As travessuras da rainha

As travessuras da rainha

O mundo parou nos últimos dias para reverenciar Elizabeth II, rainha do Reino Unido, morta aos 96 anos. Mesmo quem não a conhecia emocionou-se diante da comoção causada pelo seu falecimento. E não era para menos! Foram 70 anos de reinado, enfrentando não só os percalços concernentes ao cargo que ocupava, mas também os de ordem familiar, que não foram poucos. Ainda jovem, ela jogou por terra a velha expressão “vida de princesa” ao dirigir caminhões e aprender a consertá-los durante os tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Segundo a imprensa, ela se despojou de sua nobreza e enfiou a mão na graxa. Como rainha, foi exaltada pelos maiores estadistas das últimas sete décadas. Suportou com galhardia o peso da coroa britânica e ainda encontrou espaço para demonstrar a sua criatividade e o seu “jogo de cintura”. Durante uma reunião com chefes de Estado do mundo inteiro, ela não hesitou ao mandar Silvio Berlusconi, então primeiro-ministro italiano, falar mais baixo para não tumultuar o ambiente.
Elizabeth II costumava passar finais de semana no castelo de Balmoral, na Escócia, exatamente onde morreu. À tarde, era comum Elizabeth fazer um piquenique em uma área perto do castelo e depois sair para caminhar pelo parque vizinho, sempre acompanhada por seu segurança. Devido às características do local, raramente encontravam outras pessoas. Mas, certo dia, se depararam com dois rapazes, que não reconheceram a rainha, mas puxaram conversa com ela. Contaram serem turistas norte-americanos em passeio pela Inglaterra, e perguntaram onde Elizabeth morava. “Moro em Londres, mas tenho uma casa de campo logo ali”, respondeu. “E há quanto tempo frequenta essa região?”, questionou o outro turista. “Desde criança, o que significa há mais de 80 anos”, respondeu Elizabeth.
Sabendo que perto dali fica o castelo, que é uma das residências da família real britânica, um dos turistas perguntou: “E a senhora já encontrou a rainha alguma vez?” Fosse arrogante, Elizabeth responderia: “Não conheço a rainha, eu sou a rainha!” Ou então: “Não a conheço, mas eu vejo a rainha toda vez que me olho no espelho!” Mas Elizabeth, bem-humorada, educadamente respondeu: “Eu nunca encontrei, mas este meu amigo a encontra sempre!” E apontou para o homem que a acompanhava, na verdade seu segurança havia 14 anos, Richard Griffin. Todos os holofotes então se voltaram para ele. Um dos turistas perguntou ao homem o que ele achava da rainha. “Ela é muito teimosa às vezes, mas tem um ótimo senso de humor!”, respondeu, com a liberdade de quem convivia havia anos com a chefe.
Nesse instante, o que já era inusitado ficou ainda mais divertido. Um dos americanos pegou a máquina fotográfica que trazia dependurada no pescoço, entregou-a à rainha, os dois turistas abraçaram o segurança e um deles pediu: “A senhora pode tirar uma foto nossa?” Prestativa, Elizabeth fez várias fotos, sem nunca perder a majestade. Para retribuir tanta gentileza, os americanos pediram ao segurança que tirasse uma foto - apenas uma - junto àquela mulher tão simpática. Quando os turistas foram embora, às gargalhadas, Elizabeth comentou: “Queria ser um mosquitinho para vê-los mostrando as fotos aos amigos. Espero que alguém saiba quem sou eu”.