Bariri tem a pior renda per capita da região e tornou-se a cidade líder em desemprego; vereadores apontam inércia da gestão Abelardo-Foloni e questionam: “nestes 134 anos, o que temos a comemorar?”
Desenvolvimento Socioeconômico foi o assunto destaque na última sessão ordinária da Câmara Municipal de Bariri. Em meio a programação festiva dos 134 anos de emancipação político-administrativa do município, os vereadores Edcarlos Santos (PP), Ricardo Prearo (PSD), além do Presidente da Câmara Airton Pegoraro (Avante), conduziram o tema apontando inúmeras falhas nas políticas públicas responsáveis por fomentar o desenvolvimento do município – tema muito recorrente nos últimos três anos e meio de governo Abelardo-Foloni.
Airton Pegoraro endereçou requerimento ao prefeito Fernando Foloni (MDB), pedindo informações sobre a “relação de empresas beneficiadas com programa de incentivo da prefeitura para geração de emprego e renda, quais os benefícios, valores de aluguel, vigência de contratos e contrapartidas para concessão de tais benefícios”. Pegoraro ainda questionou “se existe previsão para compra do imóvel utilizado após o termino do contrato com parcelamento a médio e longo prazo para que a empresa se estabeleça em definitivo na cidade”.
Fazendo o uso da Tribuna no momento da “Palavra Livre, o Presidente da Câmara justificou o ofício citando um dado preocupante: o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que Bariri é a cidade que apresenta o menor PIB per capita da região.
PIB per capita ou PIB por pessoa é o indicador que representa o que cada pessoa do local analisado teria do total de riquezas que são produzidas naquele local (no caso, o município). Sendo assim, o PIB (Produto Interno Bruto) é dividido pelo número de habitantes da área, indicando o que cada pessoa produziu. O PIB per capita é considerado, de certa forma, um indicador do padrão de vida do cidadão.
Conforme dados disponíveis para consulta no portal do IBGE, o PIB per capita de Bariri é de R$ 45.290,86. Cidades vizinhas, de menor porte superam a marca: Boraceia (R$ 105.669,34); Itapuí (R$ 70.205,57); Pederneiras (R$ 64. 521,62); Itaju (R$ 58.993,27); Iacanga (R$ 54.825,02).
“Quando se fala em desenvolvimento, acho importante lembrar a relevância que nós tínhamos enquanto cidade, algumas décadas atrás, em relação a esse fator. Da nossa região, só perdíamos para Jaú. Tínhamos a maior fábrica de óleo vegetal da América Latina; éramos grandes produtores de café, considerado o ‘ouro verde’ de Bariri. Nossa cidade era tão importante e tão relevante que puxaram um ramal ferroviário que acabava aqui, onde hoje está aquele prédio utilizado pela prefeitura, ao lado da Resegue. As cidades da região têm uma renda per capita maior que a nossa – coisa que não ocorria há um tempo atrás. Fiz um levantamento e me informei que, para esse ano, estão orçados serem gastos R$ 1.440.000,00 (um milhão, quatrocentos e quarenta mil) para o Desenvolvimento. Menos de 1,2% do orçamento da nossa cidade. Se o problema é falta de dinheiro, onde está a solução? É inadmissível. A falta de dinheiro não justifica tudo. O que está faltando é competência e interesse da prefeitura realmente em desenvolver, trazer renda e riqueza para nossa cidade”, concluiu Airton Pegoraro.
Também na “Palavra Livre”, Edcarlos Santos discursou sobre o tema. Relembrando momentos de glória no passado histórico de Bariri – como a chegada da Família Lima em 1922; a implantação do urbanismo por João Leme em 1957; e a emancipação em 1890 do então “Bairro do Tietê” para “Bariry”, por iniciativa de Joaquim Lourenço Corre – o vereador levantou a questão: o que existe para comemorar nos dias de hoje?
“Tivemos tantos momentos marcantes de desenvolvimento, mas o que sobrou nos dias atuais? Temos o que comemorar nos dias atuais? Ano passado, tivemos uma perda de 804 empregos. Vocês sabem o que é ter 804 pessoas sendo mandadas embora? Cidades vizinhas do mesmo porte gerando 400 empregos e Bariri perdendo 800. Não temos como prender os jovens aqui; é uma cidade que não oferece desenvolvimento para profissões. Quantas empresas gostariam de ter um incentivo, uma ajuda, para iniciar as atividades e, assim, gerar empregos? Quantas empresas estão lá fora e precisam de um espaço? Bariri já foi a cidade dos idosos, pois tinha qualidade na Saúde, e praças bem cuidadas. Hoje, nós não somos nem a cidade dos idosos. Havia uma expectativa der que, no último senso, nós atingíssemos 35 mil habitantes; não chegamos nem a 32 mil. Se nós continuarmos dessa forma, vamos diminuir cada vez mais. A questão é o mau uso do dinheiro público, que poderia ser empregado para gerar desenvolvimento e está sendo empregado para gerar o atraso. A cidade que antes foi a ‘Milionária do Vale’, hoje, está se tornando a ‘Miserável do Vale’, por conta da má utilização do recurso público. Não vemos nenhuma ação do Poder Público para gerar desenvolvimento”, disse Edcarlos.
