Fome em Bariri: famílias em vulnerabilidade reclamam do atendimento do Setor Social e vereador cobra explicações do Executivo
“Só não me chamaram de mendiga. O jeito que falaram comigo eu me senti humilhada. Falaram como se estivessem fazendo um favor de estar me dando cesta e como se eu estivesse mendigando a caixa de leite para o meu filho. Desceram comigo na cozinha da prefeitura e me humilharam muito. Falaram que iriam cortar meu benefício do Bolsa Trabalho, tirar o meu Auxílio Brasil. Foi muito triste o que eu passei na prefeitura”.
O relato acima foi enviado de maneira anônima ao WhatsApp do Jornal Noticiantes nesta semana. A mulher, que preferiu não se identificar, conta como se sentiu ao falar com duas pessoas da Prefeitura Municipal de Bariri para solicitar cesta básica e leite para seu filho.
Algumas pessoas em situação vulnerável estão até mesmo recorrendo às redes sociais para pedir socorro. “Pedido de ajuda! Tem uma mãe que está passando por dificuldades na cidade de Bariri, ela tem uma filha de 2 anos e um filho de 16 morando de aluguel. E estão vivendo do salário do serviço do jovem aprendiz”, diz a publicação divulgada no Facebook e compartilhada por várias pessoas.
Outros relatos de munícipes que chegaram até nossa reportagem expõem a logística do Social. Duas pessoas que procuraram o departamento para pedir alimentos nesta semana receberam as informações de que o agendamento com a assistente social foi marcado somente para a próxima semana, entre os dias 20 e 27 de junho. “Disseram que vão ver a agenda. Se depender de assistente social, você morre de fome em Bariri”, desabafou uma solicitante.
As reclamações de baririenses em relação ao serviço social vão de encontro a um requerimento protocolado pelo vereador Edcarlos dos Santos (PSDB) na última sessão ordinária.
“O vereador que subscreve, requer nos termos regimentais desta douta casa, que o Poder Executivo, através da Diretoria de Ação Social de Bariri, informe quantas famílias são atendidas com cestas básicas por mês, quais os critérios e o tempo de resposta para recebimento deste serviço. O orçamento da Diretoria de Serviço Social saltou de R$ 3,3 milhões, para R$ 5,8 milhões no ano de 2022, porém, não se evidenciou a mesma porcentagem na execução dos serviços, além de ter muitas pessoas recorrendo a igrejas, entidades – o que de certa forma é rotina – porém, os casos de urgência não estão sendo atendidos com a velocidade necessária”, cita o documento.
Na deliberação do requerimento, Edcarlos não poupou críticas ao setor comandado pela diretora Suzane Dinis Albranti e diretamente ligado à primeira-dama e presidente do Fundo Social de Solidariedade, Anaí Padovani Martins Simões. O vereador cobrou explicações urgentes sobre os protocolos e critérios adotados na pasta.
“Não estou questionando o profissionalismo das assistentes sociais e nem colocando em xeque as questões técnicas. Mas uma coisa é importante salientar: documento não mata a fome de ninguém; saber técnico não é saber prático; e só sabe a dor da fome quem passa fome. Assistência social não se faz atrás da mesa, mas no campo, nas casas e na rua. As reclamações que eu recebi foi de que as famílias estão pedindo assistência social e as pessoas dizendo que farão a visita na próxima, mas a família sem nada na casa para comer. Se alguém chegasse na Assistência Social dizendo que não tem nada para comer, a profissional tinha que pegar um carro e ir na casa da pessoa na hora. A visita imediata pode permitir saber qual a condição real da família. Quando você chega numa casa e vê armário vazio e criança passando fome, não tem regulamento, não tem critério, não tem condição técnica, nada. A única coisa que você percebe é que tem que socorrer essa família”, destacou o nobre.
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