissional e espiritual –, nós queremos resultados. Quando eles não vêm, nós abandonamos o projeto que havíamos abraçado e vamos em busca de outro. Nós estamos cada vez mais imediatistas: queremos colher hoje o que plantamos ontem. Esquecemos de que os resultados que mais desejamos em nossa vida só surgirão se o processo for respeitado. Qual Processo é esse? Semear, germinar, crescer, florescer e frutificar é um processo. Portanto, quando não vemos os resultados (frutos) que esperamos, precisamos nos perguntar, primeiro, se nós lançamos as sementes certas. Afinal de contas, como é possível colher aquilo que não plantamos? Em segundo lugar, é preciso perguntar se estamos respeitando o processo, o que significa não sermos imediatistas.

 

Jesus é ao mesmo tempo o Semeador e a semente! Ele semeou o Evangelho em todo tipo de terreno, isto é, no coração de toda e qualquer pessoa. Mas o resultado dessa semeadura foi decepcionante! Dos 100% das sementes lançadas, somente 25% frutificaram; os outros 75% se perderam! O que você faria se se empenhasse 100% numa causa, num projeto, e visse que o resultado final foi bem-sucedido somente em 25%? Você abandonaria o projeto? Você se encheria de desânimo, de pessimismo e deixaria de semear?

 

Quando nos doamos 100% para uma causa e vemos que o resultado foi de apenas 25%, não há como não nos sentirmos fracassados. Jesus certamente se questionou sobre isso, mas ele entendeu que o problema não estava nele – Semeador –, nem na semente – Evangelho; o problema estava no tipo de terreno, ou seja, na forma como as pessoas ouviam e acolhiam a sua Palavra. Assim como a semente só pode germinar num terreno arado (aberto para receber o que ali é semeado), assim a eficácia da Palavra de Deus depende absolutamente da boa disposição da pessoa em ouvir, acolher e esperar, até que a Palavra se cumpra, a exemplo de Maria: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

 

Segundo Jesus, três atitudes nossas neutralizam a eficácia da Palavra de Deus em nós. A primeira é a distração ou a desatenção com que ouvimos a Palavra: O primeiro se refere à semente que pode ser ciscada pelos pássaros. É o nosso medo do sofrimento, em relação ao caminho da cruz, tantas vezes abordado por Jesus e a busca incessante de realizações, de êxito. É como aquela pessoa que vê na possibilidade de exercer um serviço eclesial, como uma ocasião de prestígio, de ter status.

O Maligno é também a distração em nossas celebrações (a pessoa que conversa ao lado, o celular, a falta de esforço em se concentrar...). A segunda atitude é a superficialidade: a pessoa se alegra ao ouvir a Palavra de Deus, “mas não tem raiz em si mesma, é de momento: quando chega o sofrimento ou a perseguição, por causa da palavra, ela desiste logo” (Mt 13,21). Esse terreno, o pedregoso é a imagem da pessoa que tem uma religiosidade baseada na emoção e não no compromisso. Essa é a grande marca do nosso tempo: ser de momento, ser movido pela emoção e não suportar contrariedade ou adversidade justamente por viver segundo o Evangelho.

Enfim, a terceira atitude que é o Terreno espinhento, é o caso das pessoas que abandonam o caminho cristão por causa das grandezas falsas do mundo e da sedução das riquezas. Ouviram o Evangelho, mas se interessaram mais pelos negócios, pelos lucros, pelo trabalho, pelo lazer, as coisas pessoais, que só buscam o dinheiro, a fama, o poder. a pessoa “ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ela (a pessoa) não dá fruto” (Mt 13,22). E se deixar seduzir pelas ilusões do mundo, que nos prometem bem-estar e sucesso, a segunda opção é muito mais atraente!

 

Então, onde você se encontra: entre as 75% de pessoas que não se deixam transformar pela Palavra de Deus, ou entre as 25%, que se dispõem a fazer um caminho com Deus. Com quem você prefere estar: com a maioria ou com a minoria? Como você reage, quando a Palavra de Deus é contrária à sua vontade, aos seus desejos? Lembre-se do que disse Santo Agostinho: “A palavra de Deus é o inimigo da tua vontade, até tornar-se originador da tua salvação. Então, a palavra de Deus também estará em harmonia contigo”. “Quem tem ouvidos, ouça!” (Mt 13,9). Na Sagrada Escritura, ouvir significa obedecer.

 

Cada um de nós precisa escolher como avaliar a sua vida: se a partir dos resultados ou se a partir dos processos. Mais importante do que ver mudanças rápidas (resultados) em nossa vida é iniciar processos – lançar diariamente as sementes das mudanças que desejamos; sobretudo, as que Deus quer para cada um de nós. Por isso, ao invés de lamentar pelos frutos que não surgem no campo da nossa existência, perguntemos se temos lançado as sementes desses frutos.

 

O quarto terreno, "a terra lavrada e boa", é o símbolo do coração que escuta o Evangelho, procurando compreendê-lo e praticá-lo na vida.

Portanto, agora eu pergunto: em qual terreno está o meu é o seu coração? Aliás, ninguém é um só tipo de terreno.