Ricardo Prearo também comentou a questão, chamando a atenção para a falta de incentivo que os empresários recebem do governo Fernando Foloni – fator que prejudica a geração de emprego e míngua o PIB per capita da cidade.
“Neste mês de aniversário da nossa cidade, realmente não temos o que comemorar. O que hoje carrega uma cidade é o desenvolvimento. Em Bariri, parece que estamos dando dois passos para trás. Fui cobrado por muitos empresários, principalmente do setor alimentício, pessoas que estão querendo trazer desenvolvimento e emprego para nossa cidade e, infelizmente, não estão conseguindo apoio da prefeitura. Recebi ligação de um dos empresários que disse: “eu desaminei, cada hora a prefeitura dá uma desculpa”. Isso me deixa muito triste, principalmente neste mês, que estaríamos comemorando coisas boas. Infelizmente, não temos notícias boas para comemorar”, lamentou o vereador.
Desinteresse da Administração Municipal na expansão do Certificado SIM prejudica produtores do ramo alimentício
Ricardo Prearo citou ainda a cobrança de produtores do ramo alimentício de Bariri em relação ao certificado SIM (Serviço de Inspeção Municipal), selo que garante a segurança alimentar, assegurando a qualidade dos produtos alimentícios que são produzidos no município e que chegam até a mesa do consumidor.
Também levantando o tema, Airton Pegoraro explicou que, através de convênios com municípios da região, os produtores baririenses podem expandir a área de comercialização dos produtos. No entanto, para que isso ocorra, o Poder Público precisa enviar ao Legislativo um projeto de lei que estabeleça o convênio – algo que o Gabinete não realizou até agora, apresar da demanda dos produtores.
“Quem ganha o selo, de um mercado local de 35 mil pessoas, passaria a ter um mercado de 250 mil pessoas, comercializando seus produtos na região de Ibitinga, Itápolis, Tabatinga e Borborema. Se Bariri fizesse parte desse consórcio, existe uma associação; os produtores daqui poderiam vender seus produtos legalmente em mais de 100 cidades (1,5 milhão de pessoas). Olha as oportunidades que estamos perdendo por marasmo, inércia e falta de interesse da prefeitura”, concluiu Pegoraro.
Vinte e sete anos sem casas populares e aumento no índice de aluguéis
A última entrega de moradias populares construídas pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), em Bariri, ocorreu em 1997. De lá para cá, 27 anos se passaram e a população baririense nunca mais foi agraciada com um programa habitacional em parceria do Poder Público com a CDHU. Com isso, cresce o número de famílias que se rendem ao aluguel.
Edcarlos falou também sobre o aumento do índice de imóveis alugados em seu discurso na Tribuna, fazendo um paralelo com a situação do próprio Executivo, que opta por alugar prédios de terceiros, mesmo tendo áreas institucionais desocupadas que poderiam estar em uso.
“Nos últimos quatro anos, tivemos um aumento de pagamento de aluguéis em Bariri. Nosso gasto era R$ 248 mil por ano com aluguéis. Agora, são R$ 500 mil anuais com alugueis. Estamos falando de uma cidade que paga aluguel mesmo tendo 120 áreas institucionais que lhe pertencem. Tem 50 áreas institucionais que poderiam servir para arquivo; para atendimento. Áreas que poderiam construir, mas a cidade prefere pagar aluguel. Imagina você ter um terreno, ter dinheiro, mas preferir pagar aluguel ao invés de construir no próprio terreno para sair do aluguel? A falta do dinheiro nos torna pobres, mas o mau uso nos torna miseráveis”, sustentou Edcarlos.
Bariri lamenta a perda de Eduardo Benatti, diretor de Desenvolvimento
O diretor municipal de Desenvolvimento Econômico, Luís Eduardo Benatti, faleceu na tarde desta quinta-feira (13), após sofrer um mal súbito. Segundo informações, Benatti estava no campo do Estádio Farid Jorge Resegue, onde ocorrerá o Bariri Rodeio Show 2024, para tratar de questões administrativas.
No local, ele passou mal e foi prontamente socorrido pelo Corpo de Bombeiros, que o levou ao pronto-socorro da Santa Casa de Bariri. No entanto, seu falecimento foi confirmado ao chegar à unidade de saúde.
Luís Eduardo Benatti assumiu o cargo de diretor de Desenvolvimento pela primeira vez em dezembro de 2022, sendo exonerado em junho de 2023, mas voltou ao posto em novembro do mesmo ano. Engenheiro de produção de formação, Benatti foi sócio-proprietário da Drogaria São Francisco e integrou a Diretoria Executiva da Rede Biodrogas-Bauru entre 2002 e 2006. Também foi presidente da Acib no biênio 2009-2010 e um dos fundadores da Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Bariri (Assobari). Benatti era casado com Helen Zanoni Benatti e deixa três filhos jovens.
A Diretoria de Desenvolvimento também já perdeu seu primeiro diretor, Junior Barbieri, que faleceu em 18 de junho de 2024, aos 37 anos, após complicações da Covid-19. Além de Barbieri e Benatti, o Desenvolvimento também foi comandado por Haghata Pepe, Flávio Coletta e Maria Luiza Rodrigues, todos exonerados.
Comentários (0)
Comentários do Facebook