Caso Claudia: Filha, ex-marido, irmã, cunhado da secretária assassinada e mais quatro pessoas são presas; suspeitos desviaram quase R$ 7 milhões da Apae Bauru

Caso Claudia: Filha, ex-marido, irmã, cunhado da secretária assassinada e mais quatro pessoas são presas; suspeitos desviaram quase R$ 7 milhões da Apae Bauru
Caso Claudia: Filha, ex-marido, irmã, cunhado da secretária assassinada e mais quatro pessoas são presas; suspeitos desviaram quase R$ 7 milhões da Apae Bauru

Oito pessoas foram presas pela Polícia Civil de Bauru, por meio do Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold), em operação realizada madrugada de terça-feira (03).  Foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão no inquérito que investiga suspeita de desvios milionários na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
Os detidos são: Letícia da Rocha Prado Lobo (filha de Cláudia); Ellen Siuza Rocha Lobo (irmã de Cláudia); Pérsio de Jesus Prado Júnior (ex-marido de Cláudia e pai de Letícia); Diamantino Passos Campagnucci Júnior (cunhado de Cláudia, casado com Ellen); Renato Golino (ex-coordenador financeiro da Apae); Maria Lúcia Miranda (atual coordenadora financeira administrativa da Apae); Renato Tadeu de Campos (policial militar aposentado que prestava serviços de segurança à Apae); Felipe Figueiredo Simões (empresário).
A Polícia Civil identificou ao menos R$ 6,8 milhões em movimentações suspeitas durante a operação. Desse total, R$ 5 milhões foram atribuídos a operações comandadas pelo ex-presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho, e R$ 1,5 milhão envolve movimentações feitas por Cláudia Lobo. Ainda de acordo com as investigações, Letícia Lobo, filha da ex-secretária, era uma funcionária fantasma que recebia salário sem trabalhar. Já Ellen Lobo, irmã de Cláudia, e seu marido, Diamantino Campagnucci, tinham uma empresa de limpeza que faturou por produtos nunca entregues.
O inquérito foi aberto em paralelo à investigação do desaparecimento e suposto assassinato da secretária executiva da entidade, Cláudia Lobo, em agosto deste ano. A ação desta semana apreendeu também muitas jóias, assim como carros, celulares, computadores e outros eletrônicos, além de documentos que teriam sido obtidos via desvios da Apae. Também foram recolhidas armas.
Para o delegado, as prisões temporárias foram concedidas pela Justiça para que as investigações prossigam. Ele aponta para uma organização criminosa instalada na Apae, inclusive com envolvimento de empresários, com divisão de tarefas.

 

Assassinato

Em coletiva de imprensa realizada no dia 26 de agosto, a polícia confirmou que Cláudia Lobo foi assassinada por Roberto Franceschetti Filho. Porém o corpo da secretária ainda não foi localizado. Cláudia foi morta com um único tiro disparado pelo ex-presidente da Apae dentro do carro da entidade, antes de o veículo ser abandonado na região do bairro Vila Dutra.
Imagens de uma câmera de segurança mostram o presidente saindo do banco de passageiro e assumindo o volante, enquanto Cláudia vai para o banco traseiro. O carro permaneceu estacionado por três minutos, momento em que, segundo a Polícia, Roberto disparou contra Cláudia.
Após o crime, Roberto teria acionado Dilomar Batista, então funcionário do almoxarifado da Apae, a quem ameaçou para que ajudasse no descarte do corpo. Dilomar foi ouvido pela polícia e confessou ter ajudado a queimar o corpo de Cláudia sob ameaça de Roberto.
O funcionário relatou que o corpo foi incinerado em uma área de descarte usada esporadicamente pela Apae e, quatro dias depois, ele retornou ao local para espalhar as cinzas em áreas de mata ao redor. No dia do crime, Dilomar assumiu o veículo que Cláudia dirigia e o abandonou na região da Vila Dutra, de onde ele e Roberto partiram em outro veículo da instituição.
Ainda não há confirmação de que os vestígios de ossos encontrados no local indicado por Dilomar, onde Cláudia foi carbonizada, sejam realmente da funcionária. O material segue em análise no Núcleo de Biologia e Bioquímica da Polícia Científica de São Paulo.
A investigação aponta má gestão, desvio de verbas e disputa de poder na Apae como possíveis motivações para o crime. Os dois suspeitos se tornaram réus e a primeira audiência do caso foi marcada para janeiro do ano que vem.