Mayara Magri
Mais uma vez sucumbi ao velho vício de ler o jornal antes de dormir. Cansado, resolvi apenas passar os olhos pelas manchetes. Uma delas chamou minha atenção: “Brasileira brilha no balé internacional”. Feliz e ao mesmo tempo curioso, pois cidade do interior e brasileiro no exterior só aparecem na imprensa quando acontece algo ruim ou inusitado, comecei a leitura da reportagem e parei nas duas primeiras palavras: Mayara Magri.
Uma rápida resenha da vida da famosa atriz passou pela minha cabeça. Quando eu vi a Mayara pela última vez, ela estava pelada. Não só ela, mas outros 11 artistas - seis mulheres e seis homens estavam totalmente nus no palco do Cine Teatro Anchieta, em Pederneiras. Era a apresentação de “Oh! Calcutá”, aquela peça que deu muito o que falar e fez algumas pessoas acreditarem que era uma biografia da Madre Teresa de Calcutá. Quando se abrem as cortinas, a plateia fica chocada com tanta nudez. Para compensar, o espetáculo termina com todo mundo vestido - inclusive os artistas. Além de trabalhar no teatro, Mayara também fez várias novelas na TV. Desde “Oh! Calcutá”, eu não tinha mais ouvido falar dela. Concluo, precipitadamente, que ela abandonou a carreira de atriz para se dedicar ao balé.
Depois de tantas divagações, retomo a leitura da reportagem e logo encontro um alerta: “Não se trata da atriz Mayara Magri, mas de sua homônima! “Fiquei estupefato: são duas Mayaras, uma dedicada às artes cênicas e outra à dança. O jornal dedicou uma página inteira para falar desta. Faço um resumo do que foi contado. Mayara, a bailarina, nasceu no Rio de Janeiro, em 26 de abril de 1994, filha de um taxista e de uma dona de casa. Em 2002, aos oito anos, deu os primeiros passos no balé, numa escola particular chamada Petite Dance, na Tijuca (bairro da zona norte do Rio), graças a uma bolsa de estudos integral obtida através de um projeto social. Foi o início de uma carreira brilhante. Em 2010, exibiu-se, com grande perfeição, no Prix de Lausanne, competição para jovens bailarinos realizada anualmente na Suíça. No ano seguinte (2011), ela deu um passo tão perfeito quanto importante para consolidar a sua carreira: conquistou, brilhantemente, os prêmios de melhor bailarina nos três mais importantes festivais de balé do mundo – o Festival Internacional de Dança, de Joinville, o Prix de Lausanne e o Youth America Grand Prix, em Nova York. Como vencedora em Lausanne, Mayara ganhou uma bolsa de estudos na Royal Ballet School, em Londres. Ao concluir os estudos, foi convidada a integrar a companhia de balé da realeza britânica – só 2 a cada cem alunos, em média, são convidados a fazer essa transição.
A partir daí, sua carreira teve ascensão meteórica: em 2015 se tornou profissional, em 2016 foi primeira solista do Royal Ballet e em 2021 se tornou primeira bailarina. Assim, passou a integrar o seleto time de 16 bailarinos que só interpretam os papéis principais nas produções do Royal Ballet. Devido à pandemia de Covid-19, só estreou em janeiro deste ano, no papel da Fada Açucarada em "O Quebra-Nozes”, de Tchaikovski; depois, foi Julieta em "Romeu e Julieta", de Sergei Prokofiev, e desde março interpreta Odile/Odete em "O Lago dos Cisnes", também de Tchaikovski. Entre as personalidades que já aplaudiram Mayara estão a ex-primeira-ministra britânica Thereza May e o cantor Justin Bieber.
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