Prefeitura de Bariri bate o martelo e descarta uso do fumacê para combater a dengue; epidemia ultrapassa dois mil casos e duas mortes são confirmadas

Prefeitura de Bariri bate o martelo e descarta uso do fumacê para combater a dengue; epidemia ultrapassa dois mil casos e duas mortes são confirmadas

Mesmo após muitos pedidos e cobranças, a Prefeitura Municipal de Bariri bateu o martelo e confirmou que o método não será utilizado para combater a dengue na cidade. O anúncio foi realizado durante coletiva de imprensa sediada na manhã de terça-feira (27), no plenário da Câmara Municipal.
Participaram da entrevista o prefeito Fernando Foloni, dr. Fábio Zeni (presidente do Comitê de Combate à Dengue), Paulo Egídio Grigolin (Diretor de Infraestrutura), além do Presidente da Câmara, vereador Airton Pegoraro. 
Segundo dr. Fábio Zeni, na última semana houve uma reunião geral para os municípios sediada na Diretoria Regional de Saúde (DRS) de Bauru. Neste pleito, os municípios receberam o alerta que os números da dengue irão subir, de forma assustadora, a partir do mês de março.
Ainda nesta reunião, de acordo com o dr. Fábio Zeni, a Saúde Estadual não recomendou o uso do fumacê como forma de combater o mosquito Aedes aegypti.
“O chamado fumacê quente virou uma coisa cultural. Ele não é recomendado. Tivemos essa recomendação oficial de não fazer o fumacê. Não é recomendada pelo Estado. Muita gente pede, mas, por questões de saúde pública, o risco é muito maior do que os resultados. É muito ineficiente. Algumas cidades estão fazendo e não obtiveram resultados. Existe ineficiência e os prejuízos em relação ao fumacê. Esse fumacê, que tanto pedem, utiliza produtos que podem intoxicar e levar ao óbito. Muitos prefeitos sofrem pressão política, acabam cedendo e utilizando esses produtos que podem expor nossa população em risco. Esses produtos afetam muito as gestantes e, depois, permanecem nos fetos. A posição do comitê é não utilizar esses produtos”, explicou dr. Fábio Zeni.
Segundo ele, para combater a epidemia em Bariri, a Vigilância Epidemiológica continuará apostando na nebulização costal (feita quando agentes vão com o aparelho nas costas e fazem a nebulização nas residências). 
Bariri também solicitou à DRS um outro tipo de nebulização, intitulada NAV. O pedido anterior para trazer o aparelho NAV havia sido negado anteriormente por conta do alto índice larvário. Agora, a expectativa da prefeitura é que a NAV seja autorizada, uma vez que as ações realizadas pelo Poder Público, a partir do decreto de Emergência em Saúde, podem ter contribuído para a baixa no índice. No entanto, apenas os bairros mais atingidos pela epidemia receberão a NAV, ou seja, a ação não será aplicada na área total da cidade. Segundo dr. Fábio Zeni, um litro da NAV tem custo de R$ 4 mil. 
Outra aposta da administração é o trabalho de conscientização nas escolas, para orientar crianças e adolescentes. A prefeitura alega que essa ação educacional já está acontecendo e, pretende marcar o “Dia D” de combate à dengue, com múltiplas ações. 
Zeni também ressaltou que as ações serão intensificadas a partir do segundo semestre do ano, como forma de prevenção já para 2025. 

 

Dengue tipo 1 predomina em Bariri

A dengue possui quatro sorotipos diferentes (com distintos materiais genéticos e linhagens) em circulação no país. Esses tipos são nomeados: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Eles pertencem à família Flaviridae e são vírus que só contêm RNA na composição.
De acordo com o dr. Fábio Zeni, em Bariri, a dengue tipo 1 (DEN-1) é a mais recorrente na cidade. Este é um dos tipos mais comuns e foi o primeiro a ser identificado. A infecção por Den-1 pode apresentar desde sintomas mais leves até os mais severos, como a dengue hemorrágica. 
A boa notícia é que após ser infectado por este sorotipo, o indivíduo fica imune a ele pelo resto da vida. No entanto, isso não o protege contra os outros três tipos. A ordem de potencial gravidade (do tipo mais perigoso para o menos) é: DEN-3, DEN-2, DEN-4 e DEN-1.

 

Mortes de agente e idoso são confirmadas 

Nesta semana, foi oficialmente confirmada a morte por dengue da agente de vigilância epidemiológica Daniele Caçador, que faleceu em 01 de fevereiro aos 33 anos de idade. 
O segundo óbito por dengue foi confirmado em Bariri na manhã de quinta-feira (29). Trata-se do idoso J.F.C., de 64 anos, falecido em 27 de janeiro. 
O óbito da adolescente Rute Santos, de 14 anos, também foi confirmado. No entanto, será contabilizado em Marília, cidade natal da jovem. Rute se contaminou com a doença em Bariri, durante a temporada de férias escolares. Devido à piora no quadro, ela foi transferida para a Santa Casa de Jaú, onde faleceu em 02 de fevereiro.
Mais duas mortes foram notificadas à imprensa por meio de familiares das vítimas: um idoso de 84 anos, morador da Rua Sete de Setembro, que faleceu em 11 de fevereiro; e uma mulher de 69 anos que faleceu em 18 de fevereiro. Nossa reportagem já questionou a Diretoria de Saúde e a Vigilância Epidemiológica a respeito desses dois óbitos extraoficiais, mas ainda não obtivemos retorno.
A Vigilância Epidemiológica de Bariri informa o registro e 2.174 casos de dengue no município. Os dados atualizados até o fechamento desta edição mostram 692  casos descartados, 24 pacientes aguardando exames.