Santa Casa de Bariri está 100% ocupada, com longa fila de espera no pronto-socorro e sem leitos de internação, enquanto “Elefante Verde” segue paralisado há três décadas

Santa Casa de Bariri está 100% ocupada, com longa fila de espera no pronto-socorro e sem leitos de internação, enquanto “Elefante Verde” segue paralisado há três décadas

A Santa Casa de Misericórdia de Bariri pede socorro. Nesta semana, a interventora do hospital, Marina Prearo, enviou nota à imprensa alegando que 100% dos leitos estão ocupados. Segundo o comunicado, 50% das 33 internações representa pacientes diagnosticados com dengue. Até o fechamento desta edição, Bariri contabiliza 1370 casos da doença e três mortes suspeitas. 
Conforme a nota enviada pela gestão do hospital, a ala de Maternidade e Pediatria possui 09 quartos (12 vagas). Destes, apenas 03 quartos estão sendo utilizados para Pediatria e Maternidade, já que 06 leitos estão ocupados com internações clínicas por falta de vagas na enfermaria.
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa tem 07 vagas. Desse total, 05 estão ocupadas e 02 estão abrigando pacientes em situação de isolamento para internação e hidratação.
A ala da Enfermaria possui 14 quartos (28 vagas). Neste momento, 02 quartos estão atendendo o pronto-socorro, enquanto os outros 12 quartos abrigam 21 internações (destas, 6 com isolamento Covid-19, pneumonia e cirurgia infectada).
Ainda de acordo com Marina Prearo, o atendimento no pronto-socorro aumentou 25% (mesmo com a abertura do Centro de Diagnose como ambulatório especial de dengue). Já as internações na Santa Casa tiveram aumento de 100%. Ao mesmo tempo, três quartos estão em reforma, seguindo o plano diretor que, a longo prazo, prevê a mudança do pronto-socorro de lugar. Por fim, nesta quarta-feira (14), foi aberto mais um quarto para hidratação, cuja troca de pisos foi realizada no último final de semana.
Apesar de todos os remanejamentos, não há mais espaço para uma agulha dentro da Santa Casa de Bariri. No pronto-socorro, pacientes relatam fila de espera de aproximadamente cinco horas. Com o espaço reduzido, a cena comum é ver pessoas esperando por atendimento em bancos de cimento, do lado de fora do PS, ou fazendo triagem nos corredores.
Insatisfeitos e desesperados, pacientes acionam a imprensa, enquanto profissionais de saúde, na linha de frente, trabalham no limite. Com a situação caótica, uma questão foi levantada: e o Hospital São José, localizado ao lado da Santa Casa?
Conhecido popularmente como “Elefante Verde”, o prédio está parado há três décadas: começou a ser construído em 1980, com verbas do Governo Federal até 1994. Estima-se que R$ 10 milhões foram gastos na obra inacabada, que se degrada com o tempo.
O Hospital São José tem capacidade para 112 leitos, número que poderia atender pacientes de Bariri e região. No entanto, o prédio que pode ser visto de várias partes da cidade, virou um local insalubre, cheio de fezes de pombos, além de atrair dependentes químicos e adolescentes, que arriscam suas vidas no local gravando vídeos de “desafios” que são publicados nas redes sociais.

 

Ninguém sabe explicar por que a obra parou 

De 1980 a 1994, o Governo Federal liberou verba para construção do hospital, mas, há 44 anos, mais nenhum centavo foi investido. A ideia, na época, era melhorar a infraestrutura da Saúde, com a nova unidade de internação. A proposta inicial seria transferir os pacientes do prédio antigo, que data no início do século passado. 
O Hospital São José foi projetado para abrigar 112 leitos. Nos quartos, parte da fiação foi instalada. Em alguns banheiros há revestimento nas paredes e as ligações das tubulações de oxigênio, aparentemente, foram concluídas. 
Em entrevista à TV Tem datada de 2013, a então gestora da Santa Casa, Denise Sgavioli, calculou que seriam necessários pelo menos mais R$ 3 milhões para o término. “Temos a escritura, prestação de contas de tudo que foi feito e o que esperamos agora que alguém possa assumir esse local e o transforme realmente em hospital para atender a demanda de atendimento”, afirmou. 
Nunca houve qualquer tipo de nota ou manifestação do Ministério da Saúde informando o motivo de a obra ter sido paralisada. Também não houve qualquer impedimento legal para a suspensão dos trabalhos. 

 

Tentativa de reativar 1º andar falha e meio milhão de reais é desperdiçado

Em 2020, durante a gestão Neto Leoni, a Prefeitura de Bariri publicou licitação para obras de reforma e ampliação de parte do 1º andar do Hospital São José, com o objetivo de criar um ambulatório que atendesse pacientes de Covid-19.
Na oportunidade, foi aberto crédito especial de R$ 760 mil para a obra, recurso direcionado através do Governo Federal, para enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. 
Em novembro de 2020, as obras foram iniciadas através da empresa Novaven Construções Ltda., contratada pela Prefeitura de Bariri pelo valor de R$ 641.704,04. Após a pandemia, a intenção era que o térreo do prédio abrigasse a sede da diretoria de Saúde e a Central de Ambulâncias, mas a obra nunca foi concluída com a troca de governo: Neto Leoni saiu da prefeitura em dezembro de 2020; Abelardo Simões assumiu em janeiro de 2021. 
Depois dessa tentativa falha, nunca mais foi feito qualquer menção, por parte do Poder Público, para reativação parcial do “Elefante Verde”.