Câmara de Bariri pede explicações ao prefeito Abelardinho após vereador Edcarlos ser vítima de ameaças proferidas por réus da “Operação Prenunciados”; conversa entre os investigados revela que “Bela” teria conhecimento das intimidações

Câmara de Bariri pede explicações ao prefeito Abelardinho após vereador Edcarlos ser vítima de ameaças proferidas por réus da “Operação Prenunciados”; conversa entre os investigados revela que “Bela” teria conhecimento das intimidações
Câmara de Bariri pede explicações ao prefeito Abelardinho após vereador Edcarlos ser vítima de ameaças proferidas por réus da “Operação Prenunciados”; conversa entre os investigados revela que “Bela” teria conhecimento das intimidações
Câmara de Bariri pede explicações ao prefeito Abelardinho após vereador Edcarlos ser vítima de ameaças proferidas por réus da “Operação Prenunciados”; conversa entre os investigados revela que “Bela” teria conhecimento das intimidações

Os vereadores Airton Pegoraro (MDB), Luis Renato Proti (MDB), Ricardo Prearo (PDT), Benedito Franchini (PTB), Myrella Soares (União Brasil), Edcarlos Santos (PSDB), Julio Cesar Devides (Cidadania), Leandro Gonzalez (Podemos) e Evandro Folieni (PP) endereçaram requerimento ao Prefeito Municipal de Bariri, Abelardo Maurício Martins Simões Filho (MDB), pedindo explicações sobre ameaças proferidas contra o vereador Edcarlos Santos, que seriam de conhecimento do chefe do Executivo. O assunto veio à tona em meio às revelações dos autos do processo da Operação “Prenunciados”, ação do Ministério Público através da Promotoria de Justiça de Bariri, que investiga um esquema de fraude em licitações com base em contratos celebrados entre a Prefeitura Municipal e empresas laranjas. 
Na denúncia apresentada pelos promotores dr. Nelson Aparecido Febraio Junior e dra. Gabriela Silva Gonçalves Salvador, o vereador Edcarlos Santos é citado como uma das vítimas que recebeu ameaças diretas e indiretas dos réus Flávio Muniz Dalla Coletta (ex-diretor de Desenvolvimento), Vagner Mateus Ferreira (vulgo Vaguinho, ex-vereador), e Gabriel de Mello Ferrari (empresário vencedor da licitação de tapa-buracos). Todos os três possuem ligação com o prefeito Abelardinho, que nas mensagens de texto trocadas entre Gabriel e Vaguinho aparece citado com o codinome “Bela”.
“A gente pede informações a respeito de uma suposta ameaça que o vereador sofreu, supostamente de conhecimento do prefeito. Gostaria que ele (Abelardinho) se manifestasse com o amparo desta Casa. Nós somos um poder independente e os vereadores tem o dever e a obrigação de fiscalizar, com amparo legal para isso. A integridade física é o mínimo que se pode esperar de uma pessoa que possa exercer sua função na sua integralidade”, declarou o presidente da Câmara, Airton Pegoraro. 
O vereador Edcarlos passou a sofrer ameaças no segundo semestre do ano passado, quando começou a questionar as licitações alvos da investigação na Câmara Municipal de Bariri. Na sessão ordinária do dia 18 de julho, por exemplo, Gabriel e Vagner compareceram ao plenário para acompanhar o discurso do vereador no momento da “Palavra Livre”. A atitude dos réus foi interpretada como possível manobra de intimidação, uma vez que, na ocasião, Edcarlos falou justamente sobre a licitação de montagem e desmontagens de barracas da feira livre, certame que contratou a MEI Amanda França da Silva, apontada como uma das empresas “laranjas” na Operação Prenunciados.
“Ouvido nesta Promotoria de Justiça, o Vereador Edcarlos confirmou a tentativa de intimidação, porquanto aduziu que na sessão da Câmara Municipal em que faria questionamentos e apontamentos no uso de sua palavra, curiosamente compareceram na sessão os senhores Vagner, seu genitor (conhecidos por atos agressivos – conforme documentos juntados) e Gabriel, os quais se sentaram na primeira fileira e ficaram observando a fala do Vereador. Imediatamente o vereador encerrou suas manifestações, eles deixaram o local, evidenciando sua única finalidade de terem lá comparecido. As investigações revelaram que Vagner recebeu informações privilegiadas e antecipadas de pautas da Câmara Municipal”, destacou o Ministério Público.
Em um trecho da conversa entre réus, Vaguinho afirma: “O Bela queria que eu batesse no cara”. Com isso, o Ministério Público concluiu que os investigados “buscavam intimidações a vereadores que, no exercício de suas funções, estavam cobrando lisura e transparência em procedimentos envolvendo contratações públicas. A esse respeito, identificou-se nas conversas entabuladas entre Vagner e Gabriel indicativos de possíveis planos de agressões e intimidações ao vereador Edcarlos Santos”.
Já em novembro de 2022, Edcarlos relatou ter sido intimidado diretamente por Flávio Colleta, acusado de ameaçar o parlamentar em um evento gratuito ocorrido na Pista Pública de Skate do bairro Domingos Aquilante. A ameaça também seria uma resposta de Flávio às críticas de Edcarlos proferidas no plenário da Câmara Municipal de Bariri.
Na oportunidade, Edcarlos denunciou que Flávio, já exonerado de suas funções na Prefeitura Municipal de Bariri, estaria produzindo conteúdos audiovisuais para o prefeito Abelardinho. 
“Ele está trabalhando de graça? Todo diretor que o prefeito exonera não sai da prefeitura; continua sugando, mamando, recebendo dinheiro de algum lugar. Certamente que boa parte dessas licitações é o que paga esse pessoal. Outro dia fui na Santa Casa e o Flávio Coletta estava fazendo uma filmagem lá. Quem é que vai pagar ele? A Santa Casa? O pobre tem que se humilhar para pagar uma cesta básica, mas o filhinho de papai continua sendo bancado pela prefeitura. Isso é uma vergonha”, disparou Edcarlos na sessão ordinária do dia 07 de novembro de 2022.
Depois disso, no evento ocorrido em 13 de novembro, ocorreu a ameaça de Flávio à Edcarlos. “Por conta de cobranças feita pelo vereador Edcarlos em questões atinentes à Administração Pública, notadamente da presença de Flávio nas suas dependências mesmo após deixar o cargo, no mês de novembro de 2022, Flávio lhe ameaçou com os dizeres: “você não sabe com quem está mexendo, que conhecia o pessoal da quebrada”. A vítima ofertou representação em suas declarações”, explica a promotoria.
Uma semana depois, na sessão do dia 21 de novembro, Edcarlos comentou a intimidação no Legislativo. 
“Fui abordado por dois ex-diretores que citei da outra vez, dizendo que não era para eu falar o nome deles. Um falou que ia me processar e o outro ficou nervosinho. Vou continuar falando os nomes porque eles continuam trabalhando, e eu não sei se estão ganhando ou se estão prestando serviços voluntários. Não é normal uma pessoa que saiu da prefeitura continuar andando na prefeitura. Não é normal o Flávio Coletta fazer as filmagens. Eu quero saber de onde está saindo o dinheiro. Não adianta me abordar porque isso não vai me intimidar”, garantiu Edcarlos.

