Bariri chora a perda de mais duas vítimas da dengue e população engrossa a voz contra gestão Fernando Foloni
O município de Bariri mal se recuperou do luto pela morte da jovem Eloá Muzardo Barbosa, falecida na última sexta-feira (08) aos 21 anos, quando mais um óbito deixou a população incrédula. Nesta quarta-feira (13), familiares de Cleia Escola Della Coletta informaram o falecimento dela, aos 53 anos. Embora ainda sem a confirmação oficial, Cleia faleceu por complicações da dengue, conforme publicado pela própria família. Ela foi sepultada às 17h de quarta-feira (13), na Necrópole Municipal.
Nas redes sociais, os últimos dois falecimentos em decorrência da dengue escalonaram ainda mais a revolta coletiva e o descontentamento com o governo Fernando Foloni. Até o fechamento desta edição, Bariri contabiliza mais de 2600 casos confirmados de dengue.
“Até quando vamos suportar tanta tristeza? Por favor, passe o fumacê com urgência! Bariri não pode esperar mais. Autoridades, Bariri está pedindo por Socorro”, indignou-se uma internauta. “Onde estão as ações da Saúde do Município? Só desculpas até agora. Bauru, com uma população de 380 mil pessoas, até agora, registrou 985 casos de dengue e uma morte. Bariri, com menos de 40 mil pessoas, já registra praticamente 2.600 casos de dengue em 2024. Lamentável tanta incompetência e descaso”, diz outro comentário.
Eloá e Cleia se juntam as outras duas vítimas que a epidemia de dengue fez na cidade. O primeiro óbito ocorreu 27 de janeiro, vitimando um idoso de 64 anos identificado como J.F.C. (somente as iniciais foram divulgadas respeitando o pedido da família). Ele possuía comorbidades, incluindo problemas cardíacos e outras complicações.
No dia 01 de fevereiro, Bariri perdeu a agende epidemiológica Daniele Joana Ramos Caçador da Silva, de 33 anos. Daniele trabalhava na linha de frente, junto à equipe de combate a endemias nas visitações casa a casa. Ela não possuía comorbidades. Daniele deixou viúvo o marido e uma filha. Após a morte da agente, a Prefeitura Municipal de Bariri decretou “Estado de Emergência em Saúde Pública por conta da dengue.
Colegas de trabalho de Daniele participaram da sessão ordinária do dia 5 de fevereiro na Câmara Municipal de Bariri. Na tribuna, o também agente de combate a endemias, Rodrigo Vilella, sugeriu uma possível negligência por parte da Diretoria Municipal de Saúde, pasta comandada por Irene Chagas. Segundo Rodrigo, o alerta sobre a dengue foi comunicado à Saúde Municipal ao final de outubro do ano passado, mas nenhuma ação foi tomada neste período inicial. O agente ainda disse que a equipe (de apenas 7 pessoas após a morte de Daniele), só recebeu repelentes do Poder Público após o óbito de Daniele Caçador. Solicitações como o fumacê e a contratação de mais agentes de combate à endemias para atender uma população de 35 mil habitantes também foram negadas pela administração Fernando Foloni.
Com a repercussão das acusações de Rodrigo, a vereadora Myrella Soares protocolou representação no Ministério Público, solicitando que a Promotoria de Justiça do Município e Bariri abra investigação para apurar possíveis omissões e negligências por parte da Diretoria Municipal de Saúde. A denúncia enfatiza que a possível letargia de quatro meses da diretoria de saúde e demais representantes do Executivo teria contribuído para inserir a população de Bariri em uma situação lamentável de epidemia de dengue, causando danos irreparáveis aos cidadãos dependentes da saúde pública.
Myrella conclui a representação, destacando que as medidas necessárias para conter a epidemia não demandavam exclusivamente aporte financeiro, uma vez que os meios de comunicação poderiam disseminar informações à população gratuitamente. A vereadora ainda destaca a possibilidade de implementação de medidas preventivas em parceria com escolas municipais e a comunidade civil, sem onerar o município, lamentando que tais ações só tenham ocorrido recentemente após a trágica morte da servidora Daniele Joana Ramos Caçador da Silva.
Em resposta, Irene Chagas afirma que A Diretoria de Saúde recebeu a informação da denúncia apresentada ao MP com tranquilidade. “Tudo o que foi possível fazer para nos prepararmos para essa guerra, que está nas mãos da Secretaria de Saúde, dentro das ferramentas que eu tenho, a gente fez e seguimos fazendo”, disse.
A terceira morte por dengue confirmada está diretamente associada ao município de Bariri. Trata-se do óbito da adolescente Rute Santos, de 14 anos, falecida em 02 de fevereiro. Moradora de Marília, Rute estava passando a temporada de férias escolares em Bariri quando foi contaminada pela doença. Devido à piora no quadro, a adolescente foi transferida de Bariri para a Santa Casa de Jaú, onde não resistiu às complicações da dengue hemorrágica e veio à óbito. O Departamento Regional de Saúde (DRS), no entanto, contabilizou a morte de Rute para o município e Marília, cidade natal da adolescente.
