Nove testemunhas prestam depoimento na CP que investiga vereador Gilson por denúncia de perseguição política e assédio moral; confira o resumo das oitivas

A Comissão Processante formada por Rubens Pereira dos Santos (Presidente), Myrella Soares (Relatora) e Laudenir Leonel (Membro) ouviu o depoimento de nove testemunhas na última sexta-feira (25).
No plenário, Gilson de Souza Carvalho (PSB), vereador investigado por suposta prática de perseguição política e assédio moral contra a ex-orientadora da Univesp, professora Dayane Marci Fonseca da Silva, esteve acompanhado de sua advogada de defesa, dra. Daniela Rodrigueiro, que fez todas as perguntas às testemunhas.
A denunciante e autora da representação que deu origem à CP, Camila de Oliveira Faria, não foi ouvida. Uma breve confusão entre a defesa de Gilson e a comissão foi registrada no início dos trabalhos, quando Rubinho alegou que a denunciante seria ouvida por vídeo chamada, fato que gerou protesto da defesa de Gilson.
A tentativa da oitiva da denunciante por vídeo chamada falhou. Por esse motivo, a Comissão irá marcar dia e horário para que Camila seja ouvida pessoalmente em plenário, assim como ocorreu com as outras testemunhas. A data ainda está em definição.
Confira abaixo um resumo do que disseram as nove testemunhas em seus respectivos depoimentos:
Airton Pegoraro – Prefeito Municipal
- Confirmou Gilson fez parte da equipe de transição do governo após as eleições;
- Em virtude do alto custo da Educação, disse que um dos planos iniciais de seu governo era reduzir os custos da pasta;
- Frequentava o Sindicato dos Servidores com frequência durante o período de transição;
- Confirmou que pessoas de seu grupo político opinaram pela exoneração de todos os cargos comissionados do governo anterior, pedindo para colocar cargos de confiança;
- Disse que Gilson foi umas das pessoas do grupo que pediu a exoneração de pessoas específicas;
- Que o pedido de exonerar a orientadora Dayane foi feito por Gilson;
- Ouviu de Gilson e de outras pessoas que a Univesp deveria sair da Diretoria de Educação para ser inserida na Diretoria de Desenvolvimento;
- Disse que foi pedida a troca porque Dayane tinha um salário alto e mais vínculos na Educação. Que ouviu isso de Gilson no próprio Sindicato. Que as conversas eram realizadas na sala da presidência do Sindicato, entre ele e Gilson;
- Posteriormente, foi analisado e viu que a transferência da universidade da Educação para o Desenvolvimento era inviável;
- Que a exoneração de Dayane foi acompanhada de todas as outras exonerações ocorridas no início do ano e que foi feita com a intenção de reduzir custos;
- Confirmou que levou em consideração a opinião das pessoas do grupo sobre as exonerações, mas que a decisão final foi dele, como prefeito;
- Foi pedido a ele para haver uma troca total no setor de Educação.
Cinira Mazotti – Diretora de Educação
- Confirmou que participou de uma reunião junto com o governo de transição, da qual Gilson fez parte;
- Explicou que antigamente, a Univesp pertencia à Diretoria de Desenvolvimento quando foi feito o convênio. Depois, foi para a pasta da Educação e, durante a transição, foi sugerida a volta da Univesp para o Desenvolvimento;
- Que no organograma do município, o Desenvolvimento está responsável pelo ensino profissionalizante e ensino superior, que tal informação foi passada por Wellington Polonio Bof , o Parraguinha (Diretor de Desenvolvimento);
- Não se recorda da presença de Gilson nessa reunião em específico;
- Confirmou a intenção do prefeito em reduzir e revisar os custos da Educação;
- Disse que todos os cargos de confiança da pasta da Educação foram exonerados por decisão do prefeito, que detém o poder de exonerar;
- Desconhece qualquer tipo de coação ao prefeito para fazer as exonerações;
- Que Dayane estava na listagem de exonerados, junto com os outros comissionados da Educação;
- Que no caso da exoneração de Dayane e outras pessoas (que não citou nomes) houve uma questão política;
- Que a “questão política” refere-se a à orientação que o grupo político do prefeito dava à respeito das exonerações;
- Que esse mesmo grupo avalia a competência técnica das pessoas nomeadas e exoneradas, que ela mesma passou pelo crivo do grupo antes de ser nomeada diretora;
- Que Airton alega que a exoneração de Dayane foi uma questão política;
- Confirmou que disse a mesma coisa em depoimento ao Ministério Público;
- Que Dayane comentava com ela que Gilson queria que ela saísse do cargo por ganhar um salário alto;
- Confirmou que é amiga pessoal de Dayane;
- Que Dayane disse que Gilson tinha a intenção de substituir ela por um técnico de informática, que ganharia um salário inferior;
- Que o próprio Gilson questionou ela (Cinira) se um técnico de informática não poderia ocupar a função de orientador;
- Que a intenção de Gilson no questionamento era uma questão apenas de reduzir custos, não pessoal;
- Que chamou Gilson para uma reunião no setor da Educação, ocasião que foi solicitado para que Gilson indicasse alguém para ocupar o cargo de orientadora da Univesp;
- Que chamou Gilson para a indicação a pedido do prefeito;
- Conversou com a Professora Silene, indicada por Gilson;
- Que ela indicou a Professora Juliana como orientadora, que o nome de Juliana nada tem a ver com a indicação de Gilson, pois ela mesma levou a sugestão até o prefeito.