Leandro Gonzalez sugere CEI para apurar identidade de “Bela”


Na palavra livre da sessão ordinária de quinta-feira passada (23), o vereador Leandro Gonzalez comentou sobre a Operação Prenunciados. Leandro leu alguns trechos reveladores das mensagens trocadas entre os réus, e mostrou indignação.
“Constatou-se que particulares e agentes da prefeitura estavam se reunindo para simular licitações. Isso tudo estava passando aos olhos do prefeito e, até agora, nada foi feito. Diversas denúncias no município e o prefeito acha que o que impera é a impunidade. O ser humano acha que, no fim, não vai acontecer nada; que no Brasil pode fazer de tudo”, disse o nobre.
De forma irônica, Leandro também sugeriu a abertura de Comissão Especial de Inquérito (CEI), com o objetivo de investigar quem seria “Bela”, nome citado inúmeras vezes nas conversas entre Gabriel e Vaguinho.
“Quem seria o Bela? O Bela é o que dá o comando. Estou encanado, queria saber quem é o Bela. Alguém aqui desconfia quem é o Bela? O tal do Bela estava autorizando tudo. Precisaria abrir uma CEI para saber quem é o Bela. A gente vê que há fortes indícios de participação do chefe do poder Executivo; não é possível que ele fechou os olhos e não percebeu nada do que estava acontecendo ao redor dele”, concluiu.