Motorista acusada de agredir Myrella Soares protocola pedido de impeachment contra vereadora

“Sofri um pedido de cassação, por incrível que pareça, pela mesma pessoa que me agrediu no dia 03 de janeiro. A mesma pessoa que feriu meu corpo, agora vem querer ferir a minha imagem, querer abalar a minha credibilidade, justamente porque ocorreram as oitivas por conta dessa questão da agressão. Justamente para tirar o foco, para colocar a Myrella como uma pessoa horrível, como uma pessoa que, de alguma forma, merecia aquela agressão. Como se alguma agressão, em algum momento, tivesse justificativa. Nós trabalhamos sempre para defender os direitos das mulheres; para defender que as mulheres tenham proteção e um discurso. É uma calúnia sem tamanho! Estão querendo me punir por uma situação onde eu estava trabalhando, a pedido da diretora. Eles se incomodam justamente por eu estar trabalhando, pelo potencial que eu tenho. Não sou uma pessoa que chegou ontem; tenho anos de casa na área da saúde; eu tenho formação, sou pós-graduada em saúde pública e também em gestão pública. As pessoas têm que tomar cuidado com aquilo que elas falam, com aquilo que levantam, tudo baseado em vingança, em achismos. Tenho as costas largas, justamente por ser uma vereadora que enfrenta, que bate de frente e questiona. As pessoas se acham no direito de colocarem tudo na minha conta, quem foi transferida, a culpa da Myrella, sendo que eu nem tenho cargo ou poder algum de fazer qualquer tipo de execução de serviço ou de política pública. Tem gente que não aceita meu trabalho; que não aceita minha representação. Tem gente que não me aceita! Mas paciência... o meu mandato continua em pé. Vou lutar até onde eu puder para manter esse meu mandato. O meu mandato não é o mandato da vereadora Myrella Soares, é um mandato coletivo; é um mandato do União Brasil; é um mandato da população baririense, que se sente representada através da minha voz, através daquilo que eu apresento na Câmara. Vocês não vão me desanimar. Ninguém vai tirar o meu sorriso do rosto. Prefiro mil vezes continuar com o meu brilho, com o meu sorriso, com a minha intensidade, do que ser uma pessoa manipulável; ser uma pessoa que não tem um mínimo de escrúpulos; ser uma pessoa que não pensa no bem da população.” – Vereadora Myrella Soares em vídeo publicado nas redes sociais.
A servidora pública Valentina Fatima João Navarro, conhecida como Valentina da Ambulância, protocolou, na Câmara Municipal de Bariri, denúncia que acusa a vereadora Myrella Soares (União Brasil) de quebra de decoro parlamentar. A denunciante cita suposta “perseguição política” e pede abertura de Comissão Processante (CP), para eventual cassação de mandato (impeachment) de Myrella.
Candidata à vereadora nas Eleições 2024 e motorista de carreira, Valentina está afastada do funcionalismo público desde a primeira semana de janeiro. Ela responde a um Processo Administrativo Disciplinar, por suspeita de agredir Myrella Soares, na manhã do dia 03 de janeiro de 2025, episódio ocorrido no Soma 1, sede da Diretoria Municipal de Saúde.
Myrella estava trabalhando quando foi surpreendida por Valentina, que teria investido contra a vereadora em um momento de tensão. Segundo o relato de Myrella, a agressora a derrubou no chão, fator que fez com que suas costas e cabeça sofressem diretamente o impacto. Ela alega ter sido atingida por socos e chutes, além de ofensas verbais. Com histórico de problema na coluna (escoliose), a agressão sofrida agravou a comorbidade.
Posteriormente, uma decisão judicial impetrada por Myrella acatou medida cautelar e impediu Valentina de se aproximar da vereadora, devendo guardar distância mínima de 200 metros. Valentina também foi proibida de frequentar o Soma 1 (local da agressão), Central de Ambulâncias e Câmara Municipal de Bariri, devendo guardar distância mínima de 50 metros desses locais. O descumprimento das medidas cautelares pode acarretar na prisão preventiva da acusada.
Pelo impedimento de frequentar o Legislativo, a denúncia foi protocolada pela filha de Valentina, mediante procuração.
O que alega a denúncia?
Valentina alega que Myrella, embora “não tenha sido formalmente nomeada para cargo comissionado ou gratificado”, supostamente “desempenha atividades típicas de chefia, direção e assessoramento na Diretoria de Saúde do município”. Afirma que tal conduta “caracteriza clara tentativa de contornar a proibição legal”, alegando que existem registro que provam o argumento.
“Uma das situações que chamaram a atenção da denunciante, logo nos primeiros momentos da nova Administração, foi o fato de a vereadora agir como se estivesse à frente da pasta da saúde, participando ativamente da formulação de estratégias administrativas em conjunto com a diretora nomeada, Ana Paula, tratando de assuntos típicos da gestão pública municipal (...). Durante seu horário regular de expediente como servidora pública – função que anteriormente desempenhava no Banco do Povo –, a vereadora acompanhou a Diretora de Saúde nos primeiros dias da nova administração, promovendo mudanças na lotação de servidores, com transferências direcionadas e sem critérios impessoais claros”.
A partir deste ponto, a petição relembra que o episódio de agressão ocorreu após Valentina ter sido transferida de setor pela então diretora de saúde, Ana Paula Falcão – fator que a denunciante atribuiu diretamente à Myrella.
