Entrevista da semana: José Fausto Tanganelli Filho - Presidente da ASSOBARI

Entrevista da semana: José Fausto Tanganelli Filho - Presidente da ASSOBARI

Noticiantes: Nesta quinta-feira (28), comemoramos o Dia do Agricultor. Qual é o maior desafio do setor neste período pós-pandemia?

Jô Tanganelli: Esse dia representa milhares de brasileiros que movem a grande locomotiva desse país, que impulsiona nossa economia, nosso agronegócio. 
A pós-pandemia tem deixado todos os mercados instáveis; nosso agro tem crescido bastante, assim também com inúmeros desafios – entre eles podemos citar como principal o aumento dos insumos para a produção da lavoura e consequentemente crescimento dos custos de produção.

Noticiantes: Qual é a importância de uma instituição como a ASSOBARI para o setor agrícola local?

Jô Tanganelli: A ASSOBARI tem como objetivo congregar agricultores das mais variadas culturas da região de Bariri e defender os seus direitos e interesses, representar a classe, mantendo relações de cooperação e de articulações com as demais entidades afins, reivindicando ações junto ao poder público. 
Hoje, atuamos em sete municípios e nosso trabalho é oferecer ao associado serviços de qualidade, sendo um “suporte” através de acompanhamento técnico agrícola, sempre buscando o que existe de inovações no mercado, investimentos em softwares, tecnologia e inovações, projetos de financiamento bancário, projetos ambientais, sistema de gestão da propriedade desenvolvido por nós, para atender a demanda do produtor, na área social oferecemos aos associados e seus dependentes (familiares e funcionários), convênios médicos, clínicas de exames e plano de saúde, temos também o departamento de capacitação, onde oferecemos treinamentos, palestras e reciclagem para qualificação de mão de obra do setor, todo suporte jurídico nas questões ambientais, trabalhistas e plantões de dúvidas, e possuímos um projeto de certificação de cana de açúcar, onde contempla boas práticas agrícolas e o tripé da sustentabilidade. 
Todos esses serviços são ofertados para que produtor tenha um maior ganho em sua área agricultável, produzindo mais e gastando menos, principalmente para o pequeno produtor que é a maior parte da ASSOBARI.

Noticiantes: Qual o grande diferencial da ASSOBARI?

Jô Tanganelli: A ASSOBARI, desde o seu fundamento, é idealizadora de atividades focadas em sustentabilidade. Em 2007, iniciou um projeto pioneiro mundialmente chamado de Protocolo Agro Socioambiental, que depois foi apresentado à BONSUCRO, como sugestão para se criar uma norma para certificar os produtores rurais também, e não somente as unidades industriais. Foi à primeira associação de fornecedores de cana a receber a certificação BONSUCRO no ano de 2016. 
Em julho de 2019, a BONSUCRO criou uma plataforma para negociação de venda de créditos de cana independente de unidades industriais, onde compradores e vendedores se reúnem para promover a produção sustentável de cana em escala. No dia 29 de julho de 2020, a ASSOBARI conseguiu realizar sua primeira negociação dos créditos de cana. Hoje, já vendeu mais de 400 mil créditos de cana certificada, resultando em um valor de mais de R$ 5,00 por tonelada ao produtor.

Noticiantes: Em Bariri, existe incentivo através de políticas públicas em prol do setor agrícola? O que falta para uma melhor valorização da categoria?

Jô Tanganelli: Nunca existiu nada para o setor; a região e a nossa cidade estão ligadas ao agronegócio. São várias as ações que podem trazer melhorias e desenvolvimento ao setor. Chegamos a montar um conselho agrícola formado por pessoas de todos os setores produtivos, que poderia estar sendo atuante e que nunca foram consultados, ajudariam   na utilização das maquinas agrícolas que foram pleiteadas através da Assobari, a patrulha agrícola (trator, pulverizador, distribuidor de calcáreo e uma plantadeira) que a cidade recebeu em 2018, e até hoje pouco utilizadas. 
Temos todos os anos problemas com as estradas rurais que tem papel fundamental para escoamento de produção, pessoas e insumos que na época de chuvas ficam intransitáveis. Alguns problemas pontuais que precisariam ser resolvidos (como já foram reivindicados e assessorado por nós) precisaríamos de novos anéis viários desviando o fluxo de carga na cidade. Podemos citar também o incentivo através da compra de produtos da merenda escolar dos produtores da cidade, ficando esse dinheiro no município. Dentre tantos outros como feiras, exposições voltadas ao agricultor trazendo tecnologia e divulgando o produto produzido. 

Noticiantes: Como o produtor rural lida com o excesso de tributos? Você acredita que esse cenário pode mudar para desafogar o setor agrícola?

Jô Tanganelli: Tivemos uma pandemia que trouxe mortes e inúmeros problemas a todos os setores. Em meio ao caos, o Governo Estadual, através do governador, aumentou diversos tributos a produtos agrícolas em plena pandemia. Não foram maiores porque o setor se mobilizou e interveio; muitas pessoas que perdiam o emprego ficaram sem renda e obrigados a pagar mais pelo alimento. 
Por outro lado, o Governo Federal tem facilitado os créditos e diminuído vários tributos federais, melhorando a competividade dos nossos produtos internacionalmente, consequentemente aumentando as exportações.

Noticiantes: A liberação do uso de agrotóxicos é um assunto polêmico. Como os produtores rurais avaliam essa questão?

Jô Tanganelli: Vamos entender o que são os agrotóxicos:
“Agrotóxicos são os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos.”
O uso de agrotóxicos é de extrema importância, sem seu uso, teríamos uma queda de até 40 % da produção atual, ou seja, o mundo ficaria ainda mais sem abastecimento. Com o desenvolvimento e tecnologia, os produtos estão evoluindo e diminuindo drasticamente seus efeitos tóxicos para o homem e ao meio ambiente. Inclusive, a ANVISA aprovou a classificação toxicológica para os defensivos agrícolas seguindo o mesmo padrão do GHS (Globally Harmonized System of Classification and Labelling of Chemicals), utilizada mundialmente e tornando mais severo o controle. Estamos evoluindo e substituindo para a utilização de agentes biológicos em toda a cadeia; tem se tornado uma ferramenta útil e menos nociva para a agricultura.

Noticiantes: Qual é a expectativa do setor agrícola para as Eleições 2022?

Jô Tanganelli: O setor, como um todo, tem ideais e valores muito semelhantes a grande maioria das pessoas são cristãs, honestas e que valorizam o trabalho, família e nosso país. Estamos diante da escolha de manter esses ideais e continuarmos crescendo como nação ou permitiremos acabar com esses valores e a destruição da nossa economia, roubo das nossas empresas como já tivemos a experiência no passado. Observando os nossos países vizinhos, que escolheram a esquerda populista, depararam com um colapso na economia, uma fome desenfreada, inflação que passa dos 50 % sem perspectiva nenhuma de futuro.
O agro, como um todo, aposta no governo Bolsonaro. Apesar dos desafios, estamos crescendo, aumentando os empregos, melhorando a renda, com inúmeras as obras de infraestrutura por todo o país. Estamos recebendo grandes volumes de investimentos internacionais por credibilidade do governo. Somos, hoje, referência em economia pós pandemia mundial. Fica fácil escolher o lado.

Noticiantes: O Noticiantes agradece sua participação e deixa o espaço para suas considerações finais.

Jô Tanganelli: Agradeço mais uma vez esse jornal de extrema credibilidade que traz sempre as notícias e informações reais e momentâneas. 
O maior negócio brasileiro é o agronegócio! Nas projeções internacionais de crescimento populacional nos próximos anos, (segundo a FAO), a população mundial em 2024 será superior a 8 bilhões de pessoas e, em 2050, superior a 9,5 bilhões, exigindo maior oferta de alimentos. O crescimento populacional, trará até o dobro da renda “per-capita” que acontecerá no Brasil, sudeste asiático, Oriente Médio e África. Assim, o único país com capacidade de aumento de terras produtivas é o nosso. Possuímos 400 milhões de terras agricultáveis e utilizamos hoje apenas 70 milhões. Nesse aumento, não utilizaremos terras devolutas, indígenas ou reservas permanentes. Possuímos as maiores reservas de água potáveis do mundo.
Precisaremos aumentar em 50% os grãos e o dobro da produção de carne, estamos falando em bilhões de dólares em exportações. Engana-se quem acha que será um desenvolvimento do interior; mexemos com todos os setores, o desenvolvimento vem através de várias cadeias, a infraestrutura, mais rodovias ferrovias, aumento na produção de caminhões, carros e máquinas agrícolas, toda a silagem e insumos... Tudo isso fabricado nas cidades, gerando um desenvolvimento de toda a sociedade, aumentando assim o consumo, um ganho de todas as classes.