Os amigos do rei

Os amigos do rei

A partir de 1808, quando a sede do governo de Portugal se transferiu para as terras de possessão americana, foi percebido por funcionários e comerciantes que ser amigo do rei e estar perto da corte era vantajoso e era fundamental tal proximidade. Esse vínculo dava prestígio social, empregos, negócios, títulos de nobreza e proteção. No Rio de Janeiro, melhorias importantes aconteceram para abrigar da melhor forma a corte tropical. Eles contavam com a contribuição dos ricos moradores, que, em troca recebiam benefícios do então regente D. João.

Essa prática de dar, receber e trocar era comum. Era uma marca da monarquia portuguesa com os seus súditos. Aqueles que eram amigos do rei, dominavam a corte, que parecia atender apenas os interesses desses privilegiados. Aqueles que estavam fora do meio de prestígio, indignavam-se e reclamavam.

Nos tempos atuais, nas terras dos coronéis do café, nada mudou. Quem convive no círculo do pediatra metido a rei tem seus benefícios. Nesta semana veio à tona uma situação bem suspeita. Um empresário da cidade gravou um vídeo colocando em xeque uma licitação de doação de terreno, localizado no Polo da Moda. Pois bem, segundo ele uma empresa que já tem uma área, construiu o prédio, mas há quatro anos ainda não gerou nenhum emprego. Nesta licitação, essa mesma empresa ganhou mais área e ele [o empresário] que também entrou com pedido não conseguiu.

O tal vídeo gerou muita repercussão nas redes sociais, a população está colocando pressão nos vereadores para fiscalizarem tal licitação. Para quê doar mais área a uma empresa que não gerou nenhum emprego até o momento? Seria mais um amigo do rei tendo benefícios para deixar a área embargada sem dar retorno ao município?

Enquanto tem amigos do rei sendo presentado com terrenos, os moradores do bairro Residencial Fazenda Planalto que ralam para pagar seus terrenos sofrem com o esquecimento do bairro, como você vai ver na matéria de capa desta edição. Falar até papagaio fala, queremos ver os vereadores cumprirem com a palavra de levar as demandas ao Executivo e cobrar as melhorias. Ah, também queremos saber se vai ter a fiscalização da doação do terreno, se vão ter pulso para investigar.

Sabemos que até no Legislativo tem os amigos do rei e eles não merecem a cadeira que ocupam. O povo agora está cobrando e ninguém moveu uma palha. A população precisa de uma resposta sobre a suposta ‘máfia dos terrenos’. Vamos aguardar (melhor sentados) por uma explicação.