A denúncia ainda acusa Myrella de praticar atos Legislativos em horários de expediente. “As funções como servidora são publicamente deixadas de lado para cumprimento de agendas políticas da vereadora, em prejuízo de seu trabalho ao serviço público, no horário de serviço”.
Valentina cita também que o salário de Myrella aumentou do ano passado para cá, dizendo que a remuneração ficou ainda mais superior por conta da realização de horas extras, que seriam resultado de funções supostamente desempenhadas por Myrella aos finais de semana.
“Para se ter uma base comparativa, em novembro e dezembro de 2024, ou seja, durante o período da administração anterior, Myrella Soares recebeu renda líquida de R$ 1.302,05 (um mil, trezentos e dois reais e cinco centavos). Já em janeiro de 2025, assumindo novas funções com a eleição da administração Pegoraro e sendo transferida à pasta da saúde, iniciou atingindo o montante de R$ 3.599,19 (três mil e quinhentos e noventa e nove reais e dezenove centavos), com renda líquida de R$ 2.630,53 (dois mil, seiscentos e trinta reais e cinquenta e três centavos), o que gerou a ela um aumento de mais de 100% de sua remuneração média anterior”.
“Fatos inverídicos e vingança”, diz Myrella
Em vídeo publicado nesta quarta-feira (02), nas redes sociais, Myrella Soares tranquilizou seus eleitores e seguidores, afirmando que as informações apresentadas pela denúncia não procedem. Ela também agradeceu as centenas mensagens de carinho e apoio que recebeu nos últimos dias.
“Estou tranquila, porque sei que são extremamente fatos inverídicos, achismos, questões pessoais que estão sendo trazidas à tona. Vingança e perseguição por conta de tudo que vem acontecendo. As pessoas querem agredir, bater, arrancar sangue da gente, mas não querem ser culpabilizadas por isso. Querem achar um bode expiatório, colocar que a vítima mereceu apanhar, por conta de uma conduta A ou B, que só existe na cabeça de alguns. Querem o poder a qualquer custo. Isso é muito perigoso. Fica aqui a reflexão: até que ponto vale a pena a exposição? Até que ponto vale a pena travar os trabalhos do Legislativo? Travar os trabalhos das diretorias por conta de picuinha? Quem fica atrás dessas coisas é porque não tem exatamente nada de produtivo para fazer”, concluiu.
Terceira suplente deve ser convocada
Caso receba parecer favorável do Procurador Jurídico da Câmara Municipal de Bariri, a denúncia que pede o impeachment de Myrella Soares deve ser colocada em votação na Sessão ordinária da próxima segunda-feira (07).
Antes da votação, o Presidente da Câmara pode optar por fazer a convocação da suplente de Myrella, já que a parlamentar não pode votar a representação da qual é alvo.
De acordo com os resultados da Eleições 2024, a primeira suplente do União Brasil é Ivani Maria; a segunda suplente é Luciana Lucinio. Ambas ocupam cargos comissionados na gestão Pegoraro Kezo; Ivani é Diretora de Administração Pública e Luciana é Diretora de Serviço Social. Por conta disso, ficam impedidas de serem convocadas.
Neste caso, a expectativa é que a terceira suplente do União Brasil, Priscila Domingos, seja convocada para votação.
Os oito vereadores mais a suplente, votam pelo acolhimento ou arquivamento da representação. Se a maioria simples dos parlamentares presentes na sessão decidir pelo acolhimento, será aberta uma Comissão Processante (CP), para julgar a suposta prática de quebra de decoro parlamentar de Myrella, procedimento que tem o prazo de 90 dias e pode culminar em impeachment. Caso o voto seja pelo não recebimento da denúncia, a representação será arquivada.
O Noticiantes transmitirá a sessão ordinária na íntegra, através do YouTube e Facebook.
Diretora de Saúde da gestão Abelardo-Foloni é arrolada como testemunha
Entre as oito testemunhas indicadas por Valentina ao final da petição, o nome de Irene Chagas, diretora de Saúde durante a administração Abelardo-Foloni, chama a atenção. Irene e Myrella protagonizaram inúmeras troca de farpas públicas (algumas em plenário Legislativo) nos últimos anos.
Na gestão anterior, Myrella foi transferida da Saúde Municipal após um desentendimento que envolveu Irene. Na oportunidade, ela acusou a então diretora e o ex-prefeito de perseguição. Neste ano, Myrella retomou sua atuação na Saúde Municipal desde janeiro.
Confira a seguir quem são as testemunhas arroladas por Valentina, todos servidores públicos municipais que podem ser intimados em seus respectivos locais de trabalho:
• Irene Chagas do Nascimento Inácio Rangel: assistente social e ex-diretora de Saúde;
• Ana Paula Rodrigues de Arruda Falcão: ex-diretora de Saúde;
• Karita Danielle Digiere Pomponi: dentista;
• Luis Antonio Soares de Camargo: coordenador no Soma 1;
• Maria José Bertholo: agente administrativa no CEO;
• Daiane Navarro: agente comunitária de saúde no PSF2;
• Madalena Zenatti: auxiliar de enfermagem na UBS da Caixa d’água;
• Renato Degaspari Barbieri: coordenador do Poupa Tempo.
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