Tarifa de água e esgoto do Saemba aumenta mais de 80% durante três anos de gestão Abelardo-Foloni em Bariri; Eder Cassiola pede exoneração e deixa comando da autarquia afundada em dívidas

A população de Bariri foi pega de surpresa na última semana com um decreto publicado pelo prefeito Luis Fernando Foloni no diário oficial: atendendo a um pedido do Serviço de Água e Esgoto do Município de Bariri (Saemba), autarquia comandada pelo superintendente Eder Cassiola, Foloni reajustou o valor da tarifa em 31,3% para 2024. Ou seja, a taxa mínima é alterada de R$ 20,64 (valor atual) para R$ 27,10 a partir do próximo ano. 
O reajuste decretado no cenário atual, no qual o Saemba enfrenta uma grave crise financeira, recebeu uma chuva de críticas; muitos internautas associaram o aumento da tarifa como justificativa para o pagamento da dívida milionária da autarquia junto a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), que ameaça paralisar o abastecimento caso a pendência superior a R$ 1,5 milhão não seja quitada. 
“Engraçado, o pessoal se afunda em dívidas, não tem controle de gastos e quem paga é o consumidor. Se eu não pagar conta de água, luz ou internet, não posso cobrar ninguém, só ver cortando tudo. Aí, o pessoal do Saemba enfia o dinheiro não sei onde e o povo paga a conta. Se não pagou, em algum lugar foi gasto. Onde foi parar esse dinheiro?”, questionou um internauta. 
 Um levantamento feito por nossa reportagem nos últimos de três anos da gestão Abelardo-Foloni, mostra que o Saemba acumula aumento de 80,67% na tarifa de água e esgoto em Bariri, referente aos reajustes sancionados pelo Poder Executivo de 2021 a 2023:

•    Em 2021, o então prefeito Abelardo Maurício Martins Simões Filho assumiu a cadeira do Executivo quando a taxa mínima de água e esgoto em Bariri era de R$ 15,00. Ao final de seu primeiro ano de mandato, Abelardinho autorizou aumento de 25% de reajuste na tarifa, passando a taxa mínima de consumo para R$ 18,75 – valor que passou a vigorar a partir de fevereiro de 2022;

•    Ao final de 2022, Abelardinho voltou a decretar um reajuste na tarifa: o então prefeito decretou aumento de 10,07% para vigorar em 2023 – passando a taxa mínima de consumo para R$ 20,64 (valor atual); 

•    Em 2023, Fernando Foloni decretou, quinta-feira passada (23), o reajuste de 31,3% para 2024 – passando a taxa mínima de consumo para R$ 27,10 a partir do próximo ano.

Ou seja, de 2021 para cá, a tarifa (mínima) subiu o total de R$ 12,10 – valor que, em porcentagem, equivale a 80,67% de aumento em três anos. No entanto, a taxa mínima não é a realidade de grande parte das famílias em Bariri, que pagam, mensalmente, valores muito acima do mínimo estipulado pela autarquia. 

O que esse índice representa no bolso do consumidor baririense? 

Para ilustrar o índice percentual de 80,67% na prática, acompanhe o exercício a seguir:

•    Quem pagava o valor de R$ 100,00 de água em 2021, com o reajuste daquele ano (25%), passou a pagar R$ 125,00 em 2022 (aumento de R$ 25,00);

•    Como em 2022 a tarifa foi reajustada em 10,07%, logo, quem pagava R$ 125,00 passou a pagar R$ 137,58 em 2023 (aumento de R$ 12,58);

•     Agora em 2023, com o reajuste em 31,3%, quem pagava R$137,58 neste ano, vai desembolsar R$ 180,64 em 2024 (aumento de R$ 43,06);

•    Dessa forma, um consumidor que pagava R$ 100,00 em 2021 e passará a pagar R$ 180,64 em 2024, viu sua conta de água e esgoto aumentar o total de R$ 80,64 em três anos. 

Fernando Foloni cita privatização e Edinho pede exoneração

Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Bariri argumenta que “Os dados são resultado de uma pesquisa feita pelo próprio Saemba ao realizar estudos financeiros para proceder ao aumento. As últimas correções da tarifa de água e esgoto de Bariri foram feitas em 2021 e agora esta em 2023. Antes disso, o acréscimo não ocorria desde 2017, o que levou o Saemba a essa situação de déficit financeiro, na avaliação do prefeito de Bariri, Fernando Foloni”. 
No mesmo informativo, o Fernando Foloni justifica que “o aumento do valor da tarifa foi a solução encontrada pelo Saemba para diminuir o saldo negativo que o serviço vem enfrentando, já que não tinha aumento no valor da tarifa havia quatro anos”.
Ao portal de notícias “Hora H”, Foloni foi mais além: ele alegou aumentar a tarifa foi uma atitude fundamental para manter a autarquia funcionando. Caso contrário, segundo o prefeito, a única saída seria a privatização do serviço. “Eu seria covarde se não desse esse aumento; eu não tinha alternativa”, disse Fernando Foloni.
Na coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (29), o superintendente Eder Cassiola anunciou que pediu exoneração do cargo alegando “questões familiares”. O prefeito Fernando Foloni, no entanto, não anunciou quem será o próximo superintendente da autarquia.