Câmara Municipal de Bariri aprova requerimento para esclarecer gastos com horas extras

Câmara Municipal de Bariri aprova requerimento para esclarecer gastos com horas extras

Na última sessão da Câmara Municipal de Bariri, realizada nessa segunda-feira (05), foi votado e aprovado por unanimidade o Requerimento de número 03/2024. Proposto pela vereadora Myrella Soares da Silva (União Brasil), o documento solicita esclarecimentos sobre os gastos com horas extras na administração municipal e na Autarquia Saemba.
O requerimento destaca a preocupação com a situação financeira do município, alegando que os gastos com horas extras em 2023 atingiram a marca de seiscentos mil reais por mês. A vereadora Myrella ressalta que tais despesas têm sobrecarregado os cofres públicos, comprometendo até mesmo o pagamento de fornecedores e serviços diversos.
A proposição destaca ainda denúncias relacionadas ao registro de ponto de servidores do Paço e unidades administrativas, indicando a realização de atividades fora do horário e até mesmo nos finais de semana, sem a efetiva execução das atividades laborativas.
No requerimento, a vereadora solicita informações detalhadas aos órgãos do município, evocando o artigo 9º da Lei Orgânica do município. Entre os pontos destacados, estão o número de servidores autorizados a realizar horas extras na Autarquia Saemba, a lista de servidores e cargos autorizados para tais atividades, e um balancete contendo os valores totais utilizados com horas extras ao longo de 2023.
A vereadora Myrella comentou sobre a necessidade de transparência e a dificuldade de acesso às informações no Portal da Transparência. Ela destacou que o requerimento é uma maneira de forçar o Executivo a disponibilizar as informações necessárias e esclarecer dúvidas da população.
“Uma coisa que tem que ficar bem clara para população é que nós nunca demonizamos a realização das horas extras. A gente cobra que a hora extra seja realizada de maneira correta, quando realmente o município precisa. Essa situação que a gente está enfrentando agora [epidemia de dengue], que é um caso excepcional, onde a população e os servidores têm que se mobilizar para poder entregar ali um serviço diferenciado pra população. É uma dessas ocasiões, que justifica as horas extras”, comentou a vereadora. 
Os vereadores Evandro Folieni (PP) e Leandro Gonzalez (Podemos) também se manifestaram durante a sessão. Folieni destacou a importância de fiscalizar os gastos com horas extras, apontando que valores expressivos têm sido destinados a essa finalidade. Já Gonzalez concordou com a iniciativa da vereadora Myrella, destacando que a administração pública deve ser transparente e prestar contas à população.
“Nas administrações 2017, 18 e 20, R$ 5 milhões foram para o ralo de hora extra, para servidores que não cumpriam. E eu, quando voltei, avisei o ex-prefeito corta hora extra!  No ano passado seis a sete milhões pro ralo que cidade que vai pra frente qual a cidade vai comprar o repelente de R$ 13,00? Não vai. Pagar oficina? Não vai”, destacou Folieni.
“Me causa estranheza não só dessa administração, mas das anteriores também. Eu acho que é uma prática aqui de Bariri. Os princípios básicos que norteiam a administração pública é publicidade e transparência. O setor público, ele tem que prestar contas para a população. Aqui já teve lei de minha autoria, em parceria com a vereadora Myrella e a gente continua enfrentando dificuldade, porque essas situações obscuras?”, disse Gonzalez.
O requerimento foi aprovado por unanimidade, demonstrando o apoio de todos os vereadores presentes a esclarecimentos dos gastos com horas extras na administração municipal e na Autarquia Saemba. A expectativa é de que as informações solicitadas sejam fornecidas no prazo estabelecido, conforme previsto na legislação municipal.

 

Lei das horas extras

Em outubro do ano passado, a Câmara havia aprovado o projeto de lei que obrigava o Executivo a divulgar no Portal da Transparência do Município a quantidade mensal de horas extras trabalhadas pelos servidores públicos municipais. A proposta foi dos vereadores Myrella Soares e Leandro Gonzalez. 
Apesar da aprovação do Legislativo, o prefeito da época Abelardo Simões não sancionou a lei, mas devido ao “silêncio” o Presidente da Câmara, Airton Pegoraro, acabou realizando a promulgação conforme Lei Orgânica do Município. 
Em seguida, o Executivo entrou com um pedido de liminar em Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin). Mas, o desembargador Carlos Monnerat, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, em decisão monocrática indeferiu o pedido.