Diretora de Educação esclarece resolução sobre carnaval nas escolas e desmente suposta proibição de festas juninas e afins; “Tudo aquilo que vai excluir um aluno, temos que repensar”, diz Cinira

Após um novo protocolo assinado pela Diretora Municipal de Educação de Bariri, Cinira Mazotti, ser enviada às escolas da Rede Municipal de Ensino nos dias que antecederam o carnaval, rumores de que a administração proibiria festividades juninas e outros eventos semelhantes nas escolas tomaram conta das redes sociais.
Para esclarecer o assunto, o jornalista Paulinho Camilo, da 91 FM (Sistema Belluzzo de Comunicação), fez uma entrevista exclusiva com Cinira na última semana. A entrevista, na íntegra, foi exibida em primeira mão, no Jornal Primeira Página.
Cinira esclareceu que desenvolve seu trabalho à frente da Educação, baseando-se nos princípios constitucionais da administração pública (legalidade, igualdade, moralidade, publicidade e eficiência). Ela disse que luta para garantir, por meio de redes de aprendizagem, os direitos das crianças.
“A Educação tem todo um aparato legal que regulamenta e tem documentos que nos orientam como devemos trabalhar para garantir o direito de aprendizado. Com relação à festa do carnaval feita nas unidades escolares, percebemos que quando fazemos essas festas, algumas crianças não participam. Por questões familiares, nem vão para escola nesses dias, porque não podem participar. Quando a escola oferece uma atividade em que um aluno não pode participar, eu não estou garantindo, para esse aluno, o direito que ele tem de ter 200 dias de ano letivo. Isso porque a escola promoveu uma atividade da qual ele não pode participar. Eu estou negando o direito desse aluno de ter 200 dias letivos. A segunda questão é que nem todas as crianças podem ter a fantasia”, explicou Cinira.
A diretora continua comentando um exemplo real, de um caso ocorrido na rede municipal de Bariri e relatado durante uma reunião entre diretores das escolas do ensino fundamental.
“Uma família levou a criança nesse dia, a mãe não tinha autorizado a fantasiar e pintar o cabelo. Chegou na escola, ele pegou tinta de outro aluno e pintou o cabelo. Quando a mãe chegou para buscá-lo, ele estava com o cabelo pintado e a criança começou a chorar desesperada. Ele fez para se sentir incluído dentro daquela atividade. Para se sentir pertencente àquele momento que a escola estava promovendo. Você acha justo isso? é justo eu estabelecer, num ambiente escolar, uma prática de justiça e de igualdade”, questionou Cinira.
Na sequência, Paulinho Camilo perguntou sobre a questão cultural, visto que o Carnaval é uma festa popular e folclórica. O jornalista questionou como a Educação Municipal irá trabalhar essa cultura junto aos estudantes.
Cinira explicou que a cultura carnavalesca será abordada por meio de atividades pedagógicas, dentro de sala de aula, que incluam todos os alunos de maneira igualitária.
“São atividades pedagógicas intencionais. O carnaval é uma festa cultural; dentro desta perspectiva cultural, vamos trabalhar, com as crianças e adolescentes, atividades nas quais nós temos finalidade e intenção para a criança aprender sobre essa festa. Tem várias atividades que as professoras foram fazendo para trabalhar nisso. Por exemplo, no próprio sistema de ensino, tem um momento que vamos trabalhar a questão da máscara (não só a máscara de carnaval), mas como surgiram as máscaras, a finalidade, tipos, origem, diversidades de máscaras e etc. Vamos trabalhar com essas atividades, só não vamos promover um baile de carnaval, porque eu não tenho condições de tirar as crianças da escola e nem promover discriminação; não posso deixar que a criança fique encostada na parede por não ter roupa, fantasia ou permissão da mãe”.
Sobre as festas de aniversários nas escolas, Cinira também explicou que as comemorações individuais não serão mais permitidas, já que nem todas as crianças têm condições de fazer. A comemoração dos aniversariantes de cada mês será coletiva.
“Quando você faz a festa, também acaba ocupando um tempo que seria para uma atividade pedagógica. Nem, todas as crianças e pais têm condições financeiras de fazer essa festa. Então, a proposta foi a seguinte: na última sexta-feira de cada mês, a escola vai fornecer, dentro das prerrogativas da nutrição escolar, um bolo para que todos os alunos de determinada escola comemorem os aniversariantes daquele mês. A escola oferecerá o bolo e canta-se parabéns para àqueles que são os aniversariantes do mês. Todos os alunos serão beneficiados com a comemoração que a escola vai proporcionar. Temos que pensar em boas práticas pedagógicas para que o aluno seja incluído; tudo aquilo que vai excluir um aluno, temos que repensar”, salientou a diretora.
Sobre as comemorações da Páscoa, Festa Junina e festas folclóricas, Cinira deixou claro que não existe nenhuma proibição, apenas uma readequação dentro dos valores da comunidade escolar. Segundo ela, um levantamento do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), mostra que a avaliação de Bariri no sistema está baixa por conta da desigualdade educacional promovida no município.
“O Fundeb criou uma complementação para os municípios. Mas, para que os municípios recebam essa complementação, foi criado algo chamado “valor/aluno/ano/resultado”. O sistema condicionou o município a readequar algumas coisas para receber esse quesito. Esse ano, muitos municípios no Brasil vão receber mais R$ 5 milhões dessa complementação. Bariri não está na lista. Uma das condicionantes que está pegando mal para Bariri é justamente a desigualdade educacional. Segundo é que o município não caminhou na aprendizagem, segundo o critério do Fundeb. Vamos investir, não só por conta da complementação financeira, mas pelo direito que todas as crianças no município estejam no mesmo nível de aprendizado. É importante que não haja desigualdade educacional dentro das nossas unidades. Tudo aquilo que for para incluir e gerar igualdade e direito de todas as crianças, vamos trabalhar com conversa, diálogo e estudo. Estamos fazendo tudo com muito cuidado, porque o nosso olhar é para o aluno”, finaliza Cinira.
O Noticiantes agradece ao jornalista Paulinho Camilo e à 91FM, por cederem o conteúdo da entrevista exclusiva para nossa reportagem. Ressaltamos o importante trabalho de Paulinho para esclarecer fake news que circulam nas redes sociais e distorcem informações.
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