Adeus, Seu Ismar! Noticiantes se despede do querido colunista, cronista e amigo, Josino Ismar Pereira

Adeus, Seu Ismar! Noticiantes se despede do querido colunista, cronista e amigo, Josino Ismar Pereira

“Meu nome é Josino Ismar de Conte Pereira, mas tudo isso me compromete. Por isso, eu costumo usar apenas Ismar Pereira, é o nome que sai nesse vibrante jornal chamado Noticiantes, que é um orgulho para Bariri e região. Eu nasci em Pederneiras, na esquina do jardim, porque quando eu nasci não existia maternidade, então eu nasci em casa, em 1938, e tenho 83 anos. Eu fiz o curso de Direito. Na realidade, exerci três profissões, nem todas elas "profissionalmente". Eu fui agricultor; fui advogado; e fui jornalista. Me casei aos 57 anos. Tenho três filhos: a Simone, a Raquel e o Fábio. Meu filho, o Fábio, teria o imenso prazer em participar dessa conversa tão gostosa. Tenho três netos: o Alex (que é o meu xodó), a Sofia e o Guilherme, que moram em Pederneiras e costumam passar alguns dias aqui em Bauru neste apartamento, perto daquela esquina cheia de ministério, que se a pessoa não abrir os olhos, pode ser atropelado. Esta intrigante história foi contada na crônica “O Mistério da Esquina”, edições 201 e 202 do Noticiantes” Josino Ismar Pereira em entrevista à Revista Megatop, gravada em 2022 por Thaisa Moraes e Lucas Manzutti.

Cabelos brancos com fios ausentes no cocuruto da cabeça, óculos de grau, sorriso largo, voz serena, espírito jovem, dono de um abraço confortavelmente acolhedor e um pé de valsa certeiro. Esta é a imagem que sempre guardaremos do nosso querido colunista, cronista e amigo especial, Josino Ismar Pereira, que nos deixou aos 86 anos.


“Seu Ismar”, como era carinhosamente chamado por nossa equipe, foi cronista do Jornal Noticiantes desde a edição de 07 de setembro de 2018. Foram seis anos e cinco meses tendo a honra de ter um ser humano iluminado, contando suas incríveis histórias em nossas páginas. Com um estilo textual único e encantador, Seu Ismar trouxe alegria, e leveza para nosso jornal impresso.

Morador de Pederneiras, Seu Ismar estava internado há alguns dias em um hospital particular de Bauru, com complicações decorrentes de uma pneumonia. Infelizmente, na manhã desta quinta-feira (20), recebemos a notícia de sua passagem. Ele foi sepultado também quinta-feira, em Pederneiras.


Perdemos um grande amigo nesta semana. Aos familiares do nosso querido Seu Ismar, nossos mais profundos sentimentos. Obrigado por tudo, querido Seu Ismar! Sua memória ficará para sempre eternizada na história do Jornal Noticiantes.

 

Confira alguns trechos da entrevista da Edição nº. 05 da Revista Megatop com Seu Ismar, publicada em maio de 2022

 

Sobre o processo criativo na redação das crônicas...

Normalmente, acontece assim: alguém me conta algum fato curioso, como aquela crônica falando do presidiário no Rio de Janeiro (Edição 106 do Jornal Noticiantes), daquele senhor que passava o dia junto com a segunda esposa e aí, à noite, ele falava: “Eu preciso dormir na cadeia, eu sou presidiário”. À noite, então, ele voltava para a casa dele. Essa história me foi contada pelo Fábio, meu filho.  São histórias que algumas pessoas me contam, outras que eu vejo na televisão e outras que eu encontro no jornal.”

 

Sua paixão pelo jornalismo...

“Fui um pouquinho de cada coisa e aí vem aquela história, né? Quando tem muitas profissões é porque está patinando em todas, então foi um pouco de cada coisa. Mas a que me mais trouxe satisfação, me trouxe prazer, foi o jornalismo.”

 

Seu ingresso no jornalismo impresso

“Em Pederneiras, em 1960, no último domingo do mês de julho, havia um baile no CRC (Clube Recreativo Comercial). O nome do baile era "Adeus às Férias". Era um baile famoso, vinha gente até de Bariri e região. Na segunda-feira, comecei a me lembrar do baile... ‘Puxa, que saudade, que baile...’ E fui rascunhando; tinha o fulano, o ciclano, não sei quem estava com não sei quem... Depois eu olhei e pensei: ‘Puxa, os jornais aqui não têm nenhuma sessão que fala de bailes, de clubes, de eventos sociais’. Pensei um pouco e criei um nome: ‘Sociedade na Berlinda’. Como eu fiquei com medo de fracassar, então eu usei um pseudônimo, P.I. (de Pereira, Ismar). E aí, para minha grande surpresa, fez um sucesso! Todo mundo queria saber quem era o tal P.I. Eu fiquei durante anos escrevendo com o pseudônimo, sem que as pessoas soubessem quem é. E essa coluna durou pouco mais de cinco anos e, realmente, modéstia parte, fazendo sucesso – se não, não teria durado tanto tempo assim. Depois, quando descobriram quem era o autor da encrenca, eu passei a pôr meu nome... Isso faz apenas 62 anos.”

 

Leitor assíduo desde a infância

“Passávamos na banca de jornais e eu comprava duas ou três revistas que existiam na época, eram ‘Vida Infantil’, ‘Vida Juvenil’, ‘Tico Tico’... Eu lia muito revista infantil, mas depois que comecei a ter problema na vista, eu passei a ler pouco. Na realidade, eu gosto muito do Graciliano Ramos, que usa frases curtas e impactantes. São frases que costumam calar fundo. Então, eu gosto muito e procuro usar esse sistema de frases mais curtas, provavelmente algum leitor já deve ter pensado: ‘esse cara não consegue concatenar uma frase comprida, é só frase curta’. Mas eu acho que desse jeito funciona bem, e quando precisa, aí eu dou uma espichada.”