Justiça acata ação do MP e torna Abelardo, Flávio Coletta, Giuliano Griso, Abílio Giacon e proprietário da Latina réus, por improbidade administrativa

Justiça acata ação do MP e torna Abelardo, Flávio Coletta, Giuliano Griso, Abílio Giacon e proprietário da Latina réus, por improbidade administrativa

Pela primeira vez, desde o início da Operação Prenunciados, o ex-prefeito de Bariri, Abelardo Maurício Martins Simões Filho (MDB), virou réu em uma ação ligada à extensa investigação iniciada em novembro de 2022. Na última sexta-feira (12) a Juíza Priscilla Miwa Kumode, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Comarca de Bariri) acatou a “Ação Civil Pública de Responsabilidade por Ato de Improbidade Administrativa” ajuizada pelo Ministério Público, em face de Abelardinho, Flávio Coletta, Giuliano Griso, Abílio Giacon Neto, Paulo Ricardo Barboza e a empresa Latina Ambiental. Com isso, todos os denunciados se tornaram réus.
A ação assinada pelo promotor Nelson Aparecido Febraio Junior, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), revela detalhes exclusivos sobre a organização criminosa formada na Prefeitura Municipal de Bariri, cujo objetivo principal era fraudar licitações e direcionar contratos públicos, através de pagamentos de propina entre os envolvidos.
“Ante o exposto, recebo a petição inicial (...). Citem-se os requeridos para, no prazo de 30 dias, apresentar contestação”, determinou a magistrada.
Na petição de 109 página (versão resumida), a promotoria expõe que a organização entre os membros da associação criminosa iniciou as tratativas ilícitas em 2020, após a chapa Abelardo-Foloni sagrar-se vencedora nas urnas. Com a vitória eleitoral, a movimentação para a escolha nomes que ocupariam cargos no alto escalão do governo a partir de janeiro de 2021, aconteceu minuciosamente, para selecionar pessoas de confiança do prefeito, que concordariam antecipadamente em executar as fraudes licitatórias.
Neste sentido, os nomes de Flávio Coletta (ex-chefe de Gabinete e ex-diretor de Desenvolvimento) e Giuliano Griso (ex-diretor de Obras) já foram escolhidos em 2020. O empresário Abílio Giacon Neto, citado na ação como “amigo extremamente próximo de Abelardo”, está preso desde setembro de 2023 e cumpre regime no Centro de Detenção Provisória de Bauru (CDP). 
Paulo Ricardo Barboza, proprietário da Latina Ambiental, vencedora da licitação de limpeza pública, também segue preso desde agosto de 2023. Quebra de sigilo telemático dos investigados mostrou que o empresário de Limeira mantinha contato frequente com o ex-prefeito Abelardinho, seja por telefone ou através de reuniões presenciais. Ambos se tratavam como “irmãos”. O fato contradiz declarações públicas do próprio Abelardo, que afirmou, por diversas vezes, que “não conhecia” Barboza. 
Além da licitação de limpeza pública, a Latina Ambiental pretendia anexar outro certame em Bariri: o de varrição de rua. Este processo também já estava direcionado para beneficiar a Latina, mas acabou adiado na época, já que imprensa, Câmara Municipal, Tribunal de Contas e o próprio Ministério Público já estavam chamando a atenção para irregularidades no contrato da empresa de Paulo Ricardo Barboza com o Executivo baririense.
Cassado em novembro de 2023 por unanimidade dos vereadores, Abelardinho perdeu o chamado “foro por prerrogativa de função”, uma espécie de foro privilegiado. Com isso, o Judiciário local passou a ter prerrogativa para tomar decisões sobre a situação jurídica do ex-prefeito. 
Na ação de improbidade, Abelardinho é definido como “peça fundamental no esquema criminoso, sendo o principal articulador e avalista das fraudes em licitações e dos desvios de dinheiro público que assolaram a cidade de Bariri”. Utilizando seu poder e status como Chefe do Executivo, Abelardinho, viabilizava a nomeação de pessoas para cargos e funções de confiança. “Ciente das fraudes, foi quem praticou atos decisórios nos procedimentos licitatórios e nos contratos (...). Ainda, era destinatário final de parcela de propinas pagas mensalmente”. 
O ex-prefeito foi notificado pelo Ministério Público para depor, mas usou seu direito constitucional de permanecer em silêncio, conforme manifestação de sua defesa anexada no processo.