Leandro Gonzalez – Advogado e vereador
- Confirmou que várias reuniões políticas aconteceram em seu escritório, antes e depois das eleições e também depois que o prefeito tomou posse;
- Não se recorda de haver pedidos de exoneração de funcionários da Educação nessas reuniões;
- Não tem conhecimento que Gilson exigiu a exoneração de qualquer funcionário ao prefeito;
- Diz que Gilson tinha um descontentamento com a folha salarial de Dayane, que considerava irregular, mas que nunca ouviu Gilson “pedir a cabeça” de Dayane;
- Não se recorda de tratar nas reuniões qualquer pauta sobre a redução de salário das funcionárias da Educação.
Benedito Antonio Franchini – Servidor público e ex-vereador por sete mandatos
- Conhece Gilson há cerca de 20 anos;
- Desconhece algo que o desabone em sua vida pública, no Sindicado dos Servidores;
- Lembrou de um episódio em que Gilson teria sido agredido dentro do Sindicato, mas que não teve relação com qualquer servidor público.
Juliana Paulino da Silva – Professora e Orientadora da Univesp
- Confirmou que é a atual orientadora da Univesp e que assumiu o cargo em 30 de janeiro;
- Confirmou que assumiu a pasta após a Diretora de Educação, Cinira, levar o nome dela ao prefeito;
- Que conhece o Gilson, já foi sindicalizada e que nunca presenciou qualquer questão que o desabone.
Wellington Polonio Bof “Parraguinha” – Diretor de Desenvolvimento Econômico e Turismo
- Confirmou que fez parte da equipe de transição do governo após as eleições;
- Disse que a equipe de transição tinha preocupação com os gastos da Educação;
- Que houve um estudo de redução de gastos que foi considerado nas exonerações que ocorreram em janeiro;
- Confirmou que foi considerada a possibilidade da Univesp sair da pasta de Educação para a pasta de Desenvolvimento;
- Que nunca presenciou Gilson impor ou exigir nada relacionado à Dayane ao prefeito;
- Que não conhece nada que desabone a pessoa de Gilson e nunca presenciou nenhum episódio de violência.
Luiza Helena Collombaro Telles – Auxiliar de Desenvolvimento Infantil
- Conhece Gilson desde que entrou na prefeitura, há 17 anos e é sindicalizada;
- Desconhece qualquer episódio de Gilson destratar mulheres ou qualquer outro fato que o desabone.
Cilene Maria Fontes – Professora de Educação Básica
- Conhece a professora Rita Gimenes pois é sua prima;
- Disse que Rita disse à Gilson que ela (Cilene) tinha interesse em um cargo;
- Depois disso, Gilson a contatou perguntando se havia interesse dela em trabalhar na prefeitura; que isso ocorreu no início de janeiro, após a reunião dos vereadores sobre a questão do Fundeb e do piso salarial do magistério;
- Que demonstrou interesse para o cargo de orientadora da Univesp;
- Que Gilson a encaminhou para tratar o assunto com a diretora Cinira, mas que ela ocupar o cargo não deu certo por questões de carga horária;
- Nunca presenciou nenhum ato de violência de Gilson com outras mulheres.
Marco Antonio Bertonha – Diretor do Sindicato dos Servidores
- Confirmou que é servidor público licenciado e atua no Sindicato junto com Gilson rotineiramente;
- Acompanha Gilson em diligências do Sindicato por questão jurídica, pois Gilson teria sido agredido anos atrás e foi determinado que Gilson não transitasse mais sozinho;
- Nunca presenciou nenhum ato de violência de Gilson contra mulheres;
- Citou questões com diretoras de setores, mas que tais confrontos ocorreram pela intenção do sindicato em defender o interesse coletivo dos servidores;
- Confirmou que foi testemunha de alguns casos e que todas as questões com diretoras denunciadas ao Ministério Público foram arquivadas;
- Que Gilson tem um perfil de falar alto, mas que trata homens e mulheres da mesma forma.
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