A arte da procrastinação

A arte da procrastinação

Segundo a Bíblia, procrastinação
 é pecado e está associada a preguiça e negligência.

Muitas vezes, a ansiedade é gerada pela procrastinação. Há pessoas que organizam suas atividades de acordo com as prioridades, utilizam agendas por ordem de urgência e necessidades a serem cumpridas tais como, compromissos com hora marcada, entrega de documentos, consultas médicas, eventos, etc. Outras, sequer possuem agenda, esquecem de verificar compromissos, não se preocupam com o tempo, tampouco com seus semelhantes e, por viverem no mundo de Alice, sempre arrumam desculpas para a arte do não fazer. 
Geralmente, o procrastinador necessita de um abnegado para transferir responsabilidades, alguém que assuma, ou seja, o procrastinador há de ter um cuidador diuturno para administrar sua vida. E, acomodado, adota viver sob a batuta da arte da procrastinação, ou seja, amanhã  faço, preciso fazer, estou atrasado, não consigo... E, dessa forma, o acúmulo de compromissos não realizados se agiganta, a ansiedade cresce e o pior advém logo em seguida, a sensação de incompetência aliada à irritação exacerbada quando questionado pelo não cumprimento dos compromissos assumidos. A partir daí, o desespero se aloja e a vitimização surge toda airosa pedindo um cantinho para fixar morada...
No decorrer do dia a dia, fácil notar o procrastinador. Abre gavetas e não fecha, larga objetos em qualquer lugar, pois tem a certeza que alguém irá recolher, esparrama papeis e canetas, puxa cadeiras e não recoloca, larga copos usados por onde anda, joga agasalhos pelas cadeiras e sofás, perde óculos, documentos, chaves e  não consegue encontrar o que perdeu. Geralmente, nunca sabe onde estão seus objetos pessoais e sempre atrasa quanto ao horário marcado. E para encobrir a inércia, notório apontar um culpado para assumir as consequências!
 Não estamos falando aqui de pessoas doentes, com distúrbios de atenção, sequer com dificuldades físicas ou cognitivas comprovadas. Estamos falando do procrastinador, ou seja, o tranquilo, o que vive esperando que alguém faça, enfim, o sujeito denominado folgado! O lento, o bicho de goiaba, o encostão, o que se considera “esperto”! Estamos falando daquele que não quer puxar a própria carrocinha e vai entulhando a carroça alheia com seus fardos! 
Há pessoas, mães, esposas, irmãos, avós, pais, companheiros, amigos, que assumem o procrastinador como obrigação.  Muitas vezes, deixam de viver, de viajar, para assumir as atividades do “tranquilo”. Geralmente, quem convive com um procrastinador, trabalha dobrado, assume puxar a carrocinha do outro e se torna invisível. Quem convive com pessoas assim, ou adoecem, ou se tornam simples serviçais a preencher lacunas deixadas pela irresponsabilidade alheia. 
Logo, ao procrastinador cabe assumir a vida e as necessidades dela advindas. E isso só se aprende na infância, quando os responsáveis solicitam a obrigação de fazer: Você pode fazer! Você é capaz! Cumpra sua obrigação! Não deixe para última hora! Essas frases ensinam desde a infância a arte da eficiência! Ou seja, cobrar atitudes, tomada de decisão para não resultar num adulto incompetente e indeciso.
Ao procrastinador cabe assumir o leme e não deixar o barco à deriva, pois, nem sempre haverá um capitão de prontidão nas tormentas do viver. Procrastinar é, intencionalmente, terceirizar a obrigação de fazer! É ter a certeza que alguém fará!  Enfim, é atirar os fardos na carroça do outro para que arque com o peso! A grande verdade é que só existe o procrastinador quando existe o abnegado serviçal que abdica de viver para agasalhar a inércia alheia, o que não podemos denominar de amor ao próximo, sequer de caridade, mas sim de servilismo! E servilismo em tempo integral, mata! Enfim, “Carroça vazia canta! Carroça pesada geme!”