As casas incertas

As casas incertas

Abelardinho anunciou – num ato de desespero para cumprir uma promessa de campanha – a assinatura de convênio com a CDHU para construção de 80 casas populares. Isso mesmo. Número bem diferente do anunciado pelo prefeito, na ocasião do anúncio da nomeação do então secretário Giuliano Griso, que alardeou a vinda de centenas e centenas de casas. 
Depois de um ano no cargo, a única coisa que o secretário conseguiu foi levar para Jaú uma gorda quantia de salários. Depois de encher mais de duas mil pessoas de esperança, Abelardinho anunciou 80 residências. Mas, sem querer ser pessimista, ou se enquadrar na turma do “nada tá bom”, procurando ser realista, analisemos: para início das obras, a CDHU faz várias exigências:
O órgão analisa as necessidades funcionais e sociais, ou seja, Urbanismo, Terraplenagem, Paisagismo, Drenagem, Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário, Eletricidade e Telefonia. Complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução.
Conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Documentos Para Aprovação Legal (DAL). Trata-se da elaboração dos desenhos e documentos necessários à aprovação do projeto junto aos órgãos competentes.
Serviços de investigação geral de superfície, reconhecimento do subsolo, pareceres geotécnicos e topografia.
Planta de localização do empreendimento no município. Levantamento planialtimétrico cadastral do terreno, memorial descritivo da área (incluindo descritivo de divisas) e matrícula do imóvel, entre outros. 
Até onde sabemos, não nos encaixamos em nenhuma dessas exigências. Na verdade, não temos nem o terreno ainda. Como sempre, faltou planejamento. Para quem pensava em construir as casas, tudo já deveria estar encaminhado. Agora, imaginem a demora para o início das obras. Isso, se começar. 
Alguns vão se lembrar do anúncio de assinatura de convênio durante a campanha eleitoral para governador, na gestão do Dito Mazoti (smj), quando o candidato prometeu asfaltar a estrada do aeroporto, a estrada do canal do Tietê e criar um anel viário, saindo do trevo do Jardim Garotinho, até na venda da Forquilha. Passou a eleição, o convênio foi cancelado. Isso é para mostrar que não se deve acreditar na promessa de alguns políticos em campanha (Abelardinho que o diga). 
Sendo otimistas, imaginemos que as casas saiam do papel.  Aí o prefeito terá o maior dos problemas. Como fará para escolher 80 pessoas numa lista de mais de 2.400 que se cadastraram? Duas mil, trezentas e vinte pessoas precisam menos do que as 80 que serão escolhidas? Não quero estar na pele do prefeito.