Dengue: Vereadores sugerem abertura de CEI, denúncia ao Ministério Público e acusam governo Fernando Foloni de omissão na primeira sessão do ano

Dengue: Vereadores sugerem abertura de CEI, denúncia ao Ministério Público e acusam governo Fernando Foloni de omissão na primeira sessão do ano

A epidemia de dengue que atinge o município de Bariri foi o assunto central da primeira sessão ordinária do ano. Vereadores teceram críticas duras ao prefeito Fernando Foloni (MDB) e diretores do alto escalão do governo, como Irene Chagas (Saúde) e Paulo Egídio Grigoloin (Infraestrutura) indicando inércia e falta de comunicação da equipe de confiança, perante ao cenário de emergência em saúde pública. 
Até o fechamento desta edição, Bariri contabiliza 1047 casos confirmados da doença e 03 mortes suspeitas. 
O presidente da Casa de Leis, Airton Pegoraro (MDB), abriu a Palavra Livre comentando sobre sua atuação nos bastidores para que o atendimento de pacientes suspeitos e positivados da dengue fosse centralizado.
“Infelizmente, a inércia não mudou com a troca do prefeito. Nos últimos 15 dias, eu falei mais com o Fernando (Foloni), com a Diretora de Saúde do que com meus filhos. Estou cobrando um ambulatório de dengue faz muito tempo. Foi passando de uma semana para outra, de um dia para o outro e nada. Infelizmente, parece que algumas atitudes, apesar de poucas, foram tomadas só depois da morte da Dani. Não houve movimentação para resolver esse problema. Parece que as pessoas que cercam o prefeito não têm comprometimento com o município”, iniciou Airton.
Depois de questionar Irene Chagas do porquê a prefeitura não iria disponibilizar uma unidade exclusiva para tratamento de dengue, Pegoraro disse ter recebido a informação, da própria diretora de saúde, de que isso não seria possível já que a prefeitura não havia contrato médicos que pudessem atender a população nesta unidade centralizada.
“Eu liguei para Marina Prearo (interventora da Santa Casa) e pedi para dois plantonistas de 12 horas como os que atendem na Santa Casa, exclusivamente para atender no ambulatório de dengue. Ela conseguiu e foi resolvido o problema. É brincadeira, a dificuldade que um setor, uma diretoria tem em não falar com outra”, explanou o presidente.
Evandro Folieni (PP) relatou sua própria experiência com o diagnóstico de dengue. Ele questionou os números apresentados pelo Poder Público, sugerindo que existe omissão de dados reais da epidemia no município.
“Está havendo uma mentira total em Bariri Eu peguei dengue no dia 03 de dezembro; eu perdi seis quilos. Fui pra Santa Casa, com um sol de quarenta graus, de cobertor e meia no pé. Tinha 40 pessoas numa salinha dividida para tomar soro. Final de sama saiu no jornal que só haviam 40 casos. Eu surtei. Liguei para a Irene, para o prefeito e falei: ‘cadê o fumacê?’ Parem de mentir. Deem dados corretos, pois a população, o povo de Bariri, não merece mentiras”, disparou.
Edcarlos Santos também comentou sobre a superlotação e fata de capacidade do pronto-socorro da Santa Casa de Bariri. O vereador é acionado cerca de 10 vezes por dia por pacientes do PS, que externam ao nobre suas reclamações e reivindicação do atendimento.
“Eu vou todo dia na Santa Casa e vejo pessoas fazendo triagem no corredor. Você a leniência: mesmo tendo um decreto de emergência, que é justamente para que você dispense licitação, contrata médico, pessoas e, mesmo assim, não acontece. O Fernando (Foloni) parece que nem sabe o que é isso. As pessoas que querem se colocar no comando de uma cidade tem que ter o mínimo de conhecimento em administração pública. Nós estamos apanhando; quem paga é o povo. Agora, a Santa Casa está entupida de gente; eu recebi duas ligações de pacientes durante a sessão”, disse o nobre.
Leandro Gonzalez associou a falta de limpeza pública na cidade de Bariri como efeito catalisador da licitação direcionada da empresa Latina Ambiental. Após investigação que provou o direcionamento do certame e revelou o esquema corrupto da gestão Abelardinho com o proprietário da Latina, a licitação foi suspensa em agosto. 
Uma nova empresa de limpeza, para substituir a Latina, só foi contratada, de maneira emergencial, em novembro: ou seja, Bariri ficou mais de três meses sem os serviços terceirizados de limpeza pública, favorecendo o surgimento de criadouros de dengue. 
“Não podemos esquecer que a cidade está nesse abandono por causa da corrupção que praticada em Bariri, por essa administração que assumiu lá em 2021. Segundo o Ministério Público e segundo o que foi apurado pela Justiça, a cadeira do ex-prefeito nem tinha nem esquentado e o pessoal já estava assaltando a cidade. A gente olha as praças de Bariri, e é só mato; só lixo. Não adianta nada cobrar da população se a prefeitura não faz nenhum dever de casa”, concluiu o parlamentar.
Myrella Soares (União Brasil) condenou declarações recentes do prefeito Fernando Foloni e seus diretores, em relação à postura de culpar a população baririense pela epidemia.
“Diante de tudo que foi falado na noite de hoje, me vem uma frase que eu ouvi da boca, da Diretora de Saúde e que, às vezes, as pessoas acabam comprando, é a questão de culpabilizar o povo; culpabilizar a população. Ela chegou a chamar as pessoas de ‘gente porca’ por conta dos seus quintais. Eles tentam, a todo custo, culpabilizar, a população. Tentam eximir de si mesmos as suas responsabilidades. Querem inverter a ordem dos fatos e deixar de fazer uma coisa que é obrigação do poder público. Se a população tivesse condição de se auto organizar e ser autossuficiente, não teria necessidade de existirem os Três Poderes”, avaliou a vereadora.

 

Myrella fala em prevaricação e afastamento de Irene Chagas da Saúde

Ainda na sessão, Myrella Soares fez um requerimento pedindo explicações ao Executivo sobre a questão da dengue, além de sugerir abertura de Comissão Especial de Inquérito (CEI). Ela fez fortes críticas à atuação de Irene Chagas frente à Saúde Municipal.
Em entrevista ao Bariry 360° nesta quinta-feira (08), a nobre disse ter concluído que uma CEI, por conta do prazo longo, não seria viável neste momento, que pede soluções rápidas. Myrella afirma que pretende levar uma representação diretamente ao Ministério Público, pedindo, inclusive o afastamento de Irene Chagas da Saúde. 
“Existe um grande despreparo e uma grande omissão por parte da diretora. Ela (Irene) sabia desde outubro e se calou. Se não tivesse acontecido a morte da Daniele, talvez nem tivesse repercutido tanto a questão da dengue como repercutiu. É uma irresponsabilidade do tamanho do mundo. Se ela não tem conhecimento de que a dengue é uma doença que mata, não tem o porquê de ela estar à frente da Saúde. Ela está prevaricando. Eu, pessoalmente faço questão de assinar essa representação ao MP e solicitar, inclusive, o afastamento da diretora. A Irene se esquiva de tudo; nunca a culpa é dela.  É um perfil bastante perigoso para estar à frente da Saúde. Eu não vou deixar a morte da Dani passar em branco”, prometeu a vereadora