ITE Bauru emite nota de pesar pelo falecimento de Eloá
A jovem Eloá Muzardo Barbosa cursava o último ano de Direito no Instituto Toledo de Ensino (ITE) de Bauru. Segundo apurado por nossa reportagem, Eloá estava se preparando para prestar o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A ITE Bauru emitiu nota de pesar pelo falecimento da jovem.
“A ITE se solidariza com os familiares e amigos da estudante de Direito (Bauru) Eloá Muzardo Barbosa, que faleceu após complicações decorrentes da dengue, aos 21 anos. Eloá era uma moça maravilhosa, alegria em pessoa. Educada, estudiosa. Neste momento, nenhuma palavra tem poder suficiente para confortar a dor de todos diante deste fato lamentável. Que Deus, em sua infinita bondade, acolha a Eloá e conforte os corações dos familiares! Estamos tristes e de luto. Nossos sinceros sentimentos. Descanse em paz, iteana", lamentou o coordenador do curso, professor doutor Luiz Pegoraro.
O corpo de Eloá foi velado no Santuário Nossa Senhora Aparecida, no bairro Nova Bariri. A jovem foi sepultada na manhã de sábado (09), na Necrópole Municipal.
Prefeitura de Bariri ignora notificação de mais duas mortes reportadas à imprensa
Mais duas mortes de possíveis vítimas da dengue foram notificadas à imprensa por meio de familiares das vítimas: um idoso de 84 anos, morador da Rua Sete de Setembro, que faleceu em 11 de fevereiro; e uma mulher de 69 anos que faleceu em 18 de fevereiro.
O Noticiantes e demais veículos de imprensa de Bariri reportaram as informações à Vigilância Epidemiológica e também à Diretoria Municipal de Saúde. Apesar das cobranças, nenhuma resposta da prefeitura sobre ambos os casos foi informada à imprensa até o presente momento.
Municípios da região investem no fumacê enquanto Fernando Foloni vira “meme” em Bariri
Nesta sexta-feira (15) ocorre a segunda aplicação do fumacê no município de Boraceia. O município aplicou a técnica pela primeira vez em 31 de janeiro e novamente investe na ação. Além do fumacê, o Poder Público de Boraceia investe em ações de conscientização nas escolas. Na última semana, o prefeito Di Picapau participou da entrega de repelentes para alunos das escolas municipais. Além dos repelentes individuais, também foi instalado um repelente elétrico em cada sala de aula. Segunda-feira (11), a primeira morte por dengue foi confirmada no município. A vítima é uma idosa de 94 anos que faleceu há cerca de um mês.
Os municípios de Itaju e Itapuí também realizaram aplicação do fumacê. Em Itaju, ação aconteceu em 15 de janeiro e foi repetido nesta quinta-feira (14). Em Itapuí, o fumacê ocorreu em 05 de fevereiro. Fumacê é uma estratégia utilizada durante períodos de epidemia para reduzir a proliferação do mosquito Aedes aegypti e reduzir a transmissão de doenças causadas por esse mosquito, como dengue, Zika ou Chikungunya. A técnica consiste em passar com um carro que emite uma "nuvem" de fumaça com baixas doses de um agrotóxico que elimina a maior parte dos mosquitos adultos presentes na região.
Apesar do clamor popular, o prefeito Fernando Foloni disse que não irá realizar a aplicação do fumacê em Bariri. Em entrevista coletiva, dr. Fábio Zeni, Presidente do Comitê de Combate à Dengue, justifica que a técnica não será aplicada por recomendação do Departamento Regional de Saúde (DRS). A gestão afirma que o fumacê não tem eficácia além de prejudicar a saúde da população. O presidente da câmara, vereador Airotn Pegoraro também participou da reunião na DRS (na condição de chefe da Vigilância Sanitária) e fez coro ao discurso do Fábio Zeni invalidando o fumacê. Para Airton, a solução mais apropriada é a pulverização casa a casa com drones, NAV, entre outras ações.
A decisão da prefeitura desagradou a população baririense e também foi alvo de críticas. “Muitas cidades está passando o fumacê e aqui nada. Só em Bariri que não pode”, concluiu um internauta.
O descontentamento é tanto que o prefeito Fenando Foloni foi alvo de “meme” nas redes sociais. Memes são imagens estáticas, vídeos e textos que compartilham ideias, críticas ou apenas piadas. Uma montagem que circula de forma massiva no aplicativo WhatsApp, mostra o rosto de Foloni atrelado ao corpo de um mosquito Aedes aegypti com os seguintes dizeres “Eu farei de tudo para ajudar a população... de mosquitos”.
Segundo apurado pela reportagem do Noticiantes, a Prefeitura de Bariri chegou a contratar uma empresa para aplicar o fumacê na cidade no mês passado. O cronograma dos bairros, inclusive, já estava pronto, mas o Executivo voltou atras e cancelou o serviço após reunião na DRS.
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