Fernando Foloni contrata show milionário para o rodeio e é massacrado por críticas: gestão contradiz o próprio discurso de “falta de recursos” que justificou cancelamento de feira, falta de itens de higiene nas escolas e outros cortes

Acabou o mistério! Meses atrás, o prefeito Municipal de Bariri, Fernando Foloni (MDB), relatou à imprensa sua incerteza sobre a realização da edição 2024 do Bariri Rodeio Show, mas as dúvidas foram sanadas nesta terça-feira (30): conforme consta no Portal de Transparência do Município, a dupla sertaneja Pedro Paulo e Alex foi contratada pelo valor de R$ 180 mil “para show no rodeio de Bariri no dia 16 de junho, em comemoração aos 134 anos de Bariri”.
A contratação dos músicos aconteceu no formato de “inexigibilidade de licitação”, ação que ocorre quando o Poder Público entende não ser viável ou não ser necessário um processo licitatório. Na teoria, a inexigibilidade acontece em casos nos quais a licitação por concorrência não poderia ocorrer normalmente; dessa forma, a contratação feita pela Administração Pública é direta.

“A Diretoria de Educação e Cultura estará promovendo as Festividades Municipais em comemoração aos 134 anos de Bariri, onde um dos eventos acontecerá o Rodeio de Bariri, com intuito de fortalecer e manter as tradições culturais dos cidadãos Baririenses. O evento será mais uma alternativa de entretenimento e integração da população, visto que essa comemoração é tradicional nesta Municipalidade. A realização de um Rodeio atrairá não somente a população de nosso Município, mas também das cidades vizinhas que virão para o Estádio Municipal Farid Jorge Resegue, em busca de lazer e entretenimento”, justifica Silmara Cocia Beltrame, Diretora de Educação e Cultura, no “Documento de Formalização da Demanda”, datado de 22 de abril

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O valor de R$ 180 mil para um único show não passou despercebido aos internautas baririenses. No decorrer desta semana, as redes sociais foram tomadas por fortes críticas de cidadãos que questionaram as prioridades do governo Fernando Foloni, já que serviços essenciais estão deixando a desejar em diversos setores, além de eventos cancelados pela prefeitura, entre outras situações justificadas pela crise financeira. Relembre abaixo:

Escolas sem materiais de higiene e cardápio da merenda repetido

Um exemplo muito utilizado foi a falta de recursos para compra de produtos de limpeza e higiene nas escolas da Rede Municipal de Saúde.
“As escolas não têm papel higiênico”, expôs uma internauta. “Papel higiênico pra trabalhador público... não uma comissão gorda para contratar cantor”, diz outro comentário. 
O assunto da falta de produtos de higiene básica e limpeza nas escolas da Rede Municipal de Ensino de Bariri ganhou destaque na imprensa em fevereiro, após o vereador Evandro Folieni (PP) comentar, durante uma sessão camarária, sobre creches que estavam sendo higienizadas apenas com água, já que a prefeitura ignorava requisições dos servidores da educação que pediam a compra de materiais de higiene e limpeza. 
No dia 17 de abril, nossa reportagem recebeu relato anônimo de uma mãe de aluno. “As professoras estão reclamando de falta de materiais básicos, como giz e caneta para quadro  branco; elas estão tendo que trazer de casa. A merenda está se repetindo durante a semana. Até as crianças estão percebendo que está faltando, é complicado”, disse o relato.
Segundo apurado pelo Noticiantes, o cardápio da merenda escolar em algumas unidades da Rede Municipal não é mais balanceado; há semanas, as crianças estão recebendo apenas macarrão, carne moída e carne em cubos. 

Feira de economia criativa é cancelada após dois anos

No dia 1º de abril, artesãos locais que se preparavam para a 3ª Edição da Feira de Economia Criativa “Amor de Mãe”, receberam uma notícia triste da Responsável pelo Setor de Cultura, Raica Spedo. “Infelizmente, este ano não acontecerá a feira Amor de Mãe. O prefeito acabou de me avisar que não será possível fazer a feira por conta de gastos”, informou Raica em uma mensagem via WhatsApp enviada ao grupo de expositores. 
As duas edições anteriores da mostra movimentaram a economia dos expositores e garantiram lazer aos baririenses que frequentaram a Praça da Matriz. Além dos expositores, a expectativa era de que a feira oferecesse espaço para as entidades assistenciais de Bariri, como na última edição, através de venda de itens alimentícios e bebidas na Praça de Alimentação. 
“Se o rodeio é verba da cultura, por que não usou para fazer o nosso evento? Nosso evento é Cultura. Porque não usou para nós e para o rodeio pode? A prefeitura deu as costas para a gente e, agora vai gastar R$ 180 mil nesse show, sendo que deixou todos os artesãos da cidade a ver navios. Com 180 mil dava para a gente fazer uma feira espetacular e o dinheiro iria circular dentro da própria cidade”, concluiu uma expositora.

Diretora de Finanças cita déficit de R$ 483 mil para justificar não pagamento de incentivo aos agentes de Saúde 

Em ofício enviado ao gabinete em 28 de fevereiro, a Diretora dos Serviços de Finanças, Natália Regiane Sisto Moreira, justifica o não pagamento do incentivo financeiro aos Agentes Comunitários de Saúde. Segundo apurado, o valor é repassado mensalmente ao Executivo, através do Governo Federal. No entanto, os agentes não recebem o recurso em forma de incentivo. 
No documento, Sisto alega que “não há sobra de recurso”, expondo um déficit anual no valor de R$ 483.855,40 (quatrocentos e oitenta e três mil, oitocentos e cinquenta e cinco reais) para custeio dos Agentes de Saúde. A diretora admite a delicada situação financeira vivenciada pela Prefeitura Municipal de Bariri. 
“Considerando que o repasse do Governo Federal é insuficiente até mesmo para custear os vencimentos dos profissionais, bem como a atual dificuldade financeira que este ente federado enfrenta, entendo que não seja possível acréscimo de despesa com recursos do tesouro municipal”, conclui. 
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bariri tem uma ação na Justiça do Trabalho aberta contra a prefeitura pela falta do pagamento do incentivo. No entanto, o caso ainda não foi concluído.

Suspensão do Programa Alimentar Municipal afeta entidades 

No início do ano, entidades assistenciais de Bariri receberam um comunicado assinado pela nutricionista da Diretoria de Ação Social: “Por enquanto não teremos entregas de mercadorias. Nem os pães. Não temos requisições liberadas. Por enquanto não conseguimos pedir nada”.
A mensagem da nutricionista informou a suspensão do Programa Alimentar do Município (PAM), ferramenta que fornece gêneros alimentícios para instituições baririenses, que utilizam tais recursos exclusivamente para a alimentação dos atendidos.
À nossa reportagem, entidades como Apae, Creche Madre Leônia, Lar Amor e Vida e Centro de Promoção Social, confirmaram que realmente não receberam os gêneros alimentícios por algumas semanas entre janeiro e fevereiro. Após a denúncia ser exposta no Jornal Noticiantes, o programa foi retomado normalmente pelo Poder Público. 

Auxílio-transporte sem reajuste de valores em 2024

O auxílio-transporte pago à estudantes universitários e tecnólogos que residem em Bariri, mas deixam a comarca para estudar durante a semana, foi um assunto polêmico durante praticamente todo o ano de 2023. Insatisfeitos com os valores repassados pela Prefeitura Municipal, estudantes fizeram abaixo-assinado, além de manifestações pacíficas na Câmara Municipal e na entrada do Paço Municipal, solicitando o aumento do benefício.
A petição não foi atendida em 2023 e tampouco em 2024. O ano novo começou com a mesma tabela de valores do ano passado, ou seja, nem mesmo o reajuste para correção da inflação foi aplicado.
Dessa forma, para insatisfação dos pais e alunos, os valores permanecem os mesmos. O benefício é válido para universitários e tecnólogos que estudam nas cidades de Barra Bonita, Ibitinga, Bauru, Jaú e Pederneiras. São concedidas até 10 parcelas, com início no mês de fevereiro (pagamento em março) e término no mês de novembro (pagamento em dezembro), nos seguintes valores: Barra Bonita (R$ 172,50), Bauru (R$ 199,50), Ibitinga (R$ 172,50), Jaú (R$ 157,50), Pederneiras (R$ 157,50), Jaú (diurno integral R$ 247,50) e Bauru (diurno integral R$ 319,50).