Estradas da região são liberadas após três dias de bloqueios em manifestação contra o resultado da eleição presidencial
Assim como aconteceu em todo o país, municípios do centro-oeste paulista também registraram bloqueio em rodovias em atos contra o resultado do segundo turno das Eleições 2022, durante o decorrer desta semana. Os manifestantes questionam a eleição do petista Luiz Inácio Lula da Silva e pedem intervenção militar. Trajando vestes verde-amarelas, camisas da Seleção Brasileira e portando bandeiras do Brasil, os grupos queimam pneus e impedem a passagem de veículos de grande porte.
Em Bariri, o primeiro protesto aconteceu no início da tarde de segunda-feira (31), na Rodovia Deputado Leônidas Pacheco Ferreira (SP-304). O ato aconteceu no trevo do Lago, próximo ao quilômetro 332. Segundo informações obtidas pela reportagem do Noticiantes no local, o grupo de manifestantes é formado por moradores de Bariri que se organizaram via grupo de WhatsApp.
“Estou dentro! Se vocês forem para o trevo, podem contar comigo. Eu acho que agora, ou a gente tem uma pátria livre ou a gente vai ser escravo para o resto da vida, porque não vai ser por um período, vai ser para sempre. Porque eles vão tomar e aparelhar mais a Justiça, muito mais do que já está aparelhada”, diz um áudio que circulou nas redes sociais atribuído a um membro do grupo.
Cerca de uma hora depois do bloqueio realizado com pneus em chamas, o Corpo de Bombeiros de Bariri chegou ao local, apagou o fogo e retirou os pneus da pista, liberando o trecho. A Polícia Militar também compareceu ao local, mas não interferiu na manifestação.
Terça-feira (01), os manifestantes fizeram um ato próximo ao trevo principal de entrada, no quilômetro 331, a poucos metros do Portal Mário Fava. No segundo dia de protestos, um número maior pessoas se juntou ao grupo. Apoiadores do movimento levaram água e comida aos manifestantes ao longo do dia.
Bauru registrou vários pontos de interdição na Rodovia Marechal Rondon (SP-300). Nos sentidos leste/oeste, há pontos de interdição em vários trechos da Rodovia Marechal Rondon, além de bloqueios na Comandante João Ribeiro de Barros (SP-225), em Pederneiras.
Em Torrinha, houve atos nos dois sentidos da Rodovia Geraldo de Barros. Na Rodovia Doutor Américo Piva (SP-197), também em Torrinha, os manifestantes bloquearam faixas nos dois sentidos, com liberação de passagem para veículos de passeio e de emergência.
A entrada de Ibitinga também foi bloqueada próximo ao trevo do Shopping, também incendiando pneus. De acordo com o Portal Ternura FM, a ordem era não deixar caminhoneiros passarem pela via.
Em Brotas, a Rodovia Paulo Nilo Romano (SP-225) registrou ponto de bloqueio parcial no km 133, em ambos os sentidos da pista.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente do Brasil pela terceira vez no domingo (30), com 50,9% dos votos. Jair Bolsonaro (PL), que buscava a reeleição, terminou a disputa do segundo turno com 49,1% dos votos.
Rodrigo Garcia classifica bloqueios em rodovias de SP como "inadmissíveis"
O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), enviou a tropa de choque da Polícia Militar para retirar manifestantes bolsonaristas que bloqueiam vias no Estado. Terça-feira (01), Garcia disse que os bloqueios são "inadmissíveis" e que a PM atua nos protestos, não descartando o uso da força caso os manifestantes insistam em permanecer nas vias.
"A partir de agora, nós vamos aplicar aquilo que determina a decisão judicial, iniciando com multas de R$ 100 mil por hora para cada veículo que esteja contribuindo com essa obstrução. A partir também daí, fichando e eventualmente prendendo àqueles manifestantes que resistirem à desobstrução das vias e, se necessário, o emprego de força", frisou o governador.
“Nossos métodos não podem ser os da esquerda”, diz Bolsonaro sobre manifestações
O presidente, Jair Bolsonaro (PL), falou à imprensa no final da tarde de terça-feira (01), em seu primeiro discurso após o segundo turno das eleições. Em uma fala curta, com cerca de dois minutos de duração, o presidente disse que continuará cumprindo a Constituição.
Em seu pronunciamento, Bolsonaro discordou de ser chamado de antidemocrático e disse que sempre jogou "dentro das quatro linhas da Constituição".
"Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição", afirmou.
Bolsonaro também disse que "manifestações pacíficas são bem-vindas" e criticou ocupações. Caminhoneiros que apoiam o presidente fazem bloqueios em estradas do país desde o fim do domingo (30).
"Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir", continuou.
Logo após a breve fala de Bolsonaro, Ciro Nogueira assumiu o microfone no púlpito para falar sobre a transição de governo, tema que não foi abordado pelo presidente.
"O presidente Jair Bolsonaro autorizou, quando for provocado, com base na lei, a iniciarmos o processo de transição", disse o ministro.
Vias liberadas
Bolsonaro voltou a se pronunciar na noite de quarta-feira (02), pedindo a liberação das rodovias aos manifestantes.
"O fechamento de rodovias pelo Brasil, prejudica o direito de ir e vir das pessoas, está lá na nossa Constituição. E nós sempre estivemos dentro dessas quatro linhas. Tem que respeitar o direito de outras pessoas que estão se movimentando, além de prejuízo à nossa economia. Sei que a economia tem sua importância, né. Sei que vocês estão dando mais importância a outras coisas agora. É legítimo. Mas eu quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias. Isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas", pediu o presidente.
Com isso, o movimento perdeu forças em todo o país após o feriado de Finados. No centro-oeste paulista, os bloqueios foram desmobilizados e as vias liberadas já na noite de quarta-feira (2). Entre o final da tarde e início da noite, todos os pontos de interdição nas regiões de Bauru e Marília foram liberados, incluindo diversos trechos da Rodovia Marechal Rondon, a SP-300. Durante os dias de bloqueios, os moradores de cidades do centro-oeste paulista tiveram que lidar com alguns reflexos da paralisação, especialmente por contra da participação de caminhoneiros nos protestos e impedimento do fluxo de veículos de grande porte.
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