ENTREVISTA DA SEMANA: Dra. Cris Mogioni, Presidente da OAB Bariri, fala sobre carreira, o papel da mulher na advocacia e outros temas

Noticiante: Comente sobre sua história na advocacia. Quando surgiu o interesse de se tornar advogada? 

Dra. Cris: Minha história para me tornar advogada contou com muitas renúncias, adversidades, mas também com muito empenho, dedicação e superação. Ingressei na faculdade com 30 anos, deixando em casa meus dois filhos pequenos; viajava de ônibus de Bariri para São Carlos todos os dias. Me lembro que no último ano da faculdade, em razão de sermos em poucos alunos, tivemos que fazer o deslocamento até São Carlos com nosso próprio carro. Não foi um período fácil, mas venci, e me formei em Direito. Depois de ser aprovada no exame da Ordem, realizei minha inscrição na Assistência Judiciária de Bariri, oportunidade em que pude conhecer os colegas tão queridos que tenho hoje. De lá para cá, a advocacia me abriu muitas portas, e tive a certeza que escolhi uma profissão que, às vezes, pode ser bastante dura, mas também muito gratificante.

Noticiantes: Como está sendo a experiência de presidir a OAB Bariri? Qual é o maior desafio da função?

Dra. Cris: Estou à frente da Ordem como presidente da Subseção de Bariri há apenas 06 meses, mas já posso afirmar que a experiência é desafiadora. Temos muito trabalho pela frente. Tivemos mudança na gestão da Seccional de São Paulo, então todos os ponteiros precisam ser ajustados para que a gestão possa ser exercida com maior efetividade. Todos os meses me reúno com colegas presidentes de outras Subseções da nossa região, que chamamos de Colégio de Presidentes, e debatemos, estudamos, apresentamos e nos unimos para buscarmos melhorias para a advocacia.

Noticiantes: Quais são as prioridades de sua gestão?

Dra. Cris: Em nossa gestão, temos como prioridade a luta pela valorização da advocacia; a garantia das prerrogativas institucionais; a criação de programas de apoio a jovem advocacia com a realização de cursos de capacitação, palestras e eventos; programas de apoio aos advogados mais experientes com relação a era digital e processos eletrônicos; e valorização da mulher advogada, com incentivo e formação de lideranças femininas, dentre outras.

Noticiantes: Qual é a importância da OAB para a advocacia?

Dra. Cris: A Ordem representa os advogados enquanto classe profissional, tendo, portanto, a função de realizar os exames para ingresso na carreira, fiscalizar, orientar sobre o exercício da profissão e, principalmente, zelar pela garantia de inviolabilidade do advogado no exercício profissional, e a indispensabilidade do advogado para postulação perante o Poder Judiciário. Também exerce papel fundamental para além da advocacia, atuando em prol da defesa da Constituição, da Cidadania e dos Direitos Fundamentais e da sociedade civil.

Noticiantes: Como funciona o trabalho das comissões internas da OAB Bariri? Quantas comissões existem? 

Dra. Cris: Hoje contamos com 16 comissões temáticas em nossa Subseção. As comissões são órgãos de assessoramento da diretoria, cuja finalidade é auxiliar no desenvolvimento das ações da OAB. Entendo que as comissões são ferramentas muito importantes para que os advogados e a sociedade possam participar efetivamente de projetos e ações. Dentre as mais diversas comissões a título exemplificativo, destaco o trabalho da Comissão da Mulher, que vem desempenhando projeto de assistência jurídica às mulheres em situação de vulnerabilidade, com atendimentos na Casa da Mulher, em parceria com o município.

Noticiantes: Como você enxerga o papel da mulher na advocacia? As advogadas costumam sofrer algum tipo de resistência simplesmente por serem mulheres?

Dra. Cris: Historicamente, como várias outras, em virtude dos padrões opressivos que dificultavam o acesso das mulheres à educação, a advocacia foi tida como uma profissão predominantemente masculina. Mas, felizmente, nós mulheres estamos mudando os rumos da história, demonstrando força e superação e ocupando espaços jamais imaginados. Infelizmente, ainda somos estigmatizadas pelo fato de sermos mulheres, e tratadas com desrespeito sim, por simplesmente sermos mulheres. Assim, acredito que na advocacia, as mulheres possuem uma maior força e determinação para lutar pelos direitos femininos e paridade de gêneros. É preciso união para que jamais nossas vozes sejam caladas.

Noticiantes: Fale sobre a nota de repúdio emitida por conta das agressões sofridas pela procuradora de Registro. 

Dra. Cris: A nossa Subseção repudia veementemente toda e qualquer forma de agressão. No caso da procuradora de Registro, nos solidarizamos com a procuradora e emitimos a nota em forma de solidariedade e cobrança por respeito, justiça e políticas públicas que visem coibir atos como este. Estamos unidos com todas as Subseções do Estado pleiteando por respeito e melhores condições de trabalho às mulheres.

Noticiantes: Como funciona a assistência jurídica gratuita para pessoas que não têm condições de contratar advogados de forma particular? 

Dra. Cris: Nas Comarcas que não possuem Defensoria Pública, a OAB possui convênio com a Defensoria do Estado, chamado de assistência judiciária, garantindo que as pessoas que não possuem condições financeiras de arcarem com os custos de processo judicial possam ser atendidas e assistidas por advogado. Na Casa da Advocacia é realizada uma triagem para avaliar se a pessoa preenche os requisitos de hipossuficiência e avaliação do caso concreto por um advogado plantonista. Tendo direito ao atendimento gratuito é nomeado um advogado conveniado que prestará toda a assistência jurídica necessária. 

Noticiantes: O Noticiantes agrade sua participação e deixa o espaço aberto para suas considerações finais.

Dra. Cris: Eu que agradeço a oportunidade, e me coloco à disposição de todos os colegas advogados e advogadas, e de toda a sociedade, me comprometendo a realizar tudo o que estiver ao meu alcance para realizar uma gestão